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Deslizamento de barranco em obra mata dois operários e fere quatro

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O deslizamento de um barranco nos fundos de uma obra deixou dois operários mortos e outros quatro feridos na manhã desta terça-feira em Juiz de Fora. A tragédia aconteceu na Rua Tietê 230, no Bairro São Mateus, Zona Sul, pouco antes das 8h, uma hora depois de cerca de 20 trabalhadores chegarem ao canteiro de obras. Conforme os funcionários, os seis operários atingidos trabalhavam nos fundos do terreno, onde era erguido um prédio de nove pavimentos. O grupo fazia um muro de arrimo quando a terra veio abaixo. Joel Hemenergildo, 39 anos, e José Soares Ferraz, 48, foram retirados dos escombros já sem vida. Os corpos foram encaminhados ao Instituto Médico Legal (IML), de onde foram liberados no final da tarde. O de Joel foi encaminhado à cidade de Visconde do Rio Branco, onde será sepultado. Já o corpo de José Ferraz será sepultado no Cemitério Municipal.
Três sobreviventes foram levados para o Hospital de Pronto Socorro (HPS) e um para o Hospital e Maternidade Therezinha de Jesus (HMTJ). De acordo com informações da Secretaria de Saúde, dos feridos encaminhados ao HPS, um aguardava avaliação para cirurgia de tórax na tarde desta terça, outro permanecia na sala de urgência, lúcido e orientado, aguardando resultado de exame, e o terceiro teve alta após passar por atendimento. O homem de 53 anos levado para a maternidade apresentava fratura na tíbia e foi submetido a uma cirurgia, permanecendo internado.

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De acordo com informações do Corpo de Bombeiros, o barranco de aproximadamente seis metros cedeu, e a terra atingiu os trabalhadores. A tenente Priscila Adonay informou que a corporação foi acionada, a princípio, para atender um soterramento com duas vítimas. “Quando chegamos ao local, havia um homem quase completamente soterrado, com terra até os ombros, que foi retirado com vida, e um outro que já havia sido retirado e que queixava de fortes dores. Havia uma terceira vítima que já estava do lado de fora da obra e não corria perigo. Outro operário procurou atendimento médico por meios próprios. Além dessas, outras duas pessoas estavam desaparecidas, que infelizmente vieram a óbito por terem ficado muito tempo soterradas.”

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Tenente Priscila Adonay disse que a principal dificuldade na hora de fazer a retirada das vítimas foi a estabilização do terreno

A tenente informou ainda que a principal dificuldade na hora de fazer a retirada das vítimas foi a estabilização do terreno, uma vez que as fissuras já estavam em processo de abertura e foi necessário realizar uma ancoragem de emergência para evitar novos soterramentos. Samu e Resgate foram empenhados. Os feridos receberam os primeiros socorros nos veículos e só depois de estabilizados é que foram levados para os hospitais. No total, 20 bombeiros militares atuaram na ocorrência e cinco viaturas foram utilizadas. A operação durou cerca de uma hora e 30 minutos.

Comoção entre os colegas

Enquanto os militares faziam buscas, o clima era de muita comoção entre os trabalhadores sobreviventes. A maioria deles chorava e parecia não acreditar no que havia acontecido. “Foi tudo muito rápido. Nós escutamos um estalo e vimos a terra cobrindo a parte dos fundos. Na hora só pensei em ajudar os colegas que estavam lá. Conseguimos retirar três, mas os outros dois estavam totalmente cobertos por terra, foi desesperador. Podia ser qualquer um de nós”, declarou um operário que preferiu não ter seu nome divulgado.

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Outro trabalhador acredita que os colegas não tiveram chance para sobreviver. “Desceu muita terra, e eles ficaram totalmente cobertos. Não sei como vamos voltar aqui para trabalhar, vai ser difícil reviver tudo isso”, lamentou.

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Obra estava com alvará de licenciamento em dia

Técnicos da Defesa Civil avaliaram os imóveis no entorno e orientaram os moradores sobre a contenção da encosta. O subsecretário de Defesa Civil, coronel Sérgio Ricardo de Oliveira, informou que a residência vizinha foi evacuada por precaução. No final da tarde, a família pôde voltar para a residência após a constatação de que não havia risco em nenhuma construção do entorno. “A empresa responsável pela obra será notificada pela Prefeitura para eliminar completamente os riscos e também foi orientada para que os trabalhos não sejam continuados. Toda a obra está sendo acompanhada pelo responsável técnico, que já estava no local e vem acompanhando os trabalhos. Nos dois lados do terreno já foram feitas as contenções e faltava onde ocorreu o desabamento”, esclareceu o coronel.

De acordo com a Secretaria de Atividades Urbanas (SAU), o projeto de construção foi aprovado no dia 2 de maio deste ano, e a obra estava com o alvará de licenciamento em dia. Os responsáveis pela construção não quiseram dar entrevista.

Policiais militares e agentes da Settra também foram acionados para auxiliar nos trabalhos. A Rua Tietê foi fechada totalmente a partir do entroncamento com a Rua Antônio Passarela. O trânsito ficou fechado por cerca de três horas, até que todos os trabalhos fossem encerrados e os corpos liberados para serem levados para o Instituto Médico Legal (IML). O prefeito Bruno Siqueira (PMDB) também acompanhou parte do resgate das vítimas, mas não se pronunciou sobre o ocorrido.

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Chuvas
A Defesa Civil registrou, de segunda para terça-feira, 13 ocorrências de destelhamentos provenientes dos ventos e uma pontual de alagamento, causada por conta de bueiros entupidos. “Já sabíamos que a chuva seria forte, mas o vento foi o que nos surpreendeu”, destacou o subsecretário Sérgio Ricardo.

* colaboraram Rafaela Carvalho e Eduardo Valente

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