No meio da corrida mundial pela criação de uma vacina que possa atuar na prevenção do coronavírus, o Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFJF entra com a sua contribuição. O grupo de pesquisadores coordena um estudo que pode chegar ao desenvolvimento de uma vacina oral. Esse é um dos planos de ação do projeto, no entanto, ele não fica restrito à imunização. O trabalho também tem como intenção reduzir a gravidade da doença em pessoas que integram os grupos de risco e ainda identificar quais são os vírus em circulação na Zona da Mata.
Em entrevista à Rádio CBN JF, o professor coordenador do projeto, Cláudio Galuppo Diniz, explicou que, assim como os demais trabalhos que buscam a vacina, ainda há muitas etapas a cumprir. Primeiro há a etapa laboratorial e, depois, três fases clínicas. Mas ele garante que essa corrida não tem ganhador ou perdedor. “Com cada experiência positiva ou negativa, a turma vai conseguindo aprender e perceber onde cada um pode modificar e acertar.”
A abordagem que será usada na UFJF é a de vacina recombinante, na qual não há fragmentos do vírus em sua composição. Nesse caso, a engenharia genética é usada para criar um gene que apresente ao corpo as estruturas do coronavírus. A ideia é que esse mecanismo permita o desenvolvimento da imunidade à doença.
De acordo com o coordenador do estudo, o caminho é longo. O candidato à vacina pode apresentar bons resultados no laboratório, ou na fase em que é testado em animais, mas pode não ter a mesma eficiência em humanos. Ele dimensionou a complexidade das variáveis, lembrando que se trata de uma doença sobre a qual ainda há poucas informações a respeito. “Já existem alguns registros depositados em repositórios de artigos, dados não publicados oficialmente, de que em torno de 30% da população sequer adquire resposta imunológica clássica ao vírus. Em torno de um terço da população, segundo o relato dos grupos chineses, pode não reagir aquilo que conhecemos como resposta imunológica clássica com a produção de anticorpos.”
Desse modo, o desafio é entender quais são os mecanismos imunológicos em relação a toda a população e como isso pode interferir no sucesso de um candidato à vacina. “São vários aspectos. Não é uma pesquisa simples. Não é possível dizer que eu vou produzir, experimentar no laboratório e apresentar no fim do ano para a sociedade, porque é uma coisa bem complexa.”
A pesquisa que será desenvolvida tem o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais e da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais.