Ícone do site Tribuna de Minas

Morre o radialista José de Barros

(Foto Felipe Couri/Arquivo Tribuna)
(Foto Felipe Couri/Arquivo Tribuna)
PUBLICIDADE

Morreu neste sábado (1º) na Santa Casa de Misericórdia, o radialista José de Barros, 84 anos. Ícone da história do rádio de Juiz de Fora, ele não resistiu a uma parada cardíaca durante um procedimento cirúrgico para retirada de um tumor na bexiga. O velório acontece na capela 4 do Parque da Saudade, onde será realizado o enterro na manhã de domingo (3). Zé, como era conhecido entre amigos, familiares e o grande público, deixa dois filhos e três netos.

Para o filho Rogério Barros, é o carinho das pessoas que dá força neste momento difícil. “A gente sente orgulho por ele, com toda humildade, ter conseguido marcar a cidade com seu trabalho. Recebemos o carinho e ouvimos muitas pessoas falando que acordavam para estudar e trabalhar ouvindo a voz do meu pai. Tem dez anos que ele encerrou a carreira no rádio, mas ainda é lembrado com tanto afeto. Isso é muito importante para nós.”

PUBLICIDADE

Natural de Conceição do Formoso, distrito de Santos Dumont, José Vicente de Barros nasceu em 18 de janeiro de 1932. Dez anos depois, após a perda do pai, se mudou com a mãe e os irmãos para Juiz de Fora, cidade que sempre mencionou como “do coração”. Foi aqui que trilhou sua trajetória profissional e se consagrou como uma das vozes mais queridas do rádio, onde trabalhou por 55 anos, nas emissoras Rádio Sociedade de Juiz de Fora (PRB-3) e Solar AM. Também atuou como vereador, mas não deu continuidade à carreira política.

PUBLICIDADE

Hora Sertaneja

Foi no comando do programa Hora Sertaneja, durante 37 anos na Rádio Solar AM, que Zé de Barros se fez presente no cotidiano dos juiz-foranos logo pela manhã. O programa começava às 5h, e ia até às 7h, tocando músicas sertanejas e oferecendo informações de utilidade pública e prestação de serviços. “Numa época em que não tínhamos internet e redes sociais, ele foi o porta voz de muitas pessoas ao transmitir mensagens na rádio”, relembra o radialista e colega de trabalho, Paulo César Magella. “Ele nos ensinou muito sobre senso de solidariedade e amor ao rádio.”
Também foi ele o responsável por revelar muitos artistas para o meio musical, como a dupla Chitãozinho e Xororó. “José de Barros foi precursor dos grandes eventos da cidade. Ao realizar o Encontro Sertanejo, ele conseguia lotar o Cine-Theatro Central duas vezes no mesmo dia”, conta Paulo César. “Foi durante este evento, que Chitãozinho e Xororó, ainda meninos, se apresentaram.”

PUBLICIDADE

Reconhecimento

A produtora da CBN e pesquisadora de rádio, Cláudia Figueiredo, escreveu um artigo sobre a história do radialista e a representatividade da cultura sertaneja em Juiz de Fora. “Trabalhei com ele e tive a oportunidade de conhecer uma pessoa e um profissional incrível. Ele sempre despertou essa identidade do sertanejo que vive em todos os brasileiros, até mesmo aqueles que estão na cidade grande. A Conferência Brasileira de Folk Comunicação reconheceu a importância do Zé ao premiá-lo por toda essa representação.”
Ela relembra que o reconhecimento também veio daqueles para quem José de Barros abriu as portas. “Lembro de ter encontrado com ele numa coletiva com a dupla Chitãozinho e Xororó. Quando eles viram o Zé, o abraçaram muito emocionados.”

PUBLICIDADE
Sair da versão mobile