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30 bandidos fazem 11 reféns durante assalto a empresa

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Atualizada às 11h10, do dia 03/06

Cerca de 30 bandidos fortemente armados e que se identificaram como policiais sequestraram e fizeram 11 pessoas reféns num dos roubos mais ousados já registrados em Juiz de Fora, tendo como alvo a empresa Brinks, que atua no setor de segurança e transporte de valores. A ação criminosa durou cerca de 14 horas, com início por volta das 18h30 de quinta-feira (1º) e término por volta das 8h30 de sexta-feira (2), quando as vítimas, funcionários da empresa e seus familiares, foram liberadas. Um deles seria o gerente da firma. De acordo com informações da Polícia Civil de Belo Horizonte, o tipo de ação empregado pela quadrilha e seu modus operandi demonstram que, possivelmente, o crime tenha sido orquestrado e articulado pela Facção PCC (Primeiro Comando da Capital), por meio de dois membros presos em uma penitenciária de São Paulo. Ainda segundo a Polícia Civil de BH, esses integrantes da facção já tinham agido com êxito na mesma empresa com sede em São Paulo.

No fim da noite desta sexta, um primeiro suspeito foi capturado pela Polícia Civil. O homem, que seria cadeirante, não teve a idade revelada. Ele foi preso em casa, no Bairro Santa Rita, por volta das 20h. De acordo com o chefe do 4º Departamento de Polícia Civil, delegado Carlos Roberto da Silveira, havia um mandado de prisão contra ele, que teria envolvimento em vários roubos, inclusive em crimes cometidos em agências bancárias. Em depoimento, o suspeito teria negado a participação no roubo à empresa de valores, mas a policia trabalha com a hipótese de que ele participou do sequestro das famílias. Após ser ouvido na 1ª Delegacia Regional de Polícia Civil, em Santa Terezinha, o homem foi levado para o Ceresp, onde ficará à disposição da Justiça.

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Na ação criminosa, os reféns foram abordados em suas casas, nos bairros Santa Luzia, na Zona Sul, e Linhares, na região Leste. Todos foram levados para uma residência na localidade rural de Monte Verde, a cerca de 60 quilômetros do Centro da cidade. A família que mora no imóvel também foi rendida pelos criminosos. Uma das vítimas é uma mulher grávida de 9 meses. Após deixar os familiares dos funcionários na casa, parte da quadrilha seguiu com os trabalhadores até a firma, no Bairro Cerâmica, na Zona Norte, de onde teria sido levada uma quantia elevada de dinheiro. O valor de R$ 6 milhões em dinheiro vivo chegou a ser ventilado, mas não houve confirmação oficial. Um veículo Fiat Uno da empresa também foi levado pela quadrilha, sendo utilizado para fuga.

A Tribuna conversou com algumas vítimas, das quatro famílias rendidas, que prestaram depoimento na delegacia durante a tarde desta sexta-feira. A moradora do imóvel de Monte Verde, usado como cativeiro, relatou que o grupo chegou ao seu endereço por volta das 18h30 de quinta. “Primeiro, eles se identificaram como policiais, depois já falaram que eram bandidos e que escolheram minha casa a dedo. Eles falaram que precisavam ficar no local durante toda a noite, que era para a gente ficar calmo, que nada de ruim iria acontecer”, disse a mulher, de 40 anos, acrescentando que estava no imóvel com o marido e um vizinho. Todos eles foram feitos reféns.

Enquanto parte do grupo ficou em Monte Verde, outro veio para Juiz de Fora, onde, ainda durante a noite de quinta, invadiu um imóvel, em Santa Luzia, onde estavam a família do gerente da Brinks e outra família, que participavam de um jantar, totalizando mais cinco reféns. O grupo rendido também foi levado para Monte Verde. As vítimas contaram que os criminosos estavam fortemente armados e em vários carros. Alguns usavam armas longas. Segundo a Polícia Civil de Belo Horizonte, parte dessas armas era de metralhadoras ponto 50.

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Na manhã de sexta, por volta das 6h, o alvo foi a casa de outro funcionário, no Linhares. A esposa dele, 38, esteve na delegacia na companhia da filha do casal, 15, que também foi levada para o cativeiro. Muito abalada, ela contou que o marido foi rendido quando saía de casa no carro da família. “Eram três bandidos armados. No início, achei que eram policiais. Eles entraram na nossa casa e ordenaram que eu e minha filha fôssemos para o nosso carro. Um dos bandidos foi quem dirigiu, enquanto meu marido foi em uma caminhonete dos criminosos.” Segundo a mulher, ela foi deixada em Monte Verde, enquanto o marido seguiu para a empresa com os bandidos. “Acho que eles levaram os funcionários para não levantar nenhuma suspeita de que acontecia um roubo. Eu tinha certeza de que seríamos mortos”, contou a mulher abalada emocionalmente.

Polícias agem em conjunto para rastrear quadrilha

O delegado chefe do 4º Departamento de Polícia Civil, Carlos Roberto da Silveira, informou que o cerco aos criminosos começou assim que a polícia teve conhecimento do crime. Em uma ação orquestrada com a Polícia Militar, cuja coordenação ficou a cargo do comandante da 4ª Região da Polícia Militar (RPM), coronel Alexandre Nocelli, os agentes fizeram diligências em vários pontos e conseguiram localizar dois veículos que teriam sido usados pela quadrilha. Um deles, um Jetta, foi apreendido próximo ao endereço da empresa. A manobra contou com diversas equipes e com o helicóptero Pégasus. Esse veículo, segundo a Polícia Civil, em Belo Horizonte, foi furtado no dia 6 de abril, no Bairro Pompéia, em Belo Horizonte. No final da tarde desta sexta-feira (2), mais dois veículos, uma S10 e o Fiat Uno, foram apreendidos em um galpão na Zona Norte.

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O assessor de comunicação da 4ª RPM, major Marcellus Machado, ressaltou que a corporação disponibilizou um grande efetivo nas buscas dos criminosos e para o cruzamento de informações. Até o início da noite de sexta-feira, nenhum suspeito havia sido localizado. Ainda conforme o militar, a PM ainda não tinha informações sobre o envolvimento da quadrilha com o PCC, todavia, ele informou que o modus operandi empregado na ação dos bandidos é típico quando o alvo são empresas de valores. “Nossa orientação é para que as empresas desse setor efetuem ações controladas e mantenham seus gerentes e funcionários sempre em contato, para que haja troca de informações e aumento da segurança.”

A assessoria de comunicação da Polícia Civil de Juiz de Fora informou que as investigações sobre o roubo irão prosseguir pelos próximos dias. Durante rastreamento policial realizado na sexta-feira, policiais da 1ª Delegacia de Juiz de Fora trabalharam em conjunto com a Polícia Militar. As vítimas foram ouvidas e, como apontou a assessoria, entre elas, houve uma que se machucou, mas, de modo geral, todas passavam bem.

Por meio de nota, a Brinks esclareceu que “as investigações sobre a ocorrência estão sendo conduzidas pelas autoridades competentes e que a empresa está colaborando para o andamento das apurações. Nenhum colaborador da empresa ficou ferido durante o ocorrido.”

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* colaboraram Eduardo Valente e Vívia Lima

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