Juiz de Fora é a primeira cidade mineira a integrar a rede mundial de centro de referências para o tratamento de urticária, cujas duas unidades já estão em funcionamento na cidade. No ambulatório do Serviço de Alergia e Imunologia do Hospital Maternidade Therezinha de Jesus (HMTJ), são atendidos exclusivamente pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Na segunda unidade, localizada na Clínica de Alergia, Asma e Imunologia no Centro Médico Monte Sinai, é realizado atendimento privado e de convênios. No HMTJ, as consultas acontecem às terças e sábados pela manhã, e deverão ser agendadas diretamente no hospital. No Monte Sinai também é preciso entrar em contato com a clínica.
“Esse Centro de Tratamento em Urticárias, que está funcionando em Juiz de Fora, faz parte de uma rede mundial de tratamento. (…) O projeto começou na Alemanha e estendeu-se para todo mundo. Nós temos todo preparo profissional e acadêmico para atender, inclusive, os casos mais graves e de difícil controle. Os pacientes que forem ao nosso serviço estarão sendo atendidos com a mesma qualidade de atendimento que os pacientes dessa rede mundial. Juiz de Fora agora tem um serviço de primeiro mundo para o diagnóstico e tratamento das urticárias”, observa o presidente da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia – Regional Minas Gerais, o alergista e imunologista Fernando Aarestrup.
Segundo o médico, as urticárias são doenças caracterizadas como reações alérgicas, cuja ocorrência tem aumentando em todo o mundo. “Existem dois motivos para esse aumento. O primeiro é o estilo de vida moderno. O segundo é o fato de que as chamadas urticárias crônicas, aquelas em que o paciente tem crises semanais, por longos períodos, podendo até ser crises diárias, passaram a ser diagnosticadas adequadamente. Então, com a formação específica de médicos para fazer o diagnóstico, as estatísticas do número de casos aumentaram”, explica.
Dois tipos
Segundo Fernando Aarestrup, os dados da doença em Juiz de Fora são semelhantes às estatísticas mundiais. “Cerca de 20% da população terá durante a sua vida uma crise de urticária. Esse dado é muito semelhante em todas as partes do mundo ocidental.”
Existem dois tipos da doença. Segundo Aarestrup, a urticária do tipo aguda é caracteristicamente classificada por pacientes como uma reação alérgica, e é confundida com alergia em pele. “As agudas são lesões que acontecem associadas principalmente à alergia alimentar. No Brasil, é comum em relação a consumo de frutos do mar, ingestão de sementes e grãos como amendoim, castanha de caju e castanha-do-pará. Também podem ser causadas por medicamentos; no Brasil são comuns reações a antiiflamatórios e antibióticos. No segundo tipo, as urticárias crônicas, as causas não estão relacionadas a processo alérgico propriamente dito”.
Conforme o médico, o principal grupo de urticárias crônicas é chamado Urticárias Crônicas Espontâneas (UCE). “É espontânea porque não tem nenhum gatilho de alergia, é uma reação do próprio organismo. Esse tipo é o mais incapacitante, é o que causa perda de dias de trabalho, perda da qualidade de vida, por exemplo. Algumas pessoas passam a ter problemas psiquiátricos, depressão. O paciente nunca sabe quando terá a crise, é uma reação do próprio organismo. “Neste caso, não há uma medida preventiva. O médico, portanto, orienta que, na apresentação de sintomas (ver quadro), o paciente procure atendimento médico específico.
O centro de tratamento UCare-JF também oferecerá medicamentos biológicos que, de acordo com o alergista, estão revolucionando o tratamento da doença. “Esses medicamentos estão disponíveis para serem aplicados no nosso serviço, em situações especiais. São medicamentos de alto custo, portanto, há uma necessidade de conseguir a medicação via sistema público ou sistema privado. Naqueles casos específicos, com indicação, a gente consegue orientar adequadamente para que paciente consiga via SUS.”