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Com mandado em JF: PF investiga se Abin de Ramagem teria espionado Gilmar, Alexandre de Moraes e Rodrigo Maia

Polícia Federal Operação Vigilância Aproximada Abin
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Com o cumprimento de um mandado de busca e apreensão em Juiz de Fora, a investigação da Polícia Federal (PF) que resultou na operação denominada “Vigilância Aproximada”, na manhã desta quinta-feira (25), apontou que os supostos espionados seriam figuras públicas, como os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, o ex-presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia e o ministro da Educação, Camilo Santana – na época governador do Ceará.

Na operação, que é uma continuação das investigações da Operação Última Milha, deflagrada em outubro do ano passado, a PF cumpre 21 mandados contra suspeitos de participar de espionagem ilegais na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e investiga o que chamou de “organização criminosa”, acusada de se instalar na Agência e usar a estrutura estatal para investigar adversários políticos sem autorização judicial.

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Procurada, a Abin não se manifestou.

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Segundo os investigadores da PF durante a primeira operação, em outubro de 2023, a Abin fez 33 mil monitoramentos ilegais durante o governo Bolsonaro. Do total, 1,8 mil foram destinados à espionagem de políticos, jornalistas, advogados, ministros do STF e adversários da gestão do ex-presidente.

Segundo as investigações da PF, havia tentativa de relacionar os ministros Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes a uma facção criminosa com o intuito de difundir notícias falsas.

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No caso de Camilo Santana, policiais flagraram integrantes da Abin operando drones que sobrevoavam a residência oficial do atual ministro em Fortaleza.

A agência chegou a instaurar um processo administrativo contra dois servidores, mas o caso foi arquivado.

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A investigação também indica que o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia estaria entre as autoridades espionadas ilegalmente. As informações são do jornal O Globo.

PF realiza buscas contra Ramagem

Principal alvo das investigações, o ex-chefe do órgão e hoje deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) esteve à frente do Abin entre julho de 2019 e abril de 2022, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). No período, dois servidores teriam utilizado a estrutura estatal para localizar os alvos da espionagem e foram presos em outubro de 2023. O deputado é pré-candidato do PL à Prefeitura do Rio e teve o apoio de Bolsonaro confirmado em novembro.

Há buscas da PF contra Ramagem no gabinete na Câmara e no apartamento funcional em Brasília. Procurados pelo Estadão, o deputado e a Abin não se pronunciaram até a publicação deste texto. O espaço seguirá aberto para manifestações.

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Deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) (Foto: Valter-Campanato / Agência Brasil)

A ordem para deflagrar a operação foi expedida pelo ministro do STF Alexandre de Moraes. Segundo a investigação, o crime envolvia o uso de ferramentas de geolocalização em dispositivos móveis (celulares e tablets, por exemplo) sem autorização judicial e sem o conhecimento do próprio monitorado.

As investigações apontam para o uso do sistema FirstMile, desenvolvido pela empresa israelense Cognyte (ex-Verint). O software é capaz de detectar um indivíduo com base na localização de aparelhos que usam as redes 2G, 3G e 4G.

Para encontrar o alvo, basta digitar o número do seu contato telefônico no programa e acompanhar em um mapa a última posição.

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Costa Neto diz que operação é ‘perseguição’ de Moraes com o PL e Bolsonaro

O presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, afirmou, nesta quinta, que a operação da Polícia Federal é um “absurdo” e representa “uma perseguição do Alexandre de Moraes com o PL e Bolsonaro”. Valdemar culpou o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), por não ter tomado “providências” contra as operações e opinou que a investigação vai ajudar Ramagem na disputa pela prefeitura do Rio este ano.

“É uma perseguição aberta do Alexandre de Moraes contra o PL e o Bolsonaro”, afirmou Valdemar, lembrando que o ex-presidente foi considerado inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “Já tinha que ter feito um impeachment dele (de Alexandre), para investigar essas decisões. Tem que ser questionadas essas decisões.”

Outro parlamentar do PL, Carlos Jordy (RJ), também foi alvo na semana passada de uma operação da PF.

O deputado federal foi um dos que entrou na mira da 24ª fase da Operação Lesa Pátria, deflagrada no dia 18, que visava identificar “pessoas que planejaram, financiaram e incitaram atos antidemocráticos ocorridos entre outubro de 2022 e o início do ano 2023 no interior do Rio de Janeiro”.

Valdemar afirmou que a sequência de investigações contra deputados representa um desrespeito ao Legislativo. “Na época do Antônio Carlos (Magalhães), do Renan (Calheiros), isso jamais aconteceria. Somos um poder e não fomos respeitados”, disse ele. “A culpa é do presidente do Senado, que é presidente do Congresso, e que tinha que ter tomado previdências. Infelizmente, isso só vamos poder mudar quando elegermos um presidente do PL.”

Valdemar opinou ainda que a operação contra Ramagem não deve prejudicar as chances do deputado na disputa à prefeitura do Rio “Vai acabar é ajudando. O eleitor do Rio é muito esperto”, concluiu.

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