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Tribuna participa de treinamento em áreas de conflitos

treinamento
Foto: Ronaldo Luiz Silva
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Andar em meio a tiros, passar por terreno minado, entrar em uma câmara de gás lacrimogêneo, ajudar e resgatar feridos graves, comer ração operacional, apagar incêndio e achar a saída em um labirinto escuro com obstáculos e fumaça. Estes foram alguns desafios enfrentados por mim e por outros 38 jornalistas de várias regiões do país, que participaram de um curso de treinamento para atuação em áreas de conflitos em junho. Convidada pelo Exército Brasileiro, a Tribuna representou Juiz de Fora no Estágio Para Jornalistas e Assessores em Áreas de Conflitos (Epjaiac), ministrado pelo Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil (Ccopab), na Vila Militar do Rio de Janeiro. Foram cinco dias de conhecimentos práticos e teóricos, em que os participantes foram testados e treinados à exaustão e levados a uma incursão por Carana, país fictício que vive conflito entre grupos étnicos.

Além de instruir os participantes para atuação em conflitos armados fora do país, o curso ajuda os profissionais a trabalharem nas coberturas policiais em suas cidades, como em ocorrências onde os jornalistas estão vulneráveis a ações de bandidos ou mesmo em atos onde há violência.

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Foto: Ronaldo Luiz Silva

O coordenador do estágio, major Anderson Félix, destacou que a grade curricular do estágio é montada por uma equipe multidisciplinar, que verifica o que um jornalista precisaria em área de conflito. “Diante deste estudo, foi feito o programa, onde estão as matérias necessárias para diminuir os riscos do profissional de imprensa ao fazer seu trabalho.”

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O curso é dividido em duas partes. A primeira é de aulas teóricas. A segunda, prática. “A parte teórica mostra a doutrina, o uso de Forças Armadas e como nós podemos auxiliar o jornalista. A partir do terceiro dia, começam as atividades práticas. Tudo é programado para que você perceba o estresse no organismo e na mente, e, ao final, mesmo com esta condição, consiga concretizar estes ensinamentos” comentou o comandante do Ccopab, coronel Carlos Augusto Ramirez.

Foto: Ronaldo Luiz Silva

Na avaliação do comandante, o estágio promove ganhos às Forças Armadas e aos jornalistas. “Aprendemos a lidar com as características, peculiaridades, potencialidades e deficiências do profissional de mídia. E vocês conhecem um pouco das nossas características, termos específicos e valores que cultuamos.”

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Jornalistas contam sobre coberturas

Representantes da chefia da comunicação social da Marinha do Brasil, da Aeronáutica e do Exército Brasileiro passaram aos estagiários valores e missões de cada instituição e como é a relação com a imprensa. Foram ministradas ainda aulas sobre negociação e comunicação durante um sequestro, direitos humanos e direito internacional humanitário e análise e mitigação de riscos em coberturas jornalísticas. Nesta última, os alunos receberam convite da Organização das Nações Unidas (ONU) para fazer uma cobertura em Carana. No documento, a organização discorria sobre a situação caótica do país fictício, que tinha histórico de violência contra jornalistas e problemas na comunicação. Nós, alunos, precisávamos decidir se íamos ou não e, em grupo, apresentar o motivo de nossa decisão.

Ainda dentro do conteúdo teórico, foram convidados para dividir com a turma suas experiências pessoais os jornalistas Ari Peixoto, da Rede Globo, e a repórter Vera Araújo, do jornal O Globo, e o ex-capitão do Bope, Rodrigo Pimentel. Ari Peixoto, que já foi correspondente no Oriente Médio, destacou que “nenhuma matéria, imagem vale a sua vida, ou um ferimento mais sério”.

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Experiência de vivenciar uma “guerra fictícia”

Na noite do penúltimo dia do estágio, depois de cerca de 12 horas de aulas, já exaustos e alimentados pela ração operacional usada pelo Exército, fomos levados para Carana, que fica dentro do Campo de Instrução de Gericinó. Foi em terreno que colocamos em prática o que aprendemos nos dias anteriores. Paramentados com colete balístico, que pesa cerca de 15kg, e capacete, pesando 2kg em média, fomos colocados em situações limite, que poderíamos enfrentar em qualquer área de conflito.

 

Conhecimentos

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Com tiros, inimigos nos cercando, pessoas feridas, e, por fim, uma entrevista com representantes da ONU, podemos colocar em prática todos os conhecimentos anteriores e tivemos a confiança de que estávamos capacitados para atuar em áreas conflituosas. Sobretudo, muito além dos conhecimentos didáticos, aprendemos a ter fé na missão, espírito de corpo e disciplina. A certeza é que nunca mais seremos os mesmos depois de voltarmos de Carana. “No combate é que forjam os melhores amigos”.

 

CCOPAB

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O Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil (CCOPAB) foi criado em 2010, a partir da estrutura do extinto Centro de Instrução de Operações de Paz (CIOpPaz) do Exército Brasileiro, que funcionava desde 2005, no Rio de Janeiro.Também designado Centro Sergio Vieira de Mello – em homenagem ao diplomata brasileiro morto em serviço no Iraque. Em 2003, o Centro especializou-se na preparação e orientação de militares brasileiros designados para operar em missões de paz e humanitárias sob a égide da Organização das Nações Unidas (ONU). Atualmente, um número cada vez maior de estrangeiros também tem recebido treinamento na instituição.

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