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Juiz de Fora tem média de 23 desaparecimentos por mês

pessoas desaparecidas 2023 arquivo pessoal montagem
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Nos últimos cinco anos, Juiz de Fora contabilizou uma média de 23 pessoas desaparecidas por mês. Os dados se referem aos Registros de Eventos de Defesa Social (Reds) do município entre 2018 e 2022, disponibilizados pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp-MG) à Tribuna. Durante este período, foram 1.407 ocorrências no total, o que representa uma média de 280 casos ao ano.

Como destacado pela pasta, os números apresentados não informam se as pessoas ainda continuam desaparecidas ou foram encontradas. Entretanto, em 2018, houve 312 registros de desaparecimento na cidade; em 2019, o número foi de 325; em 2020, 279; enquanto em 2021, foram 235 documentos registrados; e em 2022, 256. Já em 2023, até fevereiro, foram 58 ocorrências de pessoas desaparecidas, 13 a mais do que o observado no mesmo período do ano passado, quando foram 45 casos.

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Em Juiz de Fora, grande parte dos desaparecimentos está relacionada a problemas com drogas ou questões familiares, de acordo com o observado pelo responsável pela 1ª Delegacia Regional da Polícia Civil (DRPC), Márcio Roberto Savino Lopes. As complicações familiares afetam, especialmente, adolescentes, que saem de casa por atritos ou brigas com parentes. Já os casos envolvendo uso de drogas afetam os jovens, mas também pessoas de diferentes idades.

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“Há uma recorrência de usuários de entorpecentes que, às vezes, por exemplo, os familiares não sabem se foram presos ou se foram internados em uma clínica, se estão em outra cidade”, exemplifica o delegado.

Além disso, há uma parcela de pessoas desaparecidas com problemas psiquiátricos. Outros casos, raros, mas que já aconteceram, dizem respeito a pessoas que desejavam levar uma vida diferente longe dos familiares e amigos.

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Adolescentes representam 30% do total

De acordo com dados obtidos pela Sejusp-MG, em 2022 foram registrados quatro desaparecimentos de crianças entre 0 e 11 anos, além de mais um nos meses de janeiro e fevereiro de 2023. Já na faixa etária de 12 a 17 anos, foi divulgado que o número é de 75 registros no ano passado. Em 2023, já foram 12 casos nos dois primeiros meses deste ano.

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Os desaparecimentos de adolescentes em 2022, por exemplo, representaram cerca de 30% do total de registros em Juiz Fora durante o ano (256). Em relação às informações, a Sejusp ressaltou, novamente, que não há como definir, através de cadastros no Reds, a quantidade de tempo que uma pessoa está desaparecida ou se ela foi encontrada.

Minas

A Sejusp-MG, por meio do Observatório de Segurança Pública, também disponibilizou à Tribuna dados de todo o estado. Em 2023, até janeiro, Minas Gerais somou 633 registros de pessoas desaparecidas. Entre 2018 e 2022, foram mais de 38 mil casos.

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Famílias procuram por pessoas desaparecidas em JF

Alex dos Santos está desaparecido desde 22 de março de 2021 (Foto: Arquivo pessoal)

Frequentemente, a Tribuna noticia histórias de famílias que procuram por pessoas desaparecidas em Juiz de Fora. Alguns casos são recentes, mas outros já datam de anos, como o caso de Alex dos Santos. Ele foi visto pela última vez no dia 22 de março de 2021, quando teria saído da casa onde mora com a sua mãe, no Bairro Floresta, Zona Sudeste de Juiz de Fora, para dar uma volta pelo bairro, como costumava fazer. Porém, não retornou para casa.

Na época do ocorrido, Alex tinha 42 anos. Ele fazia tratamento psiquiátrico, com uso de medicação controlada, além de tomar remédios também para diabetes. A família registrou uma ocorrência policial, e a Polícia Civil abriu um inquérito para investigar o caso. Entretanto, ainda não houve notícias sobre ele.

De acordo com sua irmã, Carla Tereza dos Santos, desde o desaparecimento de Alex, a família realizou buscas em hospitais, albergues e embaixo de viadutos, não apenas em Juiz de Fora, mas em outras cidades da região. Apesar da angústia acompanhar a família nos últimos anos, a esperança em encontrá-lo também permanece.

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“É como procurar uma agulha em um palheiro, mas sempre que podemos, continuamos ligando em hospitais, clínicas”, conta. “Nós recebemos algumas ligações de algumas pessoas falando que viram parecidos. Nós fomos atrás, já rodamos praticamente Minas Gerais toda. Ainda não tivemos resposta até hoje. É muito triste, porque já foram dois anos que se passaram, mas ainda temos esperança.”

Informações sobre o paradeiro de Alex podem ser dadas através dos telefones da família: (32) 98896-4349 ou (32) 98703-6273.

Há mais de 10 dias

Felipe César Malaquias foi visto pela última vez saindo de casa (Foto: Arquivo pessoal)

Desde o último dia 22, a família de Felipe César Malaquias Silva, de 31 anos, procura por ele, que foi visto pela última vez após sair de casa no Bairro Granbery, Região Central de Juiz de Fora. Sua esposa, Primaine Ritchelle Silva Malaquias, contou à Tribuna que ele havia passado em casa no horário de almoço e parecia abalado por conta de um problema que havia ocorrido no local de trabalho. Felipe informou à esposa que daria uma volta e saiu, não sendo visto desde então.

Na ocasião, ele usava uniforme do Hospital 9 de Julho, onde trabalha. A vestimenta inclui uma camisa social azul clara, colete cinza claro, calça jeans escura e sapato social preto, além de uma mochila preta.

Ainda de acordo com Primaine, Felipe tem algumas sequelas pelo corpo por conta de um AVC que sofreu quando tinha 12 anos de idade e, por esta razão, ele usa passe-livre no transporte público. Diante do desaparecimento, a esposa foi até o Consórcios Integrados de Transporte Urbano (Cinturb) para verificar se seu cartão havia sido utilizado, sendo informada que ele pegou um ônibus da linha 302, sentido Bairro Floresta, Região Sudeste.

“Fomos até lá, mas não tivemos mais informação. Está na mão da Polícia Civil. Ele não tem problema de droga, bebida ou depressão”, explica. “Fico com medo de ele ter passado mal e estar desorientado.”

Qualquer informação sobre sua localização pode ser fornecida pelos telefones (32) 99129-5166, (32) 99975-2952 ou (32) 99173-7812.

Mãe busca por filha desaparecida desde 2021

Família procura Lívia Monteiro Farani desde 18 de julho de 2021 (Foto: Arquivo pessoal)

Natural de Valença (RJ), Lívia Monteiro Farani veio morar em Juiz de Fora para estudar e trabalhar. Todo mês, sua mãe, Izabel Cristina Monteiro, vinha visitá-la. Porém, no dia 18 de julho de 2021, ela não estava em casa quando a mãe veio até o município. Desde então, a família segue nas buscas pela jovem.

De acordo com Izabel, uma ocorrência foi registrada junto à Polícia Militar no dia seguinte ao desaparecimento de Lívia, moradora do Bairro Linhares, Zona Sudeste de Juiz de Fora. Por conta própria, sua mãe começou a procurar pela filha, conversando com pessoas nas ruas e espalhando cartazes em lanchonetes, lojas, entre outros estabelecimentos.

“As pessoas falam que a viram, mas já observei que tem muita gente que está confundindo-a com outra pessoa”, conta. “Eu mesma, saindo de Juiz de Fora uma vez, olhei para uma praça, vi uma moça e achei que era ela. Nós que estamos procurando acabamos enxergando a pessoa em todo lugar.”

Na época do desaparecimento, Lívia estava com 21 anos. Ela teria sido vista nos bairros Furtado de Menezes, Vila Ideal, São Mateus e Centro, porém, ainda não foi localizada. De acordo com sua mãe, além de Juiz de Fora e região, a família também realiza buscas nas proximidades de Valença.

Qualquer informação sobre sua localização pode ser informada pelos telefones (24) 98111-8402, (24) 2453-2391, (24) 99822-8228, (24) 98133-9190 ou (24) 99829-2543.
Até o fechamento desta edição, nenhuma dessas pessoas havia sido localizada.

Familiar desaparecido: o que fazer?

O delegado regional Márcio Roberto Savino Lopes explica que, ao ser notificada do desaparecimento, a Polícia Civil busca recuperar os últimos passos da pessoa em questão, verificando circunstâncias em que se encontrava, com quem teve contato, além de tentar informações também pelo celular, que tem se demonstrado uma ferramenta importante na localização das vítimas.
“É um mito ter que esperar 24 horas. Não existe isso. Você tendo uma informação realmente de alguma circunstância que leve a crer que seu parente está desaparecido, é necessário fazer imediatamente uma ocorrência policial, tanto na Polícia Militar quanto na Polícia Civil”, alerta.

Diante da notificação, a Polícia Civil solicita as principais informações sobre a vítima e o contexto do desaparecimento. Além disso, Savino destaca a necessidade de disponibilizar uma fotografia recente da pessoa desaparecida, bem como um número de telefone.

Sistema de buscas

A Polícia Civil conta com uma Divisão de Referência da Pessoa Desaparecida, localizada em Belo Horizonte, que presta apoio às delegacias do interior, inclusive de Juiz de Fora. De acordo com o delegado Márcio Roberto Savino Lopes, a corporação possui um sistema integrado que publiciza os casos de desaparecimento, por meio da foto disponibilizada pelos familiares, mas que também permite vincular e cruzar as informações da vítima.

“Por exemplo, se a pessoa for tirar uma identidade e estiver no sistema como pessoa desaparecida, ela será informada dessa situação”, explica Lopes. “Todo o sistema abarca essas informações e nos ajuda nessa procura que tanto afligia os familiares.”

Conforme o delegado, não há um prazo de duração das buscas de pessoas desaparecidas. Os inquéritos de investigação sobre esses casos sempre estarão abertos até que, de fato, haja algum desfecho. “Enquanto não temos uma solução, seja boa ou ruim, vamos dizer assim, a Polícia Civil sempre estará procurando.”

PJF auxilia nas buscas por crianças e adolescentes

A última semana, especificamente entre os dias 25 e 31 de março, foi marcada pela “Semana da Mobilização Nacional para a Busca e Defesa da Criança Desaparecida”. A Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), juntamente com o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e a Comissão de Defesa dos Direitos da Criança, Adolescente e Juventude da Câmara Municipal de Juiz de Fora, integrou a iniciativa.

Os órgãos passam a colaborar com as famílias nas buscas por jovens desaparecidos na cidade, como no caso de Jonathan Almeida. Conforme a PJF, a Administração municipal foi procurada pela família do jovem, que saiu de casa no dia 14 de fevereiro e não voltou. Dentre as ações da gestão, a primeira foi a criação de um Grupo de Trabalho (GT), composto pela Secretaria Especial de Direitos Humanos, Secretaria de Segurança Urbana e Cidadania, Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e Câmara Municipal. Foi feito, ainda, o compartilhamento de informações no site da Prefeitura, provocando discussões e chamando atenção para o tema. Ainda de acordo com a Prefeitura, também foram distribuídos cartazes junto aos servidores, equipamentos e locais de rotina da família e do menor.

Segundo a PJF, um segundo encontro do GT está previsto para a definição de ações a médio e a longo prazo do que o sistema de garantia de direitos da criança pode estar construindo para ampliação desta frente de trabalho. Os dados são sigilosos e não há necessidade de identificação, podendo ser repassados pelos telefones 181 (disque-denúncia) ou (32) 3690-7331 (Secretaria Especial de Direitos Humanos da PJF).

*estagiário sob supervisão da editora Rafaela Carvalho

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