Apesar de julho ter começado com uma queda considerável nas temperaturas, e de Juiz de Fora ter registrado a segunda madrugada mais fria do ano, o segundo semestre de 2024 deve ser marcado pelos impactos do La Niña, fenômeno que provoca o resfriamento das águas equatoriais da costa do Peru até parte do Pacífico central. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a probabilidade de o evento ocorrer com mudanças climáticas é de 69%. A Tribuna conversou com o climatologista e professor do curso de geografia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Fábio Sanches para entender os impactos do La Niña no clima de Juiz de Fora.
Conforme o especialista, o El Niño Oscilação Sul (ENOS) consiste em um fenômeno oceânico-atmosférico que ocorre no Oceano Pacífico equatorial, que inclui três fases: neutra, El Niño (positiva) e La Niña (negativa). O El Niño é conhecido por provocar um aumento das temperaturas e das chuvas em relação à média (padrão climatológico) e, conforme o Inmet, chegou ao fim em maio. Em seguida, é esperada a entrada do La Niña, responsável pela redução nos volumes de chuva e elevação das temperaturas em relação às médias no sudeste da América do Sul.
Impactos do La Niña em Juiz de Fora
Sanches aponta que o fenômeno deve impactar exatamente na diminuição de chuvas e aumento das temperaturas acima das condições normais para Juiz de Fora. Embora a expectativa seja de redução na frequência de frentes frias vindas do sul do hemisfério e suas massas de ar frio sobre a região, o especialista não descarta eventuais passagens de frentes frias no município, que poderão reduzir sensivelmente as temperaturas durante poucos dias sequenciais, como as que estamos enfrentando desde domingo (1).
“Como nosso inverno tem como principais características ser seco e com baixas temperaturas, espera-se uma estação ainda mais seca (menos chuvas que as condições normais) e com temperaturas levemente acima da média. Essas condições deverão estar associadas à atuação de massas de ar seco e até mesmo de bloqueios atmosféricos, que podem promover sequências de dias quentes e secos (com sensível redução da umidade do ar)”, analisa o climatologista.
O Inmet também informou que a população pode esperar dias com céu claro, grande amplitude térmica, ou seja manhãs frias e tardes mais quentes, chuvas escassas, e baixos índices de umidade (abaixo de 30%) à tarde. Segundo o Instituto, o tempo seco persistente favorecerá prováveis ondas de calor entre agosto e outubro.