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Mais de 4 mil pacientes aguardam na fila por cirurgias eletivas em JF

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Após retomar parcialmente a realização de cirurgias eletivas em junho, a Secretaria de Saúde da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) continua com alta demanda para este tipo de procedimento. Até esta terça-feira (30), 4.066 pessoas estavam na fila de espera por uma cirurgia pelo Sistema Único de Saúde na cidade. O número é considerado alto pela própria secretaria, que afirma ter realizado cerca de 700 procedimentos somente em outubro. Os dados, entretanto, são muito dinâmicos: conforme a PJF, diariamente entram novos pedidos; da mesma forma, outros são atendidos.

Segundo dados da PJF, mais de 5,6 mil operações foram realizadas entre janeiro e setembro nos hospitais da cidade, atendendo a 120 municípios (Foto: Fernando Priamo)

De acordo com a pasta municipal, 5,6 mil cirurgias eletivas foram feitas em Juiz de Fora entre janeiro e setembro, atendendo a 120 municípios da região. Apesar disso, a Prefeitura reconhece que “é alta a demanda e fila de espera em Juiz de Fora”. O balanço foi divulgado pela pasta municipal nesta semana, a pedido da Tribuna, que solicitou os dados em junho após meses de interrupção em razão da pandemia de Covid-19.

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O alto número de pessoas na fila de espera cerca de cinco meses depois da retomada expõe mais uma questão da saúde pública que se agravou de 2020 para cá. Embora os procedimentos considerados de maior gravidade para o paciente nunca tenham parado, por conta da pandemia, a realização da maior parte das cirurgias eletivas ficou suspensa por mais de um ano. A retomada foi autorizada com a publicação de resolução pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG).

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“É alta a demanda e fila de espera em Juiz de Fora, o que é um problema que vem de muitos anos e que aumentou com a pandemia, visto que por mais de um ano a maioria destes procedimentos eletivos foi suspensa, o que fez com que o número as pessoas na lista de espera aumentasse consideravelmente”, afirmou a Secretaria de Saúde, em nota enviada à Tribuna.

Espera tem levado pacientes à rede de urgência

A ouvidora municipal de Saúde, Samantha Borchear, também apontou problemas relacionados à fila de espera por cirurgias. De acordo com ela, a ouvidoria tem recebido “centenas de pedidos de agendamento de cirurgias eletivas”, já que as circunstâncias impostas pela pandemia causaram “um acúmulo absurdo de pacientes esperando”. Por conta desta espera, para alguns, um procedimento considerado eletivo, acabou tornando-se urgente. “Alguns acabaram indo para a rede de urgência, pois apresentaram piora, e não tiveram alternativa”, diz Samantha.

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Ainda segundo a ouvidora, o estrangulamento dos atendimentos na rede de urgência também tem impactado a realização de eletivas. “Como a rede terciária está lotada de pacientes, isso afeta as cirurgias eletivas, pois os hospitais não conseguem absorver a demanda eletiva, para darem conta da demanda de urgência”.

A alta demanda de cirurgias eletivas na cidade foi, inclusive, tema de audiência pública na Câmara Municipal de Juiz de Fora este ano. Em agosto, apesar de não falar em números, a secretária de Saúde da PJF, Ana Pimentel, admitiu a gravidade da situação.

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Agendamentos

Conforme a Secretaria de Saúde, para os agendamentos de cirurgias eletivas, estão sendo priorizados os casos cuja espera possa causar “impacto importante numa possível piora da doença do paciente”. Além disso, o Município diz que também tem priorizado o novo agendamento de procedimentos cirúrgicos eletivos cancelados ou adiados anteriormente.

“A Secretaria de Saúde da PJF vem trabalhando para a realização segura e gradual dos procedimentos cirúrgicos em caráter eletivo, levando em consideração a situação epidemiológica do município. Com a liberação parcial das cirurgias eletivas pelo Governo do estado em junho, Juiz de Fora aumentou a gama de procedimentos realizados”, destacou, em nota.

Dados foram divulgados após meses de tentativas

A Tribuna teve acesso ao balanço da demanda reprimida de cirurgias eletivas na cidade após cerca de cinco meses de tentativa. A reportagem tenta, desde o fim de junho, quando os procedimentos foram retomados, acesso às informações, inclusive via Lei de Acesso à informação (LAI). Entretanto, via este recurso, não houve divulgação dos dados pela Prefeitura. O Município, por fim, enviou os dados ao jornal nesta terça-feira (30).

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Questionada pela Tribuna sobre a razão pela demora na divulgação de dados, a assessoria de comunicação da Secretaria de Saúde respondeu que “a pandemia trouxe inúmeras dificuldades, especialmente pela sobrecarga de trabalho gerada aos servidores. A Secretaria de Saúde da Prefeitura de Juiz de Fora reforça seu compromisso com a saúde pública e de qualidade, bem como com a transparência.”

Quanto ao pedido da Tribuna via LAI, a demanda, conforme a ouvidora Samantha Borchear, chegou a ser encaminhada à Ouvidoria de Saúde, que cobrou, à época, a área competente, mas também não obteve retorno. “Eu cobrei inúmeras vezes a gestão, inclusive diretamente a Secretária de Saúde, e infelizmente, também não tive retorno”, afirmou Samantha, por e-mail.

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