Muito se fala quando o assunto é reajuste das tarifas de ônibus em Juiz de Fora. Poucos, porém, se detêm na análise isenta das variáveis técnicas e dos critérios que regulam o setor. E é com transparência e responsabilidade com as mais de 3.500 famílias de trabalhadores que, hoje, vivem do segmento na cidade, que os Consórcios Integrados do Transporte Urbano de Juiz de Fora (Cinturb) vêm a público prestar os seguintes esclarecimentos.
A busca pela qualidade do serviço é um desafio diário e permanente, mas já são inegáveis os benefícios que os novos contratos trouxeram nos últimos anos para o sistema. Juiz de Fora, hoje, conta com 603 ônibus, que percorrem uma média de 4,2 milhões de quilômetros mensalmente, além de 22 veículos de pequeno porte adaptados para o transporte de pessoas com deficiência.
Depois de um ano e meio sem reajuste, a tarifa de ônibus urbano em Juiz de Fora chegou a setembro de 2017 com uma enorme defasagem. De acordo com os estudos técnicos realizados pelo Cinturb, a tarifa necessária para manter equilibrados os custos de operação (salários, investimentos em frota, combustíveis e outros insumos) do sistema é de R$ 3,37. O reajuste autorizado apenas reduz o déficit dos consórcios com os custos da operação, mas ainda não torna o sistema equilibrado.
Nova tarifa ainda é a menor do Brasil entre médias e grandes cidades
A tarifa fixada pela Settra corrige apenas parte desse déficit, uma vez que foram feitos vários investimentos pelas empresas, em razão dos novos contratos assinados após a licitação pública. São mais de 180 ônibus zero quilômetro nas ruas, com GPS, WI-FI, câmeras de segurança, reconhecimento facial, bilhetagem eletrônica e elevadores de acessibilidade que atendem reivindicações históricas da população de Juiz de Fora.
Mas, é importante que se reconheça que o valor de R$ 3,10, fixado pela Settra, manterá a cidade como a que possui a tarifa mais barata do país entre municípios de igual ou maior porte, conforme tabela abaixo, sendo mais em conta – inclusive – que grande parte dos municípios menores, como Varginha (R$ 3,30), Pouso Alegre (R$ 3,20) e Teófilo Otoni (R$ 3,30).
Entenda o reajuste
O reajuste das passagens, em quase a totalidade dos municípios, é anual. A tarifa é calculada de acordo com critérios técnicos do contrato de concessão e índices da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Fundação Getúlio Vargas (FGV) e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os principais custos do sistema vêm sofrendo seguidas elevações, como é o caso do combustível (que é responsável por 20% do valor da tarifa), dos pneus (5% do valor da tarifa) e da mão de obra (50% da tarifa). Acrescenta-se a isso o impacto que as gratuidades acabam exercendo neste valor. Em Juiz de Fora, esse número se aproxima dos 20% dos passageiros transportados.
As conseqüências dessa realidade sobre os sistemas de transportes são claras: queda de receita e aumento do custo por passageiro transportado, gerando o desequilíbrio econômico-financeiro das redes de transporte.