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Jovem de 22 anos é indiciado por injúria racial e homofobia

policia civil
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A Polícia Civil concluiu o inquérito sobre casos de injúria racial e de homofobia envolvendo pelo menos seis vítimas em Juiz de Fora, incluindo a estudante Graziele Campos, de 24 anos, que relatou a situação em reportagem da Tribuna em janeiro deste ano. Os crimes eram praticados nas redes sociais, por meio de um perfil falso. Um jovem, 22, foi indiciado pelos delitos, e o procedimento foi encaminhado à Justiça.

Durante as investigações, a Polícia Civil desencadeou uma ação, no dia 5 de abril, na Cidade Alta. Na ocasião, houve cumprimento de mandados de busca e apreensão contra o suspeito de cometer os crimes. Na residência do investigado e na casa dos pais dele, os policiais civis apreenderam aparelhos eletrônicos e documentos.

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A delegada responsável, Ione Barbosa, contou que o jovem teria se referido à estudante como “macaca, preta, suja, que fede, que tem que ir para o tronco”. A primeira investida criminosa nas redes sociais teria começado no final de 2021 e, no começo deste ano, ele teria voltado a agir, sendo registrada a segunda ocorrência e aberto o inquérito penal, no qual foram ouvidas, pelo menos, mais cinco vítimas.

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“No decorrer das investigações nós entendemos que seria necessário o cumprimento de mandados de busca e apreensão na casa dele e também dos pais dele, para que pudéssemos ter acesso a documentos que poderiam contribuir para a elucidação dos fatos”, explicou a delegada.

Cautelar

Segundo ela, a Justiça também decretou uma medida cautelar diversa da prisão, determinando que o investigado por injúria racial e homofobia não se aproxime das vítimas, com pena de a cautelar ser convertida em prisão. Por meio dos mandados, a polícia teve acesso ao celular do suspeito, ao computador e a documentos. “Em um deles, ele faz uma lista com cerca de 20 nomes de pessoas que, em tese, ele queria se vingar. Inclusive marca um X em alguns, naqueles dos quais já teria se vingado.”

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Ainda de acordo com a delegada, o investigado e os pais dele prestaram depoimento durante o inquérito. “Ele foi descrito com uma pessoa extremamente agressiva, com muitas oscilações de humor, a ponto de ter que sair da casa dos pais e ir morar sozinho, tendo em vista os vizinhos, que estariam se sentindo incomodados. Ele faz uso de medicamentos psiquiátricos, e os próprios pais estavam pedindo ajuda para internação compulsória.”

Ione destacou que algumas vítimas foram mais de uma vez alvo do suspeito. “Ele entrava nas redes sociais delas com um perfil falso e ali cometia os atos de injúria racial”, além de praticar homofobia e gordofobia. “Há vídeos, que ele mesmo fazia, correndo atrás de travestis.” Conforme Ione, o investigado “tem cor preta e discriminava outras pessoas na mesma situação”.

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De acordo com a delegada, o jovem teria montado um perfil do namorado de uma das vítimas em um site de prostituição. “É uma pessoa que precisa de tratamento, mas também de ser enquadrada por conta de todas essas ações.” Ele foi indiciado por 12 práticas ligadas à injúria racial. “Outras vítimas que ainda não compareceram à delegacia, por medo ou receio, devem nos procurar para terem direito a essa cautelar, que proíbe a aproximação dele.”

Estudante foi alvo do suspeito no Instagram

A estudante Graziele Campos, de 24 anos, uma das vítimas de injúria racial no inquérito concluído, foi surpreendida, em janeiro, por uma foto sua em uma montagem no Instagram ao lado da imagem de uma mulher branca, com os seguintes dizeres: “Suja, cabelo duro bombril. Macaca, preta, suja, pobre da favela, rouba, mata, usa drogas e só serve pra sexo.” Em relação à mulher branca, o mesmo perfil falso escreveu: “Limpa, cabelo liso e loiro. Mulher branca privilegiada, rica trabalhadora, estudiosa e mulher de família para casar.”

O autor das agressões já havia atacado a estudante pelas redes sociais em outubro de 2021. “Você, sua macaca! Preta suja! Os pretos fedem, roubam e são sujos! Você merece ser estuprada. Eu sou superior a você.”

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Em entrevista à Tribuna, Graziele contou ter ficado transtornada. “Já passei por outros tipos de preconceito, mas sempre de forma velada. Mas, desta vez, como era tão explícito, eu fiquei em choque. Meu coração acelerou muito e fiquei muito abalada.”

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