Alana Gandra – Repórter da Agência Brasil
Professor de bioquímica e biologia celular e molecular da Universidade Federal Fluminense (UFF), Fábio Aguiar Alves, está testando vacinas contra infecções hospitalares causadas pelas bactérias Staphylococcus aureus e Pseudomonas aeruginosa. Os testes, com apoio de alunos de graduação e cinco outros pesquisadores, são feitos na Escola de Medicina da Universidade da Califórnia, em San Francisco, Estados Unidos.
A Staphylococcus aureus é uma bactéria encontrada frequentemente na pele e nas fossas nasais de pessoas saudáveis, mas que pode provocar desde infecções simples, como acnes e furúnculos, até doenças graves, entre elas pneumonia, meningite, endocardite, infecção generalizada, ou sepse.
Já a Pseudomonas aeruginosa é uma bactéria oportunista. Ela raramente causa doenças em um sistema imunológico saudável, mas explora eventuais fraquezas do organismo para estabelecer um quadro de infecção. Como apresenta resistência natural a um grande número de antibióticos e antissépticos, é considerada uma importante causa de infecções hospitalares.
O projeto é inédito e, conforme explicou o professor Fábio Aguiar, trará benefícios para a população mundial. “Meu objetivo é levar para o Brasil o aprendizado e tecnologia sobre a metodologia de testes com novas vacinas e drogas. Afinal, grandes indústrias farmacêuticas têm filiais no nosso país e podemos desenvolver excelentes parcerias com a universidade”, afirmou.
Vice-presidente da Associação Nacional de Biossegurança (ANBio), Cláudio Mafra, professor do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular da Universidade Federal de Viçosa (UFV), informou que, “com certeza, essas vacinas vão colaborar com o processo de qualidade na assistência à saúde”.
O professor da UFF foi convidado a trabalhar na Universidade da Califórnia por causa de estudos realizados sobre biologia molecular e Staphylococcus aureus. Depois de experimentos efetuados em camundongos, as vacinas estão sendo testadas em coelhos. Fábio Aguiar Alves disse acreditar que os estudos e resultados conclusivos devem ocorrer em cerca de três anos.
Saúde pública
As infecções relacionadas com a assistência à saúde (IRAS) são consideradas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) um grave problema de saúde pública, porque apresentam alta morbidade e mortalidade, repercutem diretamente na segurança do paciente e na qualidade dos serviços de saúde, além de elevar os custos de tratamento.
De acordo com o estudo da OMS, a maior prevalência de IRAS ocorre em unidades de terapia intensiva, enfermarias cirúrgicas e alas de ortopedia. O estudo destacou que as infecções de sítio cirúrgico, do trato urinário e do trato respiratório inferior são as que mais ocorrem, principalmente em pacientes que utilizam cateter venoso central (CVC).
Cláudio Mafra citou relatório de 2015 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), segundo o qual o número de infecções, separadas por pacientes adultos e neonatais com cateter venoso, chegou a 22.980 e 6.939, respectivamente, considerando aqueles com identificação de agente etiológico, isto é, agente causador de uma doença.
Nesses pacientes, o Staphylococcus aureus e a Pseudomonas aeruginosa registraram na UTI adultos 2.959 e 2.242 casos, respectivamente (13,2% e 10%). Na UTI neonatal, foram 697 e 262 casos das duas bactérias.