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Trabalhadores reivindicam melhorias na infraestrutura na rodoviária

rodoviaria juiz de fora capa by fernando Copia
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Às vésperas de lançar um novo edital para processo licitatório, que selecionará uma empresa que irá explorar os serviços no Terminal Rodoviário Miguel Mansur pelos próximos anos, funcionários, passageiros e lojistas relatam uma série de dificuldades relacionadas à falta de suporte e estrutura na rodoviária. Eles defendem melhorias, não só para garantir um ambiente mais seguro, mas também para que o local possa atrair o público para além das pessoas que utilizam a rodoviária para embarque e desembarque, com a possibilidade de aproveitamento do potencial que o equipamento possui.

Segundo uma funcionária que terá sua identidade preservada, o quadro de trabalhadores que havia antes da mudança de administração foi reduzido a ponto de afetar a prestação do serviço. “Falta gente para fazer a limpeza essencial. Com isso, os funcionários do próprio guichê e até os lojistas precisam fazer a limpeza. Há uma sobrecarga bem grande. O banheiro exclusivo para funcionários foi extinto, todos usam o mesmo banheiro agora. Falta papel higiênico, sabão e, em plena pandemia, eles não fazem a reposição do álcool em gel para os passageiros.” Ela ainda pontua que instrumentos importantes como os carrinhos para bagagem foram reduzidos.

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A retirada das duas linhas de ônibus que atendiam o terminal é uma das queixas comuns a lojistas e passageiros (Foto: Fernando Priamo)

Outro funcionário, que também terá sua identidade resguardada, disse que, com a diminuição da presença de seguranças, já ocorreram casos de assédio a trabalhadores por parte de passageiros. Além da limpeza, ele argumenta que falta realizar reparos, como no telhado. Segundo ele, durante as chuvas, há várias goteiras e poças. Outra observação é que as lâmpadas não são trocadas. “Na verdade, esse é um problema que vem de longa data. O telhado precisa ser trocado inteiro. Enquanto isso não acontece, seria necessário ter alguma solução temporária. Outro problema recorrente é a falta de energia quando chove. Os sistemas caem, e para tudo.”

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Outra dificuldade citada pelos funcionários é em relação às duas linhas de ônibus que atendiam funcionários e passageiros e foram retiradas do terminal. “As pessoas que trabalham, especialmente as que vão embora de noite, precisam atravessar e ficar esperando em pontos desertos, correndo perigo. Fora que o passageiro, que precisa se deslocar com malas, tem de enfrentar o incômodo de ter que atravessar a rua carregando bagagem pesada, sem poder descer dentro da rodoviária.”

Passageiros também têm queixas

Um passageiro, que preferiu não ser identificado, disse que não encontrou carrinhos disponíveis para colocar as malas. Ele também tem percebido que a rodoviária está mais escura. “Mesmo de dia, a iluminação não está tão eficiente. Também vi goteiras por todos os lados. Se a pessoa não estiver atenta, acaba escorregando.”

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Os caixas eletrônicos ficaram semanas sem funcionar. Na última terça-feira (28), no entanto, as operações nas máquinas voltaram a estar disponíveis após reparo. Os lojistas reforçam que esses problemas têm agravado as dificuldades causadas pela pandemia.

Lojistas se unem para compor associação

Preocupados com os problemas que têm afastado os passageiros e os consumidores do terminal, os lojistas se organizaram para constituir uma associação. Enquanto avançam os preparativos para a formalização da entidade, eles se desdobram para fazer o que é necessário para mudar o contexto que vivenciam. Uma das ações que planejaram foi realizar um mutirão de limpeza, no entanto, teriam sido impedidos pela gerência do espaço.

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“Eles (a Infracea) não deixam de arrecadar. Cobram pelo estacionamento, pelo banheiro e nós, além dos aluguéis, também pagamos condomínio. Quando nós vamos cobrar algo da empresa, eles não nos atendem. É um descaso. Não tem mais prestação de contas”, conta o barbeiro Valdemir Mattos. Ele conta que, quando é preciso fazer algum reparo pequeno, são os lojistas que emprestam as ferramentas para possibilitar o conserto.

“Aguardávamos a reforma do telhado e a possibilidade de instalação de um sistema de refrigeração, como ouvimos em uma audiência pública realizada em 2018. Mas estamos muito longe disso. Há concorrência dos ônibus por aplicativo saindo daqui do lado e nada é feito para melhorar o serviço. Nós não tivemos qualquer apoio nesse tempo todo, inclusive com a pandemia”, explica o comerciante Wagner Ferreira.
A cabeleireira Juliane Farage relata que não há retorno para os pedidos formalizados. Os lojistas, quando não são ignorados, recebem respostas insuficientes para as demandas que apresentam. “Não temos a quem nos dirigir para resolver essa situação, por que a gerência de Juiz de Fora não tem autonomia. Sempre nos dizem para buscar Brasília, mas lá também não obtemos nenhuma resposta.”

Tanto os lojistas quanto os funcionários relatam que existiria também uma prática de cobrança duplicada da taxa de embarque no terminal. “Se o passageiro compra pela internet, a passagem já inclui a taxa, quando chega para embarcar, ele é orientado a pagar de novo. Muitas pessoas que não têm informação acabam pagando duas vezes”, relata Valdemir.

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Os trabalhadores pretendem se mobilizar para tornar o ambiente mais convidativo e receptivo para a população. “Apenas um terço do espaço total da rodoviária é aproveitado. Queremos que as pessoas se lembrem que esse é um espaço aberto ao público, que pode servir a muitas outras atividades culturais, de lazer e até comerciais, como feiras e exposições. Queremos que as pessoas voltem a passar pelo terminal, que elas sintam prazer em estar aqui. Afinal, todo o país se encontra aqui”, ressalta Wagner. Valdemir completa: ” Esse é o ponto em que ocorre o primeiro contato de quem vem de fora com a cidade. Ele precisa apresentar a cidade, ser bonito, agradável e acolhedor. É, por isso, que estamos lutando.”

Visita confirma irregularidades

A convite dos lojistas, a vereadora Laiz Perrut (PT) esteve no terminal para verificar as demandas. Ela esteve no espaço na primeira quinzena do mês. A vereadora conta que foram identificadas diversas irregularidades relacionadas à conservação do espaço. “Eles não mantiveram os quadros de funcionários. Há uma pessoa destacada para a limpeza de dia e outra para a noite, para um local daquele tamanho. O caixa eletrônico não estava funcionando, mas voltou, além da questão dos ônibus, as duas linhas municipais não passam mais pela rodoviária.”Segundo a vereadora, foram feitos encaminhamentos, entre eles, pedidos que foram destinados à Secretaria de Mobilidade Urbana e para a Secretaria de Governo da Prefeitura. A expectativa, segundo Laiz, é a de que a situação do novo edital seja resolvida ainda em outubro. Ela também cobrou o retorno do atendimento das linhas urbanas de ônibus, na sua opinião, não só uma questão de mobilidade e conforto, mas também de segurança. “Estamos acompanhando, porque, do jeito que está, falta papel higiênico no banheiro que é pago, não tem álcool em gel no meio da pandemia. Serviço de manutenção não é feito.” A vereadora afirma ainda que a direção do terminal não quis recebê-la durante a visita.

PJF diz que realiza acompanhamento constante

À Tribuna, a Secretaria de Mobilidade Urbana (SMU) da PJF informou que vem cobrando constantemente a Infracea a respeito da manutenção do espaço. De acordo com a pasta, um relatório completo sobre a atual situação do terminal está sendo concluído, para que, na sequência, a empresa seja notificada para realizar a adequação da unidade. A SMU reiterou que o novo edital para exploração do terminal foi encaminhado para a Subsecretaria de Licitação e Compras no final de agosto.

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O edital de concessão, conforme adianta a SMU, prevê uma série de obrigações quanto à manutenção do espaço, além de novas atribuições e avanços tecnológicos, como a implantação de um sistema de câmeras no terminal e no seu entorno, redes sem fio para conexão com a internet e controle de veículos e passageiros.

A PJF ainda pontuou que a fiscalização é feita por meio de um representante da SMU. Além disso, o Município também afirmou que a retomada da circulação das duas linhas de ônibus que atendia a rodoviária já foi solicitada.

A Tribuna entrou em contato com a Infracea por meio dos canais indicados para demandas de imprensa. Foram questionados todos os pontos tratados na matéria, tanto por e-mail, quanto por mensagens em aplicativo, conforme a empresa orienta. No entanto, até o fechamento desta edição, não houve posicionamento da empresa acerca das reclamações apresentadas.

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