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Pesquisadores da UFJF divulgam relatório sobre efeitos da lama no Rio Doce

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(Foto: Reprodução/Relatório Expedição Rio Doce)
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Pesquisadores da UFJF e da UFMG publicaram o relatório “A Tragédia do Rio Doce – a Lama, o Povo e a Água”, fruto de uma expedição realizada em 11 cidades afetadas pela lama despejada no Rio Doce após o rompimento da barragem de resíduos de minério da empresa Samarco, em Mariana. O desastre completa três meses nesta sexta-feira (5).

Após analisar e registrar a situação da bacia, os pesquisadores não são otimistas. Segundo eles, houve um aumento drástico no volume de sedimentos depositados no leito e nas margens. Eles afirmam não existir soluções efetivas a curto prazo e que a recomposição da vegetação às margens só ocorrerá depois que todo o sedimento for mobilizado, “o que não vai ocorrer pelos próximos cinco anos”, afirma o professor do Departamento de Geociências da UFJF e integrante da expedição, Miguel Fernandes Felippe.

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Em novembro, a equipe de pesquisadores percorreu mais de 500 quilômetros, saindo de Belo Horizonte com destino a Regência (ES), onde o Rio Doce deságua no Atlântico. O objetivo do estudo foi colaborar para a compreensão dos danos ambientais e do impacto da tragédia na população ribeirinha.

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Foi realizado um levantamento sobre a percepção de moradores acerca do desastre nas localidades visitadas, identificadas as alterações fluviais decorrentes do aporte de sedimentos da barragem e coletadas amostras de água e sedimentos para análises laboratoriais. A conclusão das análises de água e sedimento será divulgada posteriormente, na segunda parte do relatório.

“De modo cruel”

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O relatório da expedição mostra também como as autoridades governamentais e a Samarco agiram para conter os danos do desastre. O levantamento do grupo sobre a ação da mineradora afirma que a Samarco age de modo “cruel”, alocando recursos para conter os danos ambientais e auxiliando a população apenas em pontos de “maior visibilidade”. Em relação à ação dos governos municipais, descreve que varia de local para local, mas aponta para uma “certa inércia, posicionando-se ao lado da mineradora na questão do desastre”, conforme adverte Felippe.

O trabalho dos pesquisadores também traz fotos e depoimentos marcantes. “Algumas pessoas, ao ver os grandes peixes que desciam o rio mortos ou agonizando, apanharam-nos para comer. Um dos entrevistados disse que pessoas que se alimentaram de peixes mortos passaram mal e foram para o hospital”, relata o pesquisador.

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No dia 5 de novembro de 2015, um dos diques da Barragem do Fundão se rompeu, lançando cerca de 60 milhões de metros cúbicos de lama no Rio Doce. A barragem era destinada à contenção dos rejeitos da extração de minério de ferro, realizada na região pela mineradora Samarco, controlada pela brasileira Vale e pela anglo-australiana BHP Billiton.

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