Em coletiva à imprensa na tarde desta terça-feira (3), o Ministério da Saúde atualizou os números do coronavírus (Covid-19) no Brasil. Até o momento, Minas Gerais registra 58 casos em investigação. Seis foram descartados. Nesta segunda, o estado tinha 48 notificações suspeitas. A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), responsável por publicar boletins epidemiológicos sobre os registros no estado, atualizou o levantamento no início da noite desta terça. Os 58 casos em monitoramentos foram verificados nos seguintes municípios mineiros: Barbacena (1), Belo Horizonte (27), Betim (1), Contagem (4), Divinópolis (3), Governador Valadares (1), Ipatinga (1), Juiz de Fora (1), Lavras (1), Montes Claros (1), Mutum (1), Ouro Preto (1), Pouso Alegre (1), Sete Lagoas (1), Uberaba (1), Uberlândia (3) e Varginha (5). Outros quatro casos suspeitos, conforme a SES, são de pessoas de outros países que vieram para Minas: uma da Alemanha e três da Itália.
O resultado do exame para descarte ou comprovação do caso suspeito em Juiz de Fora ainda não foi divulgado pela SES. De acordo com a pasta, as comprovações e casos descartados serão publicados nas atualizações dos boletins epidemiológicos. No documento divulgado nesta terça, a notificação em Juiz de Fora ainda está registrada como suspeita para a doença. A paciente com sintomas compatíveis ao coronavírus recebeu alta médica na última sexta-feira (28), e está em isolamento domiciliar desde então. De acordo com a Secretaria de Saúde, a paciente está sendo monitorada pela Vigilância Epidemiológica.
Brasil vai priorizar prevenção
Em todo o país, até esta terça, havia 488 casos suspeitos sendo monitorados pelo Ministério da Saúde. Outros 240 já foram descartados. O país tem dois casos confirmados de coronavírus, que não têm relação entre si, embora ambos os infectados sejam residentes no município de São Paulo. Os casos são importados, e, por isso, não há mudança da situação nacional, pois não existem evidências de circulação sustentada do vírus em território brasileiro.
Secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo pontuou, em entrevista coletiva nesta terça, que, a partir de agora, o Governo irá priorizar o cuidado e a prevenção, e as questões estatísticas não terão tanta relevância.
Medidas
O secretário explicou que os Estados Unidos já estavam na lista de países com transmissão local, mas que, a partir desta terça, o país foi incluído na lista de alerta para viajantes brasileiros, que já conta com outros 30 países. Com isso, o número de suspeitas poderá aumentar significativamente no Brasil. Apesar disso, Gabbardo reforçou que a pessoa procure uma unidade de saúde caso apresente febre, algum sintoma respiratório e tenha viajado ou tido contato próximo com alguém que tenha viajado para o exterior. No caso de sintomas leves, o secretário orientou que a pessoa trate os sintomas em casa.
“Se nós tivermos isso, vamos encher nossas unidades, aumentando o risco de transmissão. Nestes casos, é melhor que ela faça uma ligação, para o 136, para orientações. Sintomas mais intensos é que têm necessidade de buscar assistência. As medidas preventivas são fundamentais para transmissão das síndromes respiratórias.”
Argentina confirma primeiro caso
(AE) – A Argentina confirmou nesta terça o primeiro caso de coronavírus no país, de acordo com a imprensa local.
Segundo o jornal Clarín, o paciente é um homem que voltou recentemente de viagem da Europa, onde visitou países como Itália e Espanha, e está internado em uma clínica de Buenos Aires.
O jornal La Nación destaca que a Argentina se torna o segundo país da região a confirmar uma pessoa infectada pela doença, depois do Brasil. Na América Latina, também já foram confirmados casos no Equador e no México.
OMS diz que contenção é possível
(AE) – O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou que, embora o surto de coronavírus esteja ficando cada vez mais “complexo”, a contenção da doença ainda é possível em todos os países, como indica o exemplo da China.
Em entrevista coletiva em Genebra, na Suíça, nesta terça, Tedros explicou que, nas últimas 24 horas, tinham sido registrados 129 novos casos de infecção no país asiático, o menor número desde 20 de janeiro. “A queda tem sido consistente”, disse.
Ao todo, 90.893 pessoas foram diagnosticadas com a doença globalmente, entre as quais 3.110 morreram. A maior parte dos casos ocorreu em território chinês. No resto do mundo, são 1.848 registros em 48 países, 80% dos quais em apenas três nações: Coreia do Sul, Irã e Itália. Além disso, 122 países não registraram o vírus e 21 tiveram apenas um caso.
O médico etíope destacou também que o coronavírus não pode ser tratado como um gripe comum, porque não se transmite com a mesma eficiência. No entanto, a doença originada na província chinesa de Hubei causa doenças mais severas do que a Influenza. “Globalmente, 3,4% das pessoas com coronavírus morreram. Para efeito de comparação, a gripe sazonal geralmente mata menos de 1% dos infectados”, explicou, acrescentando que apenas 1% dos casos não apresentam sintoma.
Uma outra diferença é que, diferentemente da gripe, ainda não há vacinas e remédios comprovados contra o coronavírus. “Contudo, testes clínicos de remédios estão sendo realizados e mais de 20 vacinas estão sendo desenvolvidas”, revelou.
Questionado sobre as críticas de autoridades brasileiras a respeito da demora da OMS em declarar o surto uma pandemia, o diretor-executivo da entidade, Michael Ryan, disse que essa classificação poderia ser perigosa, já que incentivaria países a passarem da fase de contenção para mitigação, o que seria precoce.