A apreensão de mais de duas toneladas de maconha, na BR-267, nas proximidades do Bairro Igrejinha, na Zona Norte, será investigada pela Polícia Federal. O entorpecente, que foi localizado escondido em meio a sacos de farelo, na última sexta-feira (31), durante fiscalização de rotina da Polícia Rodoviária Federal (PRF), pode ter sido trazido do Paraguai dentro de um esquema de tráfico internacional de drogas. A suspeita foi divulgada nesta segunda (3), durante coletiva à imprensa realizada pela PRF. A ação configura-se como a segunda grande apreensão de drogas em Juiz de Fora em um intervalo de dez dias. No último dia 22, a Polícia Civil foi responsável pela apreensão de três toneladas de maconha, além de fuzis, escopetas e pistolas. A suspeita também era de que esse material teria procedência do Paraguai e seria distribuído para Juiz de Fora e região.
No caso da maconha retirada de circulação na última sexta, o produto foi localizado em uma carreta numa blitz da PRF que contou com o apoio da Polícia Militar, acionada após a suspeita de que havia material ilícito na carga do veículo e que enviou um cão farejador e homens até o local. Durante a coletiva, as duas corporações ponderaram que o flagrante aponta para a suspeita de que Juiz de Fora funciona como um entreposto de drogas e armas. “É uma cidade onde existe a confluência de rodovias importantes. Temos a BR-040 e BR-267, com a Rio-Bahia (BR-116), fazendo ligação entre as duas”, destacou o policial rodoviário federal Leonardo Facio, acrescentando que, mesmo que o entorpecente não fique na cidade, ela serve de rota para o tráfico. “As armas apreendidas pela Polícia Civil, por exemplo, não são vistas ou apreendidas aqui”, pontuou Facio.
Conforme a PRF, por volta das 21h da última sexta, os policiais abordaram uma carreta que, supostamente, estaria transportando farelo. Leonardo Facio ressaltou que a carreta que transportava a droga foi abordada no km 122 da BR-267, em um ponto que já tem a atenção da corporação. Em razão de o condutor, um homem de 29 anos, aparentar nervosismo, foi solicitado que ele deslocasse o veículo para a Unidade Operacional da PRF, localizada no km 766 da BR-040. Ao chegar ao local, o motorista desembarcou do veículo e embrenhou-se no mato às margens da rodovia.
“Ao ser abordado, o motorista teria demonstrado nervosismo. Os policiais pediram que o motorista se deslocasse para o posto da PRF, mas, ao chegar perto do Bairro Dias Tavares, na Zona Norte, ele parou o caminhão e fugiu correndo. Como só estavam dois policiais, preferimos dar prioridade ao caminhão, já que havia suspeita de ter algo ilícito dentro”, enfatizou Facio.
Neste momento, a PRF descobriu que havia grande quantidade de mercadoria oculta sob a carga de farelo, sendo solicitado apoio da PM com a equipe do canil, para auxiliar na identificação do material e nas buscas pelo condutor foragido. Nos tabletes de maconha foi verificada a existência de etiquetas do Paraguai com inscrições em espanhol e guarani. A carreta tinha placa de Foz do Iguaçu (PR), onde o motorista reside. Ele ainda não foi localizado.
Investigação
Os entorpecentes apreendidos foram enviados para a Polícia Federal, uma vez que há a suspeita de tráfico internacional de drogas, linha de investigação que é reforçada pela origem do caminhão e a proximidade entre Foz do Iguaçu (PR) e Paraguai. Todavia, só o avançar das investigações poderá apontar com precisão qual origem e destino do material.
Cão farejador foi fundamental para descoberta da droga
Após a localização da droga, a Polícia Militar foi acionada para o posto da PRF com a cadela Maia de Lieudegard. A princípio, a carga seria de farelo, porém, os policiais vasculharam alguns sacos e perceberam que havia algo sólido em meio a este material. O animal da raça Pastor Alemão farejou e localizou a maconha, que havia sido colocada apenas nos sacos que estavam na região do meio do veículo, em uma tentativa de despistar os policiais em uma possível abordagem.
O comandante da 4ª Companhia Independente de Policiamento Especializado, que coordena os grupos especiais da corporação, como o Choque, o Grupo Especializado e a Ronda Ostensiva com Cães (Rocca), tenente coronel Wallace Caetano, destacou a importância da utilização dos animais nas ações policiais. “Nossos cães começam a ser treinados quando estão entre quatro e sete meses de vida. Alguns são farejadores, como o caso da Maia, outros atuam em ações de capturas. Neste caso, Maia sinalizou no meio da carreta, os policiais fizeram a busca e foi encontrado o material”, disse.
Conforme o cabo George Augusto, da Rocca, Maia está em Juiz de Fora há cerca de sete meses. Antes de ser utilizada nas operações, a cadela passou por um treinamento em Belo Horizonte. Após os trabalhos na capital, os cães continuam a serem lapidados no canil juiz-forano. Segundo ele, no caso dos farejadores, são usadas moléculas com cheiro idêntico aos das drogas, sem a contaminação de outros produtos. “Sempre falamos que o cão da Rocca é escolhido ante de nascer. Fazemos seleção genética, pega-se dois cães que têm as qualidades que a gente usaria para a atividade, faz seleção dos filhotes, manejo nos 4 primeiros meses após o nascimento do filhote, e, durante a vida toda dele, faz o direcionamento do treinamento. Na verdade, o trabalho para eles é uma brincadeira, já que são compensados. O que fazemos é a assimilação do odor com a recompensa”, disse.
De acordo com o militar, no caso da localização da maconha na carreta, foi feita uma ação chamada de passiva, aquela onde o cão se senta ou para em cima ou perto de onde está o entorpecente. “Ela parou e esperou a bolinha dela, que é a recompensa, a brincadeira”, finalizou.