O oxigênio do submarino desaparecido em busca do Titanic pode ter acabado na manhã desta quinta-feira (22), de acordo com a previsão da Guarda Costeira dos Estados Unidos. No entanto, a projeção não é exata e depende das condições à bordo. Conforme declarações de especialistas na imprensa internacional, o oxigênio pode durar mais que o esperado.
À BBC News, o especialista em medicina hiperbárica da Memorial University, Ken LeDez, explicou que o pânico faria os tripulantes gastarem muito oxigênio, enquanto ficar juntos conservaria calor e o ar respirável. “Depende do quão frio eles ficam e quão eficazes são na conservação de oxigênio”, declarou LeDez.
Segundo ele, ficar sem oxigênio é um processo gradual e não acontece em um ritmo específico. “Não é como apagar uma luz, é como escalar uma montanha: à medida que a temperatura fica mais fria e o metabolismo cai (depende) da velocidade com que você sobe essa montanha”, acrescentou à BBC.
Um fator determinante para isso é a experiência dos tripulantes, entre eles o mergulhador e ex-comandante da Marinha francesa, Paul-Henri Nargeolet. Ele pode aconselhar o restante da tripulação a adotar estratégias para reduzir os níveis metabólicos e estender a duração do oxigênio. Stockton Rush, CEO e fundador da OceanGate, também tem larga experiência em expedições e pode fazer o mesmo, disseram especialistas.
As outras três pessoas a bordo são o empresário paquistanês e seu filho, Shahzada e Sulaiman Dawood, e o bilionário britânico Hamish Harding. Embora admita que não há como saber com exatidão o que se passa dentro do submersível, LeDez acrescenta que as condições podem variar de pessoa para pessoa.
Outros riscos
Ficar sem oxigênio não é o único risco para os tripulantes do submarino. A embarcação pode ter perdido energia elétrica, o que provavelmente afetará o controle de oxigênio e dióxido de carbono dentro da embarcação. Caso o dióxido de carbono esteja em excesso na corrente sanguínea de uma pessoa, isso pode levá-lo à morte.
O ex-capitão de submarinos da Marinha Real Britânica Ryan Ramsey, afirmou que olhou vídeos online do interior do Titan e não conseguiu ver um sistema de remoção de dióxido de carbono, conhecido como depuradores. “Para mim é o maior problema de todos eles”, declarou à BBC.
Ao mesmo tempo, a tripulação corre risco de hipotermia, onde o corpo fica muito frio. Se o submarino estiver no fundo do mar, a temperatura da água será de cerca de 0ºC. Se ele também perdeu eletricidade, não estará gerando energia e, portanto, não poderá gerar calor.
A hipotermia, por outro lado, pode favorecer os tripulantes a conservar oxigênio. Uma vez que eles podem desmaiar, o corpo tentará automaticamente se adaptar para sobreviver. Por outro lado, a hipotermia, a falta de oxigênio e o acúmulo de dióxido de carbono dentro do submarino significam que a capacidade da tripulação de fazer contato com a missão de busca e resgate, como bater no casco em intervalos regulares para tentar atrair a atenção, diminuirá.
Em termos de comida e água, a Guarda Costeira dos EUA disse que a tripulação tinha alguns “suprimentos limitados” a bordo, mas não soube dizer quanto.
Dia crucial no submarino
O suprimento de oxigênio previsto para os tripulantes faz que esta quinta-feira seja considerado o dia crucial das buscas de resgate. Mesmo que os tripulantes consigam estender a duração do ar respirável, é necessário uma corrida contra o tempo para encontrá-los com vida.
O capitão Jamie Frederick, da Guarda Costeira dos EUA, afirmou na quarta-feira, 21, que não queria especular sobre quando a operação poderia terminar. “Às vezes, você fica em uma posição em que tem que tomar uma decisão difícil”, disse ele. “Mas ainda não chegamos lá.”