Cinco missionários da arquidiocese de Juiz de Fora embarcam, na próxima quarta-feira (9), para a capital do Haiti, a cidade de Porto Príncipe. Impulsionados pelo ensinamento de Jesus: “Amai-vos uns aos outros, como Eu vos tenho amado”, eles levam na bagagem fé, amor e vontade de ajudar as pessoas que ainda vivem sob as consequências do terremoto que atingiu o país da América Central, em 2010. O grupo foi apresentado nesta quinta-feira (3) e é composto pelo Padre Pierre Maurício de Almeida Cantarino, pelos casais Magda Conde e José Gabriel Timóteo Tostes, ambos médicos; por Rosana Sanguim Vieira e Jésus Vieira Júnior. Eles formam a Missão Continental e irão trabalhar com artesanato. A missão tem como objetivo promover a construção de uma cultura de amor, desenvolvendo e fortalecendo pensamentos e atitudes que visem o resgate da dignidade humana através de ações de saúde e educação.
De acordo com o arcebispo metropolitano, dom Gil Antônio Moreira, que visitou o Haiti em 2017, o Papa Francisco tem insistido para que a Igreja não fique parada em seu local, mas que tenha olhos para os outros, sobretudo para as necessidades humanitárias. “Procuramos descobrir o local onde a pobreza é mais grave aqui na América Latina e chegamos ao Haiti, principalmente depois do terremoto e dos vendavais que por lá passaram. Ficamos sensibilizados. Lá também morreu a brasileira Zilda Arns (médica pediatra, sanitarista e fundadora da Pastoral da Criança), que tinha ido para lá a fim de instituir a Pastoral da Criança e foi vítima do terremoto. É uma maneira de Deus mostrar o que quer de nós”, afirmou dom Gil.
Segundo ele, esse projeto foi instituído como forma de ajudar os franciscanos da Providência de Deus que atuam naquele país. “Temos que preparar pessoas que saibam falar o francês e o crioulo, que são as línguas de lá. Temos um projeto sociocaritativo de médicos, enfermeiros, padeiros, costureiras, cabeleireiros e pessoas que possam ser missionárias continentais, ensinando seus ofícios. Todo o profissional que se sentir chamado deve fazer parte com a certeza de que irá ajudar”, explicou. O religioso adiantou que já há uma lista de pessoas e de profissionais que se inscreveram para ajudar no Haiti nas próximas missões. “Inclusive já há empresas que estão dispostas a participar, levando curso de preparação profissional para o povo do Haiti.”
O padre Pierre Maurício de Almeida Cantarino, que vai coordenar o grupo durante a viagem, explica que a missão leva doações de remédios, roupas e dinheiro para os franciscanos. “Nosso coração está alegre por estarmos indo, mas também um pouco apreensivo devido à realidade daquele país, daquele sofrimento que vamos ver. Claro que no Brasil também existe muito sofrimento. Vivemos e convivemos, pelo fato de ser padre, com muitas realidades tristes, mas acho que nada se compara àquilo que a gente já ouviu sobre o Haiti. Então, vamos também com o coração cheio de esperança por poder fazer, primeiramente, o necessário, porque Deus, certamente, fará o impossível para aquelas pessoas”, ressalta o padre, acrescentando que, da parte dele, irá celebrar missas, fazendo um trabalho voltado para a evangelização.
“Uma triste realidade do Haiti, marcado pela fome, é que as pessoas de lá comem barro. Eles misturam barro com sal e assam, se alimentando dessa espécie de biscoito. O maior problema disso, é que as crianças não estão conseguindo chegar aos sete anos de idade. Essa realidade é apavorante e queremos tentar amenizar esse sofrimento”, vislumbra. A médica pediatra, Magda Conde, afirmou que sua ida ao país já era um sonho antes de receber o convite de participar da missão. “É algo que Deus coloca no coração da gente e não pode ser outra coisa. É poder colocar uma criança no colo, hidratá-la gota por gota, alimentá-la. É uma oportunidade de fazer comida, de medicar, de fazer nossa consulta, de levar roupa e sapatos. É um ato humanitário, de amor”, alegra-se Magda. Ela e o esposo, o cirurgião José Gabriel Timóteo Tostes, também vão levar aparelhos de ultrassonografia, otoscópio, de pressão e estetoscópio.
Dia Mundial das Comunicação Sociais
Durante a coletiva, dom Gil Moreira ainda falou sobre o Dia Mundial das Comunicações Sociais, celebrado em 13 de maio. Neste ano, a Igreja irá abordar como tema: “Fakenews e Jornalismo de Paz”. Segundo dom Gil, o Papa Francisco enviou uma carta, na qual versa sobre a questão da fakenews, que considera ser um grande problema da comunicação na atualidade em todo o mundo. “Como vencer esse problema?”, questiona-se o arcebispo. Para ele, os setores jurídicos ainda não têm leis definidas sobre a questão.
“A fakenews é uma mentira que desrespeita a dignidade da pessoa humana. Neste dia 13 de maio, que é o Domingo da Ascensão, a Igreja pretende divulgar ao máximo a carta do Papa, sobretudo pedindo às pessoas uma prática muito simples: não passe para frente o que você não tem certeza total de que seja verdade. Se cheirar à mentira, não se deve passar para frente. Se conseguirmos educar nosso povo sobre isso, já será uma vitória sobre a fakenews.”