Qualquer usuário do WhatsApp, aplicativo de mensagens instantâneas, já se viu irritado com a frequência ou o conteúdo das material que recebe. “Acho corrente a pior coisa e, normalmente, tem muita em grupos formados por parentes”, reclama a publicitária Natália Braga, usuária assídua do mensageiro que recebe milhares de mensagens por dia. “É o ritmo normal. Tem muita bobeira, mas muitas coisas importantes, de trabalho. Hoje em dia nem ligo mais para as minhas amigas, mando áudio pelo WhatsApp”, diz ela. Uma das amigas que costuma estar nas conversas digitadas por Natália ao celular é a também publicitária Maria Fernanda Manna, outra cujo telefone também não para de apitar com notificações do aplicativo. “Acho que para que ninguém se sinta incomodado, o bom senso é essencial. Para que ficar mandando mensagens sem parar para alguém que não está respondendo? Com certeza é porque ela não pode ou não quer”, opina a usuária.
Para a consultora Judith Kallos, especialista norte-americana que cunhou o termo “netiquette” (traduzido seria “netiqueta”, etiqueta para a internet) nos anos 1980, a primeira regra – além do bom senso – que deve existir ao se pensar em mandar uma mensagem no WhatsApp é o quão bem você conhece o interlocutor. “Nossa comunicação é diferente com um amigo em relação a um colega de trabalho com que não temos intimidade, por exemplo. Antes de mandar qualquer conteúdo, é preciso pensar: ‘é algo que essa pessoa iria gostar? Conheço-a bem o suficiente para saber se ela achará este conteúdo interessante? Isso vale para qualquer tipo de mensagem, desde cumprimentos, conversas fiadas a piadas, vídeos e memes”, observa a profissional. (Veja mais dicas na arte abaixo)
Autora do livro “Etiqueta 3.0”, que trata da etiqueta em mídias socais e diversos ambientes web, a consultora Lígia Marques destaca outro problema inerente ao uso do aplicativo: o imediatismo com que alguns usuários esperam ser respondidos, fator agravado quando o software disponibilizou um recurso que mostra duas setinhas azuis quando o destinatário já visualizou a mensagem. “As pessoas tomam isso, muitas vezes, como uma ofensa. Ler a mensagem não quer dizer que se tem o tempo disponível para respondê-la. Cobrar um retorno imediato é muito inconveniente e deselegante”, observa ela. Conectada o tempo todo, Natália confessa que fica ansiosa por uma reposta quando vê os símbolos azuis. “Se mando uma mensagem e alguém visualiza e não responde me dá até uma dorzinha no coração”, diz a publicitária. “Ela faz isso até comigo. Manda uma mensagem, e se eu vejo e não posso responder, já emenda: ‘ô amiga, não vai me responder não?’ “, entrega Maria Fernanda.
Uma novidade que deve causar problemas é a criação de uma versão do WhatsApp para desktop (computadores), o que permitirá que os usuários fiquem conectados mesmo se não houver internet móvel disponível no celular. A possibilidade assusta algumas empresas, mas Judith Kallos dá a dica para não faltar profissionalismo ao usar o aplicativo. “É um conceito básico. Você precisa se lembrar de que está em horário de trabalho e usando recursos da empresa. Você deve se comunicar de uma maneira que respeite esse fato. E é importante lembrar que não se deve ter expectativa de privacidade no horário de trabalho”, destaca.
Confira no vídeo abaixo o bate-papo com Maria Fernanda e Natália, e veja a quantidade de mensagens que elas receberam durante a entrevista.