Ícone do site Tribuna de Minas

Pesquisadores se mobilizam contra corte orçamentário da Capes

ufjf destaque fernando
PUBLICIDADE

Após reunião do Conselho Superior da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), realizada na última quarta-feira (1º), o presidente da instituição, Abílio Baeta Neves, encaminhou ofício para o ministro da educação, Rossieli Soares da Silva, alertando sobre a situação orçamentária da Capes para 2019. De acordo com o documento, o teto repassado à coordenação representa um corte significativo em relação ao valor fixado em 2018, muito inferior à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Caso seja mantido, pode gerar consequências drásticas, como a suspensão do pagamento de bolsas de 93 mil alunos e pesquisadores, de modalidades como mestrado, doutorado e pós-doutorado, causando interrupção dos programas de fomento à pós-graduação a partir de agosto de 2019.

Além disso, o corte implicaria na interrupção dos programas de iniciação à docência, afetando 105 mil bolsistas; na paralisação do funcionamento da Universidade Aberta do Brasil (UAB) e dos mestrados profissionais para a qualificação de professores da rede pública da educação básica, afetando 245 mil beneficiados; e no prejuízo à continuidade de programas de cooperação internacional.

PUBLICIDADE

Diante do quadro, os pesquisadores começaram a se mobilizar nas redes e em grupos, levantando ações que podem ser adotadas nos próximos dias. Segundo a coordenadora da Associação de Pós-Graduandos da UFJF (APG/UFJF) e doutoranda em Ciências Sociais, Astrid Sarmento Cosac, o movimento nacional, que acompanha a discussão dentro do conselho, deve lançar protestos por todo o país nos próximos dias. Uma carta preparada pela associação deve ser disponibilizada para assinatura e, posteriormente, encaminhada ao Ministério.

PUBLICIDADE

“Precisamos nos unir e lutar contra a PEC da Morte (PEC 241, que congela os gastos públicos por 20 anos). Se recebendo a bolsa já é difícil, imagina nesse quadro. Tem muita gente preocupada, porque tem família, depende desse dinheiro para sobreviver, comer, pagar aluguel. É difícil, porque, a partir do momento que você assina o papel, se compromete a não trabalhar, abdicando de uma carreira profissional, inclusive.”

Em comunicado feito pela ANPG (Associação Nacional de Pós-Graduandos) são destacados objetivos como pressionar o Governo a vetar as emendas à LDO, que asseguram as verbas da Educação, e tornar públicas as consequências para a Ciência, caso o veto ocorra. “Tais cortes significam um colapso, e esses dados devem servir para mobilizar a sociedade e a comunidade científica, para exercer mais pressão na defesa da Educação e da Ciência.”
Astrid ainda afirma que os pesquisadores podem esperar da APG e da ANPG todas as ações possíveis para que a previsão da Capes não se concretize. Ela adianta que, na próxima semana, a APG/UFJF tem reunião marcada com a Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa da UFJF, para ver o que é possível articular junto com a instituição. Procurada pela reportagem, a universidade disse que, como o ofício é uma ação movida pela Capes, não vai comentar o assunto.

PUBLICIDADE

Preocupação

O alerta preocupou pesquisadores que dependem financeiramente do programa de fomento. “Nesse momento buscamos entender essa situação para estabelecer uma ação concreta. O alarde aconteceu, parece que é algo confirmado, mas ainda não é. Estamos tranquilizando as pessoas, mas também precisamos nos manifestar contra isso, para que tenhamos alguma oportunidade de mudança pós-eleição, dependendo de quem entrar”, disse a doutoranda em Letras da UFJF, Mariana Flores.

Conforme a estudante, o dinheiro das bolsas é necessário para que as pessoas deem continuidade às pesquisas. “Meus pais não são da cidade, eu me sustento com esse recurso. Só podemos ter atividades alternativas dentro do que a Capes permite. Alguns programas acatam, mas outros não permitem que tenhamos vínculo empregatício. Com a possibilidade de cortes, ficamos sobrecarregados com muitas funções, porque não queremos parar nossos trabalhos. Mas, ao mesmo tempo, temos que nos sustentar. Só com a priorização do investimento em pesquisa conseguiremos avançar, porque essa instabilidade também nos desmotiva”, afirma a estudante.

PUBLICIDADE
Sair da versão mobile