
Ao menos 64 pessoas, entre policiais e suspeitos, morreram nesta terça-feira (28) durante uma megaoperação nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro (RJ). A ação, que mobilizou cerca de 2,5 mil agentes das polícias Civil e Militar, tinha como objetivo prender integrantes do Comando Vermelho (CV). De acordo com a Polícia Civil, a facção reagiu e lançou bombas por meio de drones.
Durante a ofensiva, 48 escolas tiveram as atividades suspensas nas comunidades, e houve registros de tentativas de bloqueio na Avenida Brasil, além de interferência no funcionamento da Linha Amarela do Metrô. O clima de tensão se espalhou pelas regiões afetadas.
Em coletiva à tarde, o governador Cláudio Castro (PL) informou que ao menos 31 fuzis foram apreendidos. Ele confirmou que há policiais feridos e lamentou a morte do agente Marcos Vinicius Cardoso Carvalho, da 53ª Delegacia de Polícia (Mesquita). “Estamos em estado de atenção e alerta para possíveis retaliações. A polícia está toda na rua e todos os batalhões estão em prontidão”, declarou.
Castro também atualizou o balanço parcial da operação: “Até agora temos 56 criminosos presos, 18 neutralizados, 31 fuzis apreendidos, além de grande quantidade de drogas que ainda não tem como aferir porque eles estão no meio do combate ainda”. O governador cobrou mais apoio do Ministério da Justiça, alegando que o Estado solicitou auxílio federal em operação anterior, mas o pedido foi negado.
O secretário da Segurança Pública do Rio, Victor Santos, destacou as dificuldades enfrentadas pelas forças de segurança. “São aproximadamente 9 milhões de metros quadrados de desordem. Casas construídas de forma irregular, becos que é impossível fazer o patrulhamento. Esses criminosos dominaram essa região. Hoje, por exemplo, utilizaram drones lançando artefatos explosivos contra os policiais e a população. Essa é a realidade, esse Estado de Guerra que a gente vive no Rio de Janeiro”, afirmou.
A Operação Contenção, deflagrada após mais de um ano de investigações conduzidas pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) com o apoio do Ministério Público Estadual, tem como foco prender lideranças do tráfico e conter a expansão territorial do Comando Vermelho.
Participam da ação o Comando de Operações Especiais e unidades da Polícia Militar da capital e da região metropolitana, além de agentes de delegacias especializadas, distritais e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core). O Departamento de Combate à Lavagem de Dinheiro e a Subsecretaria de Inteligência também atuam na ofensiva.
A operação conta com recursos tecnológicos e logísticos de grande porte, incluindo drones, dois helicópteros, 32 blindados terrestres, 12 veículos de demolição do Núcleo de Apoio às Operações Especiais da Polícia Militar e ambulâncias de resgate.
Líder do CV investigado por mais de cem homicídios e execuções de crianças é preso
A Polícia Civil prendeu nesta terça-feira Edgar Alves de Andrade, o “Doca ou Urso”, e Thiago do Nascimento Mendes, o “Belão do Quintungo”, apontados como as principais lideranças do Comando Vermelho no Rio de Janeiro.
Quem é Doca?
De acordo com o MPRJ, Doca é a principal liderança do Comando Vermelho no Complexo da Penha e em outras comunidades da Zona Oeste do Rio, como Gardênia Azul, César Maia e Juramento. Ele é investigado por mais de cem homicídios, incluindo execuções de crianças e desaparecimentos de moradores. Havia 34 mandados de prisão em aberto contra o traficante, de acordo com dados do Banco Nacional de Medidas Penais e Prisões (BNMP).
Doca é apontado como o mandante da execução de três médicos na Zona Sudoeste do Rio em outubro de 2023. As vítimas foram mortas por engano porque um deles foi confundido com o verdadeiro alvo dos criminosos.
Em maio deste ano, o MPRJ denunciou Doca, e outros dois criminosos, pelo ataque a uma delegacia em Duque de Caxias. Segundo as investigações, o criminoso teria ordenado a invasão à unidade, no dia 15 de fevereiro de 2025. Eles respondem por tentativa de homicídio qualificado, dano qualificado, tortura e associação para o tráfico.
Os criminosos tentavam resgatar Rodolfo Manhães Viana, o Rato, preso horas antes da invasão por tráfico e associação para o tráfico, na Comunidade Vai Quem Quer. Armados com fuzis e granadas, os criminosos invadiram a delegacia, feriram dois agentes e torturaram um deles em busca de informações sobre o paradeiro de Rato, que já havia sido transferido para a Polinter na Cidade da Polícia.
Quem é Belão da Quitungo?
Thiago do Nascimento Mendes, o “Belão da Quitungo”, apontado como braço direito de Doca e chefe do tráfico no Morro do Quitungo, na Penha, também foi preso nesta terça-feira.
Havia seis mandados de prisão em aberto contra ele por tráfico de drogas, armas, homicídios, ocultação de cadáver e organização criminosa.
De acordo com o Governo do Rio, Belão teria ordenado a invasão de um prédio na comunidade do Quitungo para fazer cobranças ilegais aos moradores.
A exploração do serviço ajudava a financiar o crime organizado local, que já teria movimentado com o esquema mais de 500 mil reais. Ao todo, 24 apartamentos estariam pagando 700 reais, quase 17 mil por mês para o crime organizado.
*Texto reescrito com o auxílio do ChatGPT e revisado por nossa equipe
