Devido às altas taxas de mortalidade e ocorrência de sequelas, a meningite é considerada uma doença devastadora pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Ela segue afetando diversos locais do planeta, com destaque para o “Cinturão da Meningite”, na África. No Brasil, a doença continua circulando, sendo que, entre 2007 e 2020, cerca de 400 mil casos suspeitos foram notificados ao Ministério da Saúde.
Com objetivo de promover a conscientização e as estratégias de prevenção contra a doença, a OMS estabeleceu o dia 24 de abril como Dia Mundial do Combate à Meningite.
O que é meningite?
É um quadro de inflamação nas meninges, membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal. Por isso, de acordo com a infectopediatra Flávia Jaqueline Almeida, do Hospital Infantil Sabará, em São Paulo, trata-se de um tipo de infecção do sistema nervoso central.
O que causa a meningite?
A meningite pode ser causada por diversos micro-organismos, como bactérias, vírus, fungos e parasitas. Segundo Flávia, contudo, a forma mais comum da doença é a viral e a mais grave, a bacteriana.
De acordo com o Ministério da Saúde, a meningite também pode ser causada por processos inflamatórios derivados de cânceres que atingem a região das meninges, lúpus, uso de algumas drogas, traumatismo craniano e cirurgias cerebrais.
Como ela é transmitida?Via de regra, a transmissão da meningite acontece de pessoa para pessoa, a partir do contato com secreções respiratórias contaminadas, como gotículas do nariz e garganta.
Existe também a possibilidade de transmissão por meio da ingestão de água ou alimentos ou fezes contaminadas, segundo o Ministério da Saúde.
Quais os sintomas?
Os sintomas mais característicos da meningite são febre, dor de cabeça e rigidez na nuca (consequência da inflamação das meninges). O paciente ainda pode apresentar mal-estar, náusea, vômito, aumento da sensibilidade à luz e confusão mental e, nos casos mais graves, convulsões, delírio e tremores, de acordo com o Ministério da Saúde.
Além disso, na septicemia meningocócica, quadro causado pela bactéria Neisseria meningitidis, a doença também pode provocar frieza nos pés e nas mãos e dor nos músculos, nas articulações, no peito ou na barriga, além de manchas vermelhas no corpo, segundo a pasta.
É importante destacar ainda que, em bebês e recém-nascidos, outros sintomas costumam aparecer, como irritação, letargia, moleira saliente e reflexos anormais.
Quais os riscos da doença? O quadro é muito grave, especialmente quando causado por bactérias. Nessa circunstância, de acordo com a OMS, uma em cada seis pessoas acaba morrendo, enquanto uma a cada cinco fica com sequelas, a exemplo de surdez e distúrbios cognitivos.
A entidade alerta que há casos de meningite bacteriana que podem levar à morte em 24 horas.
Quais os grupos de risco?
Pessoas de qualquer idade podem contrair meningite, mas, de acordo com a especialista, as crianças com menos de 2 anos são as mais afetadas e costumam desenvolver os quadros mais graves da doença.
Segundo a OMS, há ainda tipos de meningite que são especialmente perigosos para diferentes grupos etários, como idosos, adolescentes e jovens adultos.
Existe tratamento?
O tratamento varia de acordo com o micro-organismo causador da doença. No caso da meningite provocada por bactérias, o tratamento consiste no uso de antibióticos – que deve ser feito o quanto antes, de acordo com a infectopediatra.
“Nos casos virais, que costumam ser menos graves, não há remédios específicos para o combate da doença, então tratamos os sintomas”, descreve.
De qualquer maneira, quando houver suspeita de meningite, o paciente deve buscar auxílio médico o quanto antes.
Como prevenir?
A principal forma de prevenir a meningite é a vacinação. O Ministério da Saúde disponibiliza cinco vacinas contra a doença pelo Sistema Único de Saúde (SUS) – algumas para grupos específicos.
São elas: a pneumocócica 10-valente (conjugada), a vacina meningocócica C (conjugada) e a BCG, disponíveis para crianças menores de 5 anos, além da pentavalente, que protege também contra outras infecções e está disponível para crianças com até 7 anos, e da meningocócica ACWY (conjugada), disponível para adolescentes de 11 a 14 anos de idade, a depender da situação vacinal.