A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) informou, nesta quarta-feira (2), que tem tomado medidas para verificação e monitoramento das seringas compradas pelo Governo de Minas e distribuídas aos municípios mineiros para a vacinação Contra a Covid-19. Em nota, a pasta estadual informou que após ser alertada sobre a incompatibilidade das seringas para aspiração total das doses da Coronavac pela Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), solicitou ao fabricante dos insumos os laudos de liberação dos lotes das seringas enviadas ao município. Ainda conforme a pasta, os insumos adquiridos pelo Estado seguem todas as padronizações estabelecidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que, em maio, recomendou o uso de seringas de 1ml para a aplicação da vacina após investigação técnica.
Em entrevista à Tribuna, publicada no último domingo (30), a secretária de Saúde do município, Ana Pimentel, afirmou que a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) “tem comunicado ao Governo estadual sistematicamente” sobre a perda de doses da vacina Coronavac em razão do uso de seringas inadequadas, compradas pelo Estado. Segundo a pasta, no total, 10.769 doses do imunizante, produzido pelo Instituto Butantan, teriam sido perdidas por haver incompatibilidade da seringa em relação ao frasco multidose da Coronavac em alguns lotes recebidos. Conforme a secretária, com a situação, não estaria sendo possível aspirar as dez doses do frasco, apenas nove.
Entretanto, em nota, a SES informou que “adquiriu e distribuiu seringas de plástico descartáveis de 1ml, com agulha 25×6, e com o dispositivo de segurança que possui registro da Anvisa, seguindo, portanto, todas as padronizações” previstas pelo órgão após investigação técnica sobre possível perda de doses da Coronavac feita pela agência em maio. A pasta estadual, contudo, ainda não explicou quando essas seringas foram adquiridas e quantas foram encaminhadas a Juiz de Fora.
Investigação da Anvisa
A secretaria estadual faz menção à investigação feita pela Anvisa em maio para averiguar notificações recebidas sobre uma possível redução da quantidade de doses nos frascos das vacinas Coronavac. A conclusão da investigação é de que não houve falha técnica no envase da vacina, e que os frascos da vacina contêm dez doses, conforme previsto. Assim, segundo a agência, o problema dos frascos que rendem menos doses está relacionado a erros de extração do frasco multidose, principalmente pelo uso de seringas inadequadas.
“De acordo com a avaliação técnica feita pela Anvisa, o uso de seringas de 3ml não seria o mais adequado para a extração das vacinas, que possuem doses de 0,5 ml”, afirma a Anvisa. O relatório em questão aponta ainda que o mais adequado para a retirada e aplicação das doses são as seringas de 1ml, que têm uma maior precisão para cada dose.
Na nota enviada à Tribuna nesta quarta, a SES também destacou que no Ofício-Circular nº 18/2021/SEI/GGFIS/DIRE4/ANVISA, que trata das queixas técnicas sobre redução do volume na vacina Coronavac, todos os reportes dessa natureza foram colocados em investigação pela Anvisa. A conclusão foi de que não há indícios que corroborem a hipótese de que o Instituto Butantan estaria fabricando a vacina Coronavac com volume inferior ao preconizado (dez doses). Portanto, essa hipótese foi descartada, e as investigações referentes ao produto foram concluídas.
Laudo de liberação de seringas enviadas a JF foi solicitado
Também em nota enviada à Tribuna, a SES afirma que acionou os fabricantes das seringas para a entrega de laudos da liberação dos lotes do insumo “após o anúncio da Secretaria Municipal de Saúde de Juiz de Fora, nesta terça-feira (1º de junho)”. Após receber o texto, a Tribuna questionou a SES se esta comunicação oficial sobre a inadequação dos insumos teria sido feita pelo Município somente nesta terça-feira, conforme o texto enviado ao jornal. Entretanto, não houve retorno por parte do Estado.
Além da solicitação dos laudos, a SES também informou que a Coordenação Estadual de Imunização e a Unidade Regional de Saúde de Juiz de Fora haviam agendado, junto à Secretaria de Saúde do município, uma supervisão em sala de vacina que ocorreria ainda nesta quarta-feira (2). A Tribuna solicitou, tanto à Regional de Saúde quando à Secretaria de Saúde, detalhes sobre a supervisão. Até a publicação desta matéria, entretanto, os órgãos ainda não haviam retornado.
A Tribuna também solicitou novo posicionamento da Secretaria de Saúde sobre a situação, mas não obteve retorno.