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Operadores de turismo relatam dificuldades com receptividade em JF

morro do cristo leonardo costa
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A atividade turística em Minas Gerais teve um crescimento importante no último ano. De acordo com dados do relatório mais recente do Observatório do Turismo de Minas Gerais, que integra a Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult) e reúne informações divulgadas pelos Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e outros órgãos, o estado obteve a maior variação nos índices no setor em abril deste ano: variação do volume em 10,1% em relação ao mesmo mês em 2022. A taxa do país no mesmo período foi de 1,4%; ou seja, Minas tem crescimento superior a 720% em comparação à média nacional. No caso de Juiz de Fora, que atrai visitantes para o comércio e para seus marcos históricos, as condições oferecidas aos operadores da área – em especial no que se refere aos ônibus – preocupam e, segundo a categoria, trazem prejuízo para esses profissionais. Os relatos de falta de sinalização e de locais para parada de veículos turísticos, que gera, em algumas ocasiões, multas às empresas, são os mais recorrentes.

O guia de turismo em Juiz de Fora Marcelo Cruz contou algumas das situações que vive com sua agência. “Nosso público que chega a Juiz de Fora é majoritariamente idoso, acima de 70 anos. Eu os recebo no Bahamas do Salvaterra para seguirmos no passeio. Os turistas descem no Santa Cruz Shopping, que é quase um ‘terminal rodoviário turístico’. Ali havia uma placa para ônibus de turismo, mas não tem mais – especificamente na Rua Jarbas de Lery Santos, próximo ao número 55. Caso haja muitas pessoas, fica muito complicado de realizar o embarque e o desembarque”, relata. Próximo ao local, na esquina com a Avenida Barão do Rio Branco, há sinalização para o transporte. Porém, o horário é limitado entre as 20h e as 6h, quando, segundo Marcelo, a região fica mais perigosa.

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Outro local frequentemente visitado pelos turistas é o Complexo Mascarenhas, onde fica o Mercado Municipal. Lá, Marcelo explica que não há espaço para parar o ônibus. Segundo ele, as opções são o ponto de táxi ou locais proibidos. Em pontos turísticos que chamam atenção, como os museus Murilo Mendes e Mariano Procópio, além do Parque da Lajinha, a situação é semelhante, segundo o operador. Ele alega que não há sinalização que indique a possibilidade de parada de veículos de cunho turístico. Mas o local mais destacado por ele foi o Mirante do Cristo.

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“Primeiramente, os motoristas de agências de outras cidades ficam receosos pela dificuldade do caminho até o ponto. Quando chega lá em cima, existe a área para o ônibus manobrar, mas ela está frequentemente ocupada por carros. Isso faz com que o veículo precise fazer o retorno de forma perigosa para o próprio espaço turístico.”

Placas que antes autorizavam parada de ônibus de turismo na Rua Jarbas de Lery Santos não estão mais no local (Foto: Leonardo Costa)

Motorista de fora recebeu multa

Um outro operador, que pediu para ter seu nome preservado, descreveu uma situação que o fez receber uma multa na cidade. “A gente saiu (do Rio de Janeiro) para fazer um trabalho de turismo em Juiz de Fora. Trabalhamos com grupos, geralmente, da terceira idade. Para passar o dia na cidade, não temos local específico para desembarque com ônibus, para aguardar os clientes e buscá-los novamente. Foi o que aconteceu comigo. Fui instruído a parar na Avenida Brasil. Tinha uma sinalização de caminhões, de estacionamento, mas nem todas as vagas estavam preenchidas. Havia um espaço grande e eu fiquei no ônibus. No horário de almoço, me ausentei do veículo por no máximo meia hora e fui notificado com uma multa.” Ele conta também que a situação já aconteceu com outros colegas de fora da cidade.

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O motorista explica que o desejo da classe é, como em qualquer outra cidade que receba turismo, que esse setor tenha maior atenção do poder público. Na opinião dele, Juiz de Fora parece correr contra. “No espaço enorme que falei, poderia ter determinado uma, duas vagas para ônibus de turismo, já que não é possível parar nas ruas principais. No Centro realmente atrapalha, mas poderia pelo menos favorecer embarques como o realizado ali. Não parei em uma rua muito movimentada. Nesses casos, para fazer o desembarque de mais de 40 pessoas idosas, é demorado. Por isso, tivemos a consciência de buscar uma área que não fosse prejudicial, para que elas atravessassem próximo à linha do trem, com faixa de segurança, e, ainda, não atrapalhar o trânsito.”

O operador ressalta que, mesmo que trabalhe para uma empresa de turismo, quem paga a multa é o funcionário. Ele destaca que, se a pessoa não conhecer a cidade, a situação fica mais complicada ainda. “Acredito que essa situação deveria ser alinhada com a gestão municipal. Faço turismo em outras cidades, mas nelas a comunicação e a infraestrutura são melhores. Há maior organização, e as orientações ajudam. Pela experiência, Juiz de Fora é uma cidade bastante procurada para isso, precisa acompanhar”, comenta.

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Demandas para autoridades

Com a preocupação do setor turístico com as condições receptivas oferecidas na cidade de Juiz de Fora, principalmente as que envolvem o transporte, a situação dos locais, a infraestrutura e a fiscalização, a busca é pela atenção do Poder Público. Marcelo Cruz afirmou já ter realizado reunião com a Secretaria de Mobilidade Urbana (SMU), mas, segundo ele, não foi muito efetiva. “Eles alegam que a cidade tem uma dinâmica de trânsito, na hora do rush e com os gargalos, e que estão preocupados com isso, mas o fluxo diário não permite a resolução da situação. Então não podemos receber e entregar boas condições aos turistas?”, questiona.

A Tribuna demandou a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), com base nos relatos ouvidos dos operadores turísticos e na visita feita aos locais expostos, a respeito da receptividade do município nesse setor. Em específico, foram questionadas a visão acerca das necessidades do turismo na cidade – se já são contempladas -, a forma do diálogo com os operadores, se há planos de melhoria e quais as atuais ações da gestão para o setor no geral.

Em nota, a Prefeitura afirmou que “a Secretaria de Turismo recebeu a demanda da categoria no Conselho Municipal de Turismo e nesta sexta-feira (4) está agendada uma reunião para tratar sobre essa pauta. Com relação a sinalização, a PJF está realizando um grande reforço na sinalização vertical e horizontal em toda cidade. No Centro, esse serviço é executado à noite para minimizar os impactos no trânsito.”

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