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Ato cobra retorno das aulas presenciais e protesta contra faixa laranja em JF

ato Escolas Abertas foto Fernando Priamo
Manifestação em frente à Câmara Municipal por volta das 14h desta quarta-feira (Foto: Fernando Priamo)
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O movimento Escolas Abertas realizou mais um ato, nesta quarta-feira (1º de setembro), a favor do retorno das aulas presenciais, com modelo híbrido, facultativo e mediante protocolos, nas instituições de ensino públicas e privadas de Juiz de Fora. Desta vez, pais, professores e demais apoiadores fizeram a manifestação em frente à Câmara Municipal e cobraram apoio dos vereadores. Os parlamentares Bejani Júnior (Podemos), Cida Oliveira (PT), Laiz Perrut (PT), Luiz Otávio Coelho – Pardal (PSL) e Mello Casal (PTB) atenderam a convocação dos manifestantes e conversaram com os participantes do ato.

Entre o grupo, há vereadores que concordam ser urgente e necessária a retomada das aulas presenciais nas escolas da cidade e se comprometeram, inclusive, a cobrar da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) o retorno ainda no mês de setembro – o que já foi sinalizado pela própria Administração municipal. As vereadoras Cida Oliveira e Laiz Perrut, partidárias da prefeita Margarida Salomão, entretanto, foram mais cautelosas e condicionaram a cobrança à manutenção do atual cenário epidemiológico da cidade.

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O protesto também foi contra a regressão da cidade à faixa laranja do programa municipal que define regras e protocolos para o enfrentamento à pandemia e ao funcionamento do setor produtivo, estabelecida desde a última segunda-feira. Dessa forma, o ato foi direcionado à PJF que, por outro lado, já sinalizou que deve rever as regras vigentes na faixa laranja, permitindo o andamento de diversos setores econômicos da cidade em condições próximas às previstas na faixa amarela do programa JF pela Vida. Na terça-feira, os vereadores se reuniram com o secretário de Desenvolvimento Sustentável e Inclusivo, da Inovação e Competitividade, Ignácio Delgado, para discussão das atuais medidas restritivas e possíveis adaptações. Em resposta à Tribuna nesta quarta, a Prefeitura informou que não se posicionaria sobre o ato, nem sobre os questionamentos dos participantes.

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O protesto

O ato foi iniciado às 13h e reuniu pouco mais de uma centena de manifestantes em frente ao Palácio Barbosa Lima. Conforme Débora Giacomini, uma das organizadoras e integrantes do movimento Escolas Abertas, a regressão da cidade à faixa laranja teria sido uma manobra da Prefeitura “para impedir o retorno das aulas” no para o mês de setembro. “Nós convocamos a sociedade para esta manifestação. Independente de ter filho matriculado em escola, de concordar com o retorno presencial ou não, não tem porque não se posicionar à nosso favor. A gente não quer obrigar todos os alunos a retornarem ao presencial, a gente quer o direito constitucional e universal dos nossos filhos preservado, de poder retornar às escolas”. O movimento também criticou o fato de uma das condicionantes impostas pela PJF para a retomada ser a imunização dos profissionais da educação como as duas doses da vacina. De acordo com os participantes, essa imposição não teria sido feita a nenhuma outra categoria no município.

Em entrevista à Tribuna, publicada no último domingo, a secretária de Educação, Nádia Ribas, evitou estabelecer uma data para o retorno das aulas presenciais, porém confirmou que o Município trabalha para que isto ocorra já em setembro. Conforme a titular, a retomada da aula presencial em Juiz de Fora será hibrida e seguirá modelo de bolhas.

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Diálogo com os vereadores

Apesar de os integrantes do ato terem convocado, durante a manifestação, demais membros do Legislativo, apenas os cinco vereadores se dispuseram a conversar com os participantes. Em sua fala, o vereador Mello Casal informou sobre a reunião entre os parlamentares e o secretário Ignácio Delgado ocorrida na terça. Segundo Mello, a reunião se ateve a discutir os critério adotados para regressão à faixa laranja e não tratou efetivamente sobre a volta às aulas presenciais. Entretanto, ainda conforme o parlamentar, a Administração municipal teria se comprometido a rever as métricas adotadas para análise dos indicadores que determinam as decisões do Fórum Pela Vida.

A vereadora Laiz Perrut afirmou que estava aberta ao diálogo e que entende os danos que a situação impõe para a educação. Ela, entretanto, pontuou que a Câmara não tem nenhuma novidade em relação ao tema, a não ser a sinalização da Prefeitura, dada em audiência pública na semana passada, em retomar as aulas presenciais ainda em setembro. “Eu vou cobrar junto com vocês se, agora em setembro, as aulas não voltarem”, afirmou a parlamentar, que condicionou a cobrança, no entanto, às condições sanitárias e epidemiológicas adequadas.

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Durante sua fala, a vereadora Cida enfrentou certa resistência dos manifestantes ao pontuar que a situação da pandemia ainda é de alerta. Contudo, Cida concluiu sua fala e afirmou que sabe da importância do ensino presencial para o aprendizado dos alunos. “As coisas estão caminhando. O nosso processo de vacinação está bem encaminhado. A gente quer e defende o ensino híbrido, com protocolos, mas é preciso que tudo esteja alinhado”, defendeu. Após a fala da vereadora, Mello Casal propôs que as partes buscassem dialogar com representantes do Sindicato dos Professores e da Prefeitura para que uma data de retorno pudesse ser definida.

O vereador Pardal também se manifestou e pediu “sensibilidade” da Administração municipal em garantir às crianças o “direito constitucional de acesso à educação”. Já o vereador Bejani Júnior elogiou o ato e afirmou estar, desde o início da sua gestão, trabalhando à favor do retorno presencial. Ele criticou a decisão “sem embasamento” da Prefeitura em retornar à faixa laranja e de ainda não ter definido data exata para retomada das atividades escolares presenciais.

Concentração dos manifestantes em frente ao Palácio Barbosa Lima por volta das 13h (Foto: Carolina Leonel)

Pais e professores apontam prejuízos educacionais

Os prejuízos educacionais e até psicossociais para crianças e adolescentes vêm sendo apontado pelos pais que integram o grupo. A professora de educação infantil da rede municipal Rita de Cássia Xavier Vidigal é mãe de um adolescente de 17 anos. Para ela, além da perda pedagógica, há a preocupação com a saúde psicológica do filho. “Os nosso filhos estão sofrendo em casa, estão ficando depressivos. Eu estou aqui hoje porque sou a favor da gente ter o direito de escolha. Os pais que ainda não têm confiança para deixar o filho ir à escola terão a opção de mantê-los em casa. Mas é preciso que haja essa possibilidade de escolha”, argumenta. Para ela, o prejuízo também está sendo financeiro, já que é professora contratada pelo Município e, desde o ano passado, está sem trabalho.

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Ana Paula Machado da Rocha é mãe de dois alunos, 12 e 15 anos, e professora da rede federal de ensino. Como profissional da educação, ela defende o retorno das aulas presenciais, com modelo híbrido, facultativo e mediante protocolos, e enxerga no modelo remoto muitas falhas educacionais. “Como professora, eu sei que é preciso criar maneiras de pensar o que está acontecendo e criar vínculos de conexão que o modelo on-line não permite. Há uma defasagem de ensino muito grande. Eu percebo que os meus filhos estão perdendo muito em aprendizado, daí o meu desespero para que as aulas voltem. Meus filhos estudam em escola particular, mas há muitas crianças de escola pública que não estão tendo aula (nem de forma remota).”

O déficit educacional no aprendizado da filha de 10 anos, estudante da rede particular de ensino, também foi pontuado pela mãe Luana Cristina de Almeida. Ela também tem um menino de dois anos que frequentava uma creche da rede pública. “Minha filha teve um regressão muito grande em relação a concentração e evolução do aprendizado. A escola dá um suporte no modelo presencial que, em casa, não conseguimos manter, ainda mais com dois filhos, trabalho e funções do dia a dia”, afirma.

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