Propriedades rurais do Bairro Igrejinha, na Zona Norte, têm sofrido com a falta de energia elétrica desde o último dia 21 de dezembro. Sem condições de refrigerar a produção, os produtores têm contabilizado prejuízos. Além de descartarem milhares de litros de leite, a alimentação dos animais também está comprometida. A situação é agravada pela condição das estradas de acesso à região. Por conta dos vários buracos, os caminhões dos laticínios que compram leite e derivados das propriedades são enviados com menor frequência à localidade.
Osni Pessamilio é um dos produtores afetados. Ele conta que entre o dia 21 e 22 de dezembro a região ficou sem fornecimento de energia elétrica por 30 horas seguidas. Após o Natal, foram mais 26 horas sem luz e, durante o Ano Novo, a interrupção durou 16 horas. A circunstância o levou a dispensar cerca de dois mil litros de leite no período. “É um transtorno danado. Perdi mais de dois mil litros de leite porque sem o resfriador e sem a energia não tem como, o leite estraga.” A ordenha mecânica das vacas também ficou comprometida, prejudicando a saúde dos animais. “As vacas são acostumadas a serem ordenhadas com equipamentos, algumas não aceitam a ordenha manual. Com isso, o acúmulo do leite no úbere pode causar inflamação, infecção ou mamite”, explicou. No período, Pessamilio também deixou de produzir e comercializar queijos, já que não teve nem matéria-prima, nem como refrigerar os derivados.
A propriedade do produtor de leite Pedro Manso também é uma das afetadas pelas recentes interrupções de energia. No local, já são três dias consecutivos sem luz. Parte da sua produção de leite foi perdida. Ele afirma que procurou a Cemig e que já registrou mais de 150 contatos com a companhia – entre protocolos de atendimento telefônico e por aplicativo -, mas não obteve retorno.
Procurada pela Tribuna, a Cemig informou, nesta sexta (4), que tentou, neste final de ano e por quatro vezes, restabelecer o fornecimento de energia elétrica na região. Contudo, a equipe teve dificuldades de acesso ao local, devido às condições das estradas. A assessoria da concessionária afirmou que os funcionários fariam nova tentativa, nesta sexta-feira (4), o que de fato aconteceu. Conforme o produtor Pedro, o fornecimento foi restabelecido por volta das 16h20.
Condição das estradas da região agrava a situação
Outra adversidade é a condição das estradas que dão acesso às propriedades rurais. Segundo Pedro Manso, a ausência de manutenção, há pelo menos um ano, pelo poder público, tem feito com que as estradas, predominantemente de terra, ganhem mais buracos, que ficam ainda maiores e mais perigosos em períodos de chuva, como o atual.
“Choveu, o prejuízo é direto. Os caminhões grandes e pesados não conseguem passar para vir buscar o leite e os produtos. Além disso, fica difícil conseguir ração para os animais. Em dez dias, nós perdemos algo entre 600 e 800 litros de leite porque não conseguimos escoar a produção”, contabilizou. A propriedade dele produz, aproximadamente, 150 litros de leite por dia e possui rebanho com 60 animais.
Além das perdas econômicas, Pedro relata que há casos de crianças que não conseguem ir à escola porque a van escolar fica sem acesso. “A van não consegue chegar, porque em dias de chuva, atola. Antes do atual período de férias, algumas crianças ficaram dias sem ir às aulas devido à situação”.
Procurada pela Tribuna, a Secretaria de Obras (PJF) informou, em nota, que recebeu, nesta sexta (4), uma ligação de morador de Igrejinha relatando sobre a queda de uma barreira na Estrada do Caracol. “Não recebemos nenhuma reclamação ou solicitação de serviço para a estrada ao final da Rua Da Estação. Uma equipe vai vistoriar as duas estradas para programar o serviço na semana que vem” cita a nota.
Sobre não receber manutenção há um ano, o texto afirma que “a informação não procede, pois em 2018 o Bairro Igrejinha recebeu diversas intervenções, não só de manutenção de estradas, como para melhorar a vazão do córrego”.