A vacina da dengue desenvolvida pelo Instituto Butantan, em parceria com o Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos (NIAID), apresentou uma alta taxa de imunogenicidade, conforme publicação da revista científica Human Vaccines & Immunotherapeutics do dia 15 de março. Segundo o artigo, a vacina induziu a produção de anticorpos em 100% dos indivíduos que já tiveram dengue e em mais de 90% de pessoas que nunca pegaram o vírus.
Os resultados referem-se à fase 1 do ensaio clínico, realizada nos Estados Unidos. No momento, a pesquisa já se encontra na terceira fase, sendo que a segunda foi abordada em um artigo na revista The Lancet Infectious Diseases em março de 2020. Nela, a pesquisa mostrou que a vacina induz soroconversão em mais de 70% dos indivíduos contra os quatro subtipos do vírus com apenas uma dose.
Mais de uma década de pesquisa
O desenvolvimento da vacina contra a dengue começou em 2009, e, segundo o acordo com o Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos, será permitida a distribuição em território brasileiro. O estudo alcançou a terceira fase em 2016, com 17 voluntários. No momento, a fase é de acompanhamento, e a previsão é de que seja concluída até 2024.
O Butantan obteve uma patente concedida pelo Escritório Americano de Marcas e Patentes (Uspto) para o processo de produção da vacina, gerando visibilidade internacional ao projeto. Após seis meses, o Instituto fechou um acordo de colaboração e licenciamento com a farmacêutica multinacional Merck, que permite a comercialização da vacina no exterior.
O que é o imunizante
A vacina é desenvolvida a partir de quatro tipos do vírus da dengue atenuados, isto é, enfraquecidos. Eles induzem a produção de anticorpos sem causar a doença e sem prejuízos. Um indivíduo que pegou dengue pode ser reinfectado com o vírus e sofrer sintomas mais fortes. “Por isso é muito importante que uma vacina contra a dengue proteja contra os quatro tipos do vírus ao mesmo tempo, para conferir proteção permanente”, explica o Butantan.
Os vírus utilizados foram cultivados em células Vero de macaco verde africano e, depois, o material foi purificado e seguiu para o desenvolvimento. A última fase é a liofilização, momento que transforma o líquido em pó, e a criação do diluente que é adicionado ao pó na aplicação da vacina.