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Ato na BR-040 tem críticas às urnas e insatisfação de bolsonaristas

br-040
Caminhonete de apoiadores fornece alimento a manifestantes parados na BR-040 (Foto: Gabriel Silva)
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A paralisação de caminhões na BR-040, no km 793, em Juiz de Fora, segue acontecendo nesta terça-feira (1º). Durante a manhã, a Tribuna esteve no local e ouviu as reivindicações dos manifestantes, além de observar a divergência existente entre os caminhoneiros que estavam paralisados no trecho desde a noite de segunda-feira (31). Os protestos ocorrem após a vitória do ex-presidente Lula (PT) sobre o atual governante, Jair Bolsonaro (PL), no segundo turno das eleições. Integrantes do movimento questionam a lisura do processo eleitoral e afirmam aguardar o resultado de um suposto acompanhamento realizado pelo Exército Brasileiro.

Os caminhões paralisados estão localizados pouco antes do posto de combustível localizado no km 793 da rodovia. Durante o dia, os manifestantes liberaram uma faixa em cada sentido da estrada para a passagem de veículos de passeio e de ônibus, com exceção de um breve período no início da tarde em que as rodovias foram completamente interditadas e a Polícia Militar foi acionada para intervir.

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Enquanto a reportagem da Tribuna permaneceu no local, pela manhã, não foi vista liberação de qualquer veículo de carga no trecho. Alguns agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e viaturas da PM estavam no local, mas apenas acompanhavam de modo preventivo, com o intuito alegado de evitar confusões entre os manifestantes e os motoristas que transitavam pelo local.

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No trecho da rodovia localizado logo em frente ao posto de combustível, havia alguns caminhoneiros e diversas pessoas que se diziam apoiadores da manifestação. Parte delas estava vestida com as cores do Brasil, além de carregar bandeiras do país. Em uma caminhonete, foram disponibilizados alimentos para os condutores, uma vez que muitos deles estavam paralisados desde a noite interior. Durante a estadia da Tribuna no local, também foram vistos alguns apoiadores que distribuíam alimentos para os caminhoneiros que estavam dispersos pela rodovia.

Alguns dos veículos de passeio que passavam pelo local interagiam com os manifestantes e demonstravam apoio ao movimento. Também foi possível observar que parte dos motoristas estacionavam o carro no posto de combustível ou às margens da rodovia e endossavam a manifestação.

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Apoiadores questionam urnas

A Tribuna conversou com César Grazzia, integrante do movimento Artigo 1 que estava em meio à manifestação. Segundo ele, os protestantes aguardam a divulgação de um relatório das Forças Armadas decorrente de um suposto acompanhamento paralelo das eleições de 2022. “Foi um processo eleitoral extremamente conturbado. Nós não estamos aqui para insuflar o país, seja para um lado ou para o outro. Nós queremos transparência, coisa que faltou nesse processo eleitoral”, aponta o manifestante, garantindo que, em caso de parecer favorável à lisura das eleições, haverá a liberação das rodovias pelo país.

Grazzia se classificou como apoiador do movimento e dos caminhoneiros, categoria exaltada por ele. “É por isso que estamos apoiando o movimento dos caminhoneiros que, hoje, sem dúvidas, representam o patrimônio cultural dos homens honrados, dos patriotas, dos cristãos e daqueles extremamente contra o comunismo, que não será implantado no Brasil.”

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Integrante do grupo Direita Santos Dumont, Waldir Duarte Júnior saiu do município, localizado a 40 quilômetros de Juiz de Fora, para apoiar a manifestação. Ele exaltou o auxílio das pessoas que foram até o local para levar alimentos aos caminhoneiros. “As pessoas estão vindo, trazendo alimentos. Os caminhoneiros que quiserem tomar banho, quiserem ir ao banheiro e a alimentação, nós estamos dando apoio para que possam continuar no movimento. Somos patriotas que estamos aqui para apoiar os caminhoneiros com todo o apoio que eles precisam, para um Brasil melhor e para mais lisura no processo (eleitoral)”.

Caminhoneiros questionam movimento

A manifestação, entretanto, era motivo de divergência entre os caminhoneiros. A reportagem conversou com mais de uma dezena de condutores e muitos relataram terem sido coagidos a parar os veículos enquanto estavam em meio às viagens, entre a noite de segunda e a madrugada desta terça-feira, de maneira contrária ao que era falado pelos apoiadores da manifestação, que afirmam se tratar de um movimento espontâneo.

Entre os caminhoneiros, havia quem se identificasse como apoiador do presidente Jair Bolsonaro e crítico do ex-presidente Lula, mas que, ainda assim, argumentava que a adesão ao protesto deveria ser “opcional”. Houve também quem repudiasse completamente a manifestação, assim como parte deles acreditava ser “a única maneira” de demonstrar a insatisfação com o processo eleitoral. Praticamente unânimes, entretanto, eram os relatos de condutores que afirmavam ter sido coagidos a pararem os caminhões.

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A Tribuna também percebeu que os caminhoneiros transportavam cargas diversas, como diferentes gêneros alimentícios e embalagens, por exemplo. Foram vistos dois caminhões-frigoríficos, que precisavam permanecer ligados para que a temperatura fosse mantida no cargueiro e a mercadoria não fosse perdida. A reportagem também ouviu o relato de um transportador que havia saído nesta manhã para realizar uma entrega entre a Zona Sul de Juiz de Fora e a Cidade Alta, mas optou por passar pela rodovia e foi paralisado pelos manifestantes.

Outra insatisfação de boa parte dos caminhoneiros se dava pelo fator surpresa da paralisação. Muitos deles tiveram de dormir nos veículos e também havia quem afirmava passar fome enquanto aguardava a liberação para retomar o trabalho. Um trio de condutores relatou que os apoiadores posicionaram a caminhonete com alimentos estrategicamente em frente ao posto de combustível para que os caminhoneiros fossem até o local de concentração de pessoas e “engordassem” a manifestação. Poucos minutos depois do relato, algumas pessoas distribuíram lanches para os condutores.

Manifestação chegou a JF na noite de ontem

A interdição da BR-040, na altura de Juiz de Fora, começou na noite de terça. Inicialmente, foram fechados o km 799, no Bairro Salvaterra, e o km 793, próximo ao Bairro Nova Califórnia. Entretanto, a obstrução no trecho próximo à entrada juiz-forana que leva à Zona Sul foi encerrada logo em seguida, permanecendo o ponto de concentração no km 793. Ainda na terça, a Tribuna esteve no trecho entre os kms 799 e 796 e não constatou existência de fogo, ao contrário do que sugeriam vídeos que circulavam em redes sociais mostrando manifestantes incendiando pneus.

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Nacionalmente, as manifestações começaram logo após o anúncio da vitória do ex-presidente Lula no segundo turno das eleições. Após surgirem pontos esparsos de obstruções, os protestos ganharam corpo e passaram a ser registrados em diversos estados. Em Minas Gerais, as polícias Militar e Rodoviária Federal apontaram 48 pontos de paralisação em rodovias do estado, em atualização divulgada na manhã desta terça.

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