Moradora do Bairro Santa Cruz, na Zona Norte, a adolescente Adelidiana de Almeida Silva, de 16 anos, morreu depois de ser atropelada, na manhã desta terça-feira (3), na Avenida Rio Branco, no Centro, em frente à Praça do Riachuelo. Ela tinha saído de casa mais cedo para buscar uma documentação para um irmão que faz tratamento para transtorno mentais e, em seguida, iria se encontrar com sua mãe. Todavia, a jovem foi atingida por ônibus da linha 218 (Graminha), quando teria, de forma repentina, tentado atravessar a pista. O coletivo seguia sentido Centro/Manoel Honório.
De acordo com o boletim de ocorrência, uma testemunha, que estava no interior do veículo, teria contado que acionou o sinal sonoro para descer no ponto de embarque e desembarque de passageiros, existente próximo à praça, e que observou a pedestre parada, no asfalto, entre o passeio do ponto de ônibus e o canteiro central e que, repentinamente, ela acessou a pista de rolamento destinada aos ônibus. Conforme a testemunha, o condutor, ao perceber a presença da jovem, tentou desviar para evitar o atropelamento. Contudo, não foi possível.
“O coletivo iria parar no ponto um pouco mais à frente. O condutor ainda tentou desviar, mas ela acabou sendo atropelada e arrastada pelo ônibus”, disse o sargento da Polícia Militar, Indiomar Lucas, que trabalhava na ocorrência. A adolescente foi arrastada por alguns metros. Seu corpo foi removido para o Instituto Médico Legal (IML), e o sepultamento foi realizado, na tarde desta terça, no Cemitério Municipal.
O condutor do coletivo, de 31 anos, se sentiu mal e precisou ser socorrido pelo Samu. Ele foi levado para a Regional Leste em estado de choque. Como relatado no documento policial, o motorista foi diagnosticado com “choque profundo, com impossibilidade de andar e falar”, permanecendo em observação.
De acordo com o sargento Indiomar, a princípio, a menina não havia sido identificada, já que não tinha documentos em sua bolsa. Porém, cerca de 30 minutos após a morte, sua mãe, 45, que também estava no Centro, soube do fato e confirmou que a vítima era sua filha, depois de ver uma foto na qual a bolsa da Adelidiana, que estava junto a seu corpo, aparecia. A mulher também passou mal e foi encaminhada para o Hospital de Pronto Socorro (HPS). Segundo o boletim de ocorrência, ela permaneceu em atendimento médico psiquiátrico devido ao estado de choque que se encontrava.
Em razão do atropelamento, a Avenida Rio Branco ficou fechada, o fez o trânsito ficar complicado em outras partes da região central. A ocorrência chamou a atenção de muitos curiosos que se arriscavam entre os veículos que circulavam nas redondezas. O atropelamento da adolescente será apurado pela Polícia Civil. A Ansal, empresa responsável pela linha do coletivo, lamentou “profundamente esta fatalidade” e afirmou que está prestando toda a assistência aos envolvidos. “Iremos apurar com maior nível de detalhes as causas do acidente, para melhor conhecimento sobre o mesmo”, destacou a empresa por meio de nota.
JF registra 7 atropelamentos com óbito este ano
Reportagem publicada pela Tribuna, no último mês, mostrou que a Polícia Militar (PM) registra, em média, um atropelamento por dia na cidade. Entre janeiro e junho deste ano, foram 163 ocorrências atendidas. A estatística também mostrava que o vítimas fatais, até junho, era de sete pessoas. também se mantém próximo, com oito óbitos por atropelamentos ano passado e sete este ano. A morte da adolescente Adelidiana de Almeida Silva, na manhã desta terça (3), assim como o atropelamento que tirou a vida de um idoso, de 77, também também na região central, porém, na Avenida Getúlio Vargas, no mês de junho, ampliam os números desta triste situação. Para a PM, atenção, cuidado e prudência são essenciais para garantir a segurança no trânsito e evitar acidentes, tanto por parte dos motoristas quanto dos pedestres. Muitas das ocorrências de atropelamento em Juiz de Fora se relacionam com esses fatores, entretanto, alguns grupos estão mais sujeitos a esse tipo de acidente, como no caso dos idosos. Entretanto, a falta de atenção, porém, atinge outras faixas etárias. Os aparelhos celulares, cada vez mais presentes no dia a dia, acabam causando distração entre os pedestres, como aponta a PM.
Em julho, quando a reportagem foi publicada, a então a assessora organizacional da 4ª Região da PM, tenente Sandra Jabour, apontou medidas de segurança pedestres e motoristas. O primeiro grupo, por exemplo, deve sempre se certificar de que está sendo visto. “Na hora que for atravessar, observe se os motoristas estão vendo de fato. Na hora que o sinal estiver vermelho, o pedestre tem que se certificar que o motorista do veículo vai parar, para ele de fato atravessar”, explicou. “Nem sempre o sinal fechado significa segurança total”, alertou. Outro conselho da PM é atravessar a rua sempre em faixas de pedestres. “Em tese, os motoristas vão respeitar um pouco mais. Infelizmente, nós conseguimos observar que na Getúlio Vargas, principalmente, tem muitos pontos de ônibus, e a pessoa, no desespero para pegar o ônibus, acaba atravessando de qualquer jeito e fica completamente alheia ou desatenta à movimentação no trânsito. O ônibus está no ponto, já vai sair, então atravessa em qualquer lugar, aí vem outro veículo e acaba vitimando essa pessoa que atravessou em local que não deveria atravessar”, ressaltou a militar.
Vítimas
De acordo com o Relatório Anual do Seguro DPVAT, dos 5.748 pagamentos de indenizações por acidentes com transporte coletivo no Brasil, 2.871 foram para pessoas que se deslocavam a pé. Ou seja, quase 50% dos acidentes envolvendo ônibus tiveram pedestres como vítimas.