A chegada do inverno, o tempo seco e a ausência de chuvas desde o dia 26 de maio, em Juiz de Fora, tornam propício o aumento do número de queimadas na região. Em 2021, durante o período de estiagem, entre maio e setembro, foram registradas 531 ocorrências de incêndio em áreas de vegetação, sendo que no ano inteiro foram 654 casos. Neste ano, apenas em maio, foram contabilizados 50 incêndios, de acordo com os últimos dados disponibilizados pelo Corpo de Bombeiros à Tribuna.
Ao longo da semana passada, o Corpo de Bombeiros registrou seis ocorrências de incêndio em vegetação. O número tende a aumentar quando se observa o baixo nível da umidade relativa do ar. O Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) informou que, nesta semana, a umidade relativa do ar na cidade pode atingir a mínima de 30%, sendo que a Organização Mundial da Saúde (OMS) já considera estado de observação quando o percentual oscila de 31% a 40%. Para se ter ideia, o índice ideal para o corpo humano é que a umidade esteja acima dos 70%. Além de gerar danos ao meio ambiente, as queimadas causam prejuízos ao corpo, contribuindo para o aumento de casos de doenças respiratórias, como rinite e sinusite.
O capitão Acácio Tristão Gouvêa, militar do 4º Batalhão de Bombeiros Militares de Juiz de Fora, afirmou que os bombeiros observam o aumento de ocorrência de incêndios em áreas verdes, no período de estiagem, mas, na maioria dos casos, são ocasionados pela ação do homem. De acordo com o bombeiro, o maior número de ocorrências acontece em lotes vagos e em áreas de pastagem.
“As pastagens dão mais trabalho por serem áreas extensas que demandam um maior tempo de empenho da nossa corporação e, muitas vezes, nesse combate não é possível lançar água, porque nossos caminhões não alcançam. Então, o militar precisa se deslocar a pé para fazer esse combate direto”, explica.
Em relação às zonas da cidade de maior incidência, capitão Acácio explica que todas as áreas do município possuem focos de queimadas, porém as regiões Norte e Nordeste são as que costumam apresentar mais casos. A Zona Central tem menos ocorrências devido ao fato de não ter muitos lotes vagos com áreas verdes.
Aumento de ocorrências é perceptível nos últimos 4 anos
Os registros de queimadas em Juiz de Fora têm se tornado cada vez mais comuns. No ano de 2018, os bombeiros registraram um total de 262 ocorrências. No ano seguinte, esse número subiu para 565, ou seja, cerca de 115% a mais. O mesmo aconteceu em 2020 e 2021, que registraram, respectivamente, 632 e 654 casos de incêndio florestais. Um fator em comum entre todos os anos é o crescimento expressivo da incidência dos focos durante o período que vai de maio a setembro.
Queimadas em vegetação é crime
Provocar queimadas em áreas de vegetação, intencionalmente ou não, é considerado crime ambiental, conforme o Código Penal Brasileiro (Lei nº 2.848 de 7 de dezembro de 1940) e a Lei de Crimes Ambientais (Lei Federal nº 9.605 de 12 de fevereiro de 1998), prevendo de sanções administrativas a prisão, de 2 a 4 anos de pena, e multas. Essa ação pode provocar diversos riscos à fauna e à flora dessa região, como, por exemplo, a evasão de animais para a zona urbana ou até mesmo a perda de diversas espécies de bichos e plantas.
Além disso, as queimadas também colocam em risco a vida de pessoas, pois há grandes chances do fogo descontrolar e atingir as residências, assim como os incêndios nas beiras de estradas provocam uma cortina de fumaça e aumentam o risco de acidentes para os condutores. Conforme ressalta capitão Acácio, o Corpo de Bombeiros, em parceria com a Defesa Civil da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), atua no projeto Queimada Mata, realizando vistorias em lotes vagos e notificando os proprietários a manterem os locais limpos, podendo sofrer sanções administrativas e até multas.
Orientações e cuidados necessários
“Todas as queimadas podem ser evitadas”, destaca o capitão Acácio Tristão Gouvêa. De acordo com ele, há uma série de pequenas ações que precisamos ficar atentos para evitar incêndios. Entre elas estão a importância de manter os lotes limpos, com pouca ou nenhuma vegetação, não usar fogo para limpar a pastagem, assim como não queimar lixo, folhas, entulhos ou qualquer outro resíduo. O recomendado é quem tem casa ou lote vago realizar limpeza e capina de 3 a 4 metros em volta do terreno e não acumular lixo nas áreas vazias.
Além disso, o militar orienta a população a não jogar guimba de cigarro pela janela do veículo, não fazer fogueiras e evitar atividades relacionadas com fogo. Caso a pessoa identifique um princípio de incêndio, o ideal é acionar o 193 imediatamente, para que os profissionais possam controlar o fogo.