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Referência do jornalismo, Matías Molina morre aos 87 anos

jornalista Matias Molina
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Morreu nesta segunda-feira (21), aos 87 anos, o jornalista Matías Molina. Historiador por formação e jornalista apaixonado pelo ofício, o profissional trabalhou por quase 30 anos na equipe que tornou a Gazeta Mercantil uma referência na cobertura de assuntos econômicos no país.

Molina nasceu em Madrid, na Espanha, em 25 de julho de 1937. Caçula de seis irmãos, foi para um colégio interno ao perder o pai, em 1942. De origem familiar humilde, precisou de bolsa de estudos para completar a educação formal. Aos 17 anos, se mudou com a mãe para o Brasil, em busca de melhores oportunidades. Em 1970, se naturalizou brasileiro.

Foi correspondente do jornal argentino El Mundo e redator da revista brasileira Direção antes de entrar na Folha de S.Paulo, em 1964. No jornal, conheceu Cláudio Abramo e Roberto Müller Filho, que se transformariam em grandes referências profissionais de Molina.

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Ainda na década de 1960, atuou nas redações de revistas técnicas da Editora Abril e esteve na equipe que fundou a revista Exame, sendo seu primeiro editor-chefe. Posteriormente, com Müller na liderança, foi para a Gazeta Mercantil. Graças ao seu trabalho e dos colegas, o jornal se tornou referência na cobertura jornalística de Economia. Também foi diretor de análise internacional na agência de relações públicas CDN.

Publicou Os Melhores Jornais do Mundo: Uma Visão da Imprensa Internacional (Editora Globo, 2008) e a primeira parte da trilogia A História dos Jornais do Brasil (Companhia das Letras, 2015). Aos 75 anos, ganhou um livro em sua homenagem, Matías M. Molina: O Ofício da Informação, editado pelo filho Maurício L. Martínez.

Depoimentos

Amigos e contemporâneos descrevem Molina como um dos melhores repórteres de sua geração, com texto e apuração excelentes, assim como editor detalhista e chefe rigoroso, mas justo e generoso. Influenciou diretamente diversos jornalistas renomados como Celso Pinto, Angela Bittencourt, Célia de Gouvêa Franco, Cláudia Safatle, José Casado, Miriam Leitão e Vera Brandimarte.

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“Matías Molina foi um exemplo raro de jornalista que se notabilizou ao exercer várias funções da profissão, cada uma delas exigindo qualidades diferentes entre si”, relembra Célia de Gouvêa, que escreveu Gazeta Mercantil: A trajetória do Maior Jornal de Economia do País (Editora Contexto, 2024). “Foi talvez o maior mentor de repórteres no jornalismo econômico. Sabia contratar e treinar jovens jornalistas, muitos dos quais se tornaram estrelas da profissão”, diz, acrescentando que o mestre mudou a vida de muita gente ao dar oportunidade de trabalho nos lugares por onde passou.

Cláudio Pereira era vice-presidente da CDN quando a Gazeta foi descontinuada, em 2009. O então executivo de comunicação – que já conhecia Molina das redações – convocou o amigo para uma tarefa essencial, mediante o atendimento da conta do governo federal à época: realizar a análise de conteúdo internacional na área de inteligência da agência. “Molina foi mais que um jornalista, ele foi um farol no mundo da Economia”, relata o amigo.

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“Sua principal marca, como jornalista, era a exigência na apuração e no acabamento das matérias”, descreve o jornalista Pedro Cafardo, destacando como Molina e Müller Filho transformaram a Gazeta Mercantil, que até os anos 1970 era um mero boletim, no maior jornal de Economia do Brasil. “Em plena ditadura militar, com imparcialidade e coragem, o jornal elevou o nível do debate econômico e conquistou também enorme influência na política.”

Matías Martínez Molina deixa a mulher, Cynthia Malta, e os filhos Maurício e José Victor Longo Martínez. Não foi informada a causa de sua morte. Seu corpo foi sepultado na tarde de ontem no cemitério Morumby, na capital paulista.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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