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Lixo acumulado nas ruas de JF preocupa em período chuvoso

lixo by marcelo capa
lixo by marcleo
Móveis e outros entulhos são deixados no Bairro Santa Luzia (Foto: Marcelo Ribeiro)
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O final da primavera e o início do verão devem ser de chuvas fortes em determinados períodos do dia em Juiz de Fora, como a que atingiu a área central da cidade na última sexta-feira. Com as precipitações, lixos acumulados podem trazer problemas para a população, favorecendo inundações e até mesmo desmoronamentos. Após reclamações de leitores, a Tribuna flagrou pontos na cidade com descarte irregular de entulhos e resíduos, como à beira do córrego de Santa Luzia, na Zona Sul, e em ruas do Bairro São Judas Tadeu e do Parque das Águas, na Zona Norte.

Morador do loteamento Verbo Divino, Luiz Antonio do Carmo afirma que a população está preocupada com o lixo acumulado no alto do Bairro São Judas Tadeu. De acordo com Carmo, as pessoas descartam entulhos em terrenos desocupados, como na Rua Luiz Villani. “Morador de cima joga lixo e, com esse tempo de chuva, começa a descer. Está muito perigoso para nós que moramos embaixo. A população do Verbo Divino está preocupada.”

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O tempo no município deve contar com chuvas mais fortes devido à influência do fenômeno El Niño, de acordo com Cássia Ferreira, coordenadora do Laboratório de Climatologia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). As ações do fenômeno são de prognóstico oferecido pelos institutos nacionais de Meteorologia (Inmet) e de Pesquisas Espaciais (Inpe). “Este fenômeno influencia, principalmente, nas precipitações, que devem ocorrer de forma mais concentrada. Isso quer dizer que teremos muitas chuvas fortes em final de tarde”, explica a climatologista. “Os riscos de acumulação de lixo são piores quando há chuvas torrenciais, porque elas têm capacidade de carregar isso para dentro dos rios. É mais preocupante.”

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O fenômeno apontado pela especialista diz respeito a uma alteração nas águas do oceano, aquecendo-as e causando efeitos diferentes nas temperaturas em determinadas regiões do Brasil. “Por exemplo, no Nordeste faz seca e, no Sul, chove mais. Como estamos no Sudeste, que está em condição intermediária, temos uma influência mais especificamente nas temperaturas. As temperaturas ficam mais elevadas e causam mais aquelas chuvas de final de tarde.”

Sistema de drenagem prejudicado

O acúmulo de lixo em pontos na cidade durante o período de chuvas pode prejudicar o sistema de drenagem das ruas por conta da obstrução dos bueiros, afetando, inclusive, áreas que não seriam consideradas de risco, de acordo com o engenheiro e coordenador do Núcleo de Análise Geoambiental (Nagea) da UFJF, Cézar Barra. “Quando ocorre o entupimento da rede de drenagem pluvial, o solo fica encharcado e pesa, então ocorrem vários acidentes em áreas que aparentemente não seriam de risco, por falhas na rede de drenagem devido ao acúmulo de lixo e falta de manutenção.”

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Entulhos são problemas também no Parque das Águas (Foto: Marcelo Ribeiro)

Um exemplo citado pelo engenheiro é a Cidade Alta, onde se localiza a BR-440. De acordo com Barra, os problemas causados no sistema de drenagem, juntamente com o assoreamento do córrego São Pedro, fazem com que as águas retornem para as ruas. “As manilhas que deveriam tirar águas das ruas passam a levar a água do córrego para as ruas. Em São Pedro, o córrego fica mais alto que as ruas devido ao nível de água e ao acúmulo de lixo, juntamente com rede de esgoto clandestina. Na casa das pessoas, acaba chegando água de chuva misturada com esgoto, trazendo doenças de veiculação hídrica que podem até criar um problema com a população desses locais.”

As questões apontadas pelo especialista também se aplicam a riscos de deslizamentos, isto porque as falhas da rede de drenagem fazem com que a água penetre a terra e a deixe mais densa. “A água vai saturar o solo, fazendo com que ele perca a coesão que tinha originalmente. Quando há peso em cima, como residência ou construção, o solo se rompe.”

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‘Problema histórico e cultural’

Para Barra, falta colaboração da população e mais opções de espaços adequados para descarte de lixo. “Acredito que falta uma rede maior de locais para o cidadão ter opção, ser motivado a fazer a coisa certa e não cometer a infração. Não jogar em córrego ou em beira de estrada, por exemplo. Às vezes, ele faz isso porque os locais são muito longe. Por outro lado, isso é um problema histórico e cultural de educação que pode demorar algumas gerações para mudar.”

SAU realiza 325 ações fiscais por descarte

O Código de Posturas do Município prevê em seu artigo 10º o veto de depósito ou descarte de lixo “em logradouros públicos ou privados, inclusive nas margens de rodovias, estradas vicinais ou ferroviárias, matas e florestas, cursos d’água, situadas na circunscrição municipal”. De acordo com a Secretaria de Atividades Urbanas (SAU), foram realizadas 325 ações fiscais por descarte irregular de lixo de janeiro a outubro deste ano.
A multa varia de acordo com o enquadramento legal da infração, desde advertência mínima, que seria o lixo jogado em via pública, ao pagamento de multa de até R$ 4.512,85 para infrações consideradas gravíssimas (quais). Denúncias podem ser feitas diretamente nas regionais que atendem aos bairros.

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O Demlurb recolhe o lixo e resto de móveis em áreas ou vias públicas. A população pode acionar o órgão para retirada deste tipo de descarte pelo Alô Demlurb, no telefone 3690-3500. O serviço atende de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h, em terrenos pertencentes à administração municipal ou particulares.

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