“A violência contra a mulher é considerada a pior maneira de se violar os direitos humanos”, destacou Rose França, coordenadora da Casa da Mulher de Juiz de Fora, durante a palestra “Enfrentando a violência contra a mulher no ambiente público”, que abriu as atividades da Semana da Mulher promovida pela UFJF, que tem como tema “A Universidade é pública, meu corpo não”. Até a próxima quarta-feira, a entidade promove uma série de debates, oficinas e reflexões a respeito da figura da mulher perante a sociedade discutindo, inclusive, denúncias e casos de assédio que vêm ocorrendo dentro do campus.
“Queremos desvelar os casos de assédios e violência que acontecem na UFJF, de forma a acolher estas mulheres e também dar o recado aos agressores. Estamos instituindo um núcleo de atenção psicossocial para atender a estas vítimas, acolhendo-as e dando o suporte, pois entendemos que este tipo de situação influencia no seu desenvolvimento acadêmico. Muitas sentem medo e vergonha de denunciar. Elas não querem ser expostas na cidade e correr o risco de sofrerem algum tipo de represália”, explicou a diretora de Ações Afirmativas da UFJF, Carolina Bezerra.
Ela acrescenta que o trabalho será em três eixos: acolhimento; mudança no regimento interno para incluir formas de punição aos agressores; e a comunicação e educação sobre a campanha em toda a comunidade acadêmica. “Queremos deixar claro que a UFJF está atenta no combate ao machismo e a cultura do estupro. Discutir a igualdade de gênero é fundamental na formação da UFJF”, disse Carolina.
Para Rose França, abrir o evento simboliza o reconhecimento para o trabalho realizado pela Casa da Mulher. “Pontua a necessidade de trabalhar em conjunto com a UFJF para evitar que ocorram crimes. Vamos fazer um trabalho para conscientizar alunos e professores, ampliando a proteção à mulher como um todo”.
Coletivos
Há uma semana, alunos do Instituto de Ciências Humanas (ICH), integrantes da Secretaria de Combate à Opressão (SCO), realizaram um manifesto na Reitoria onde foram expostos, em varais montados no local, relatos e depoimentos de vítimas de atitudes racistas, machistas, homofóbicas e abusos. Conforme Carolina Bezerra, dentro da programação da Semana da Mulher, haverá espaço para que representantes de coletivos e de movimentos sociais dentro da universidade participem de debates. “Estes processos de manifestação e de empoderamento dos alunos é muito rico, pois trazem novas questões para o nosso diálogo. Ainda há muita resistência no assunto, mas o grito não é só das feministas, e sim de todas as mulheres, que querem um basta neste tipo de assédio e violência.