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Julho termina com 17 mortes violentas, mas Polícia Civil aponta queda de 15%

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Rodrigo Rolli acredita que tendência é de diminuição de números em 2017 (Foto: Felipe Couri)
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Dezessete pessoas morreram em decorrência de crimes em Juiz de Fora apenas no mês de julho, segundo levantamento da Tribuna. Apesar da média assustadora de uma morte violenta a cada dois dias, a Polícia Civil divulgou balanço nesta quarta-feira (2) apontando queda nos delitos contra a vida na comparação dos sete primeiros meses deste ano com o mesmo período de 2016. Segundo o delegado Rodrigo Rolli, foram instaurados 69 inquéritos de homicídios em 2017, contra 82 até julho do ano passado. A redução é superior a 15%. Já segundo estatística do jornal, que contabiliza cada vítima em ocorrências de duplo ou triplo homicídio e também leva em conta os casos de latrocínio e feminicídio, foram 84 mortes violentas este ano, contra 94 no mesmo período de 2016. A diminuição é um pouco menos acentuada, mas ultrapassa 10%.

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De acordo com dados da Delegacia Especializada de Homicídios, a queda foi ainda maior nos casos de tentativa de assassinato e chegou a quase 25%: foram 94 tentativas de homicídio nesses sete meses, e 124 registradas na mesma época do ano anterior. “Se tudo permanecer assim, pela tendência acreditamos que possa haver diminuição (dos crimes contra a vida) no ano de 2017”, disse o delegado.

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Para ele, o mês de julho não foi tão atípico, porque também foram registrados picos de violência em abril deste ano e nos mesmos meses de 2016. “Não existe lógica para a criminalidade de homicídio, como podemos verificar em outros crimes, como nos roubos.” Mas Rolli destacou que no último mês chamou a atenção o fato de terem ocorrido dois duplos assassinatos. No dia 2, Luisa Lima Machado, 22 anos, e Caio Sérgio Gomes Marques, 24, foram encontrados pela PM mortos com tiros de pistola na cabeça dentro de uma picape Saveiro no Bairro Previdenciários, Zona Sul. O caso segue sendo investigado pelo delegado Armando Avólio.

Já no dia 23, Rafael Lopes da Costa, 20, e Fabiano da Silva, 39, foram assassinados com disparos no Bairro Três Moinhos, Zona Leste. “Esse fato de dois duplos homicídios no mesmo mês nos assustou. O caso do Três Moinhos foi uma desavença pessoal ligada a criminalidade. Um dos dois suspeitos já está identificado. Ouvimos algumas pessoas e estamos concluindo para demonstrar a motivação”, disse Rolli.

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Motivação passional

O delegado também destacou que em julho houve dois crimes violentos contra a vida ligados a questões passionais, fugindo da estatística na qual cerca de 70% dos homicídios e tentativas de assassinato na cidade têm algum tipo de envolvimento com gangues e/ou tráfico de drogas. A última ocorrência com motivação passional, segundo ele, foi a morte do taxista Ricardo de Carvalho Domingos, 23, executado a tiros na garagem de sua residência, na noite do dia 27, no Bairro Santo Antônio, na Zona Sudeste. “Foi uma questão ligada a relacionamento. O mandante e o executor já estão definidos. Estamos colhendo depoimentos no decorrer desta semana.”

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Já o outro homicídio supostamente passional foi o de Leila de Lima André de Paula, 18, esfaqueada no pescoço por uma adolescente, 16, dia 15, na Praça Antônio Carlos. A suspeita foi apreendida em flagrante e teria namorado uma jovem que tinha um relacionamento com a vítima. “Causou clamor público, porque aconteceu durante um evento na praça. Mas foi uma fatalidade, uma única facada.”

Condenações

Segundo Rolli, atualmente a equipe tem conseguido trabalhar mais na qualidade dos inquéritos, e não apenas de forma quantitativa. “Estamos trazendo a qualidade dos inquéritos e estamos conseguindo condenações altas. Não queremos só apurar, queremos resultado.” Como exemplo de casos julgados recentemente ele citou o assassinato da comerciante Elisane Aparecida Moreira Dias, 36, morta com um tiro não direcionado a ela dentro de seu próprio restaurante, no dia 29 de outubro de 2016, na Avenida Governador Valadares, no Bairro Manoel Honório, na Zona Leste. Segundo a sentença proferida pelo juiz Paulo Tristão no último dia 27, um jovem, 19, acusado de efetuar os tiros, recebeu pena total de 25 anos e seis meses de reclusão em regime fechado. Já o outro réu, 24, julgado por dar cobertura ao crime, recebeu pena de 17 anos, nove meses e dez dias de prisão nas mesmas condições, sendo absolvido pelos jurados do homicídio da mulher. Os dois foram declarados também culpados pelas tentativas de homicídio contra uma criança, 10, baleada em via pública próximo à mesma pizzaria em que trabalhava a vítima, e contra um rapaz, 18, alvo dos disparos e atingido cinco vezes. A condenação dos réus ainda incluiu o crime de corrupção de menores, já que um comparsa, 15, foi apreendido em flagrante com eles, e uma adolescente, 14, foi acautelada durante as investigações suspeita de fugir com a pistola 9mm que matou a vítima. Cabe recurso.

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O delegado também lembrou a condenação de quatro jovens, com idades entre 21 e 25 anos, por homicídio duplamente qualificado e por associação criminosa, no caso do assassinato de Fabrício Domingos Mendonça, 23, executado com vários tiros, no dia 30 de julho de 2016, na região do Parque das Torres. O julgamento no Tribunal do Júri foi concluído no dia 22 de junho e também presidido pelo juiz Paulo Tristão. Os quatro réus seriam integrantes de uma gangue intitulada “Bonde do Celsinho”, suspeita de praticar vários crimes violentos naquela área e de amedrontar os moradores, inclusive promovendo a expulsão de alguns deles. As penas foram superiores a 16 anos e chegaram a 21 anos e seis meses de reclusão. “Para nós isso é importante, porque demonstra para a criminalidade que está havendo fechamento de ciclo, desde a investigação até a condenação. O Estado não está omisso, queremos tentar acabar com aquela sensação de impunidade”, concluiu Rolli.

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