A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) está analisando as informações divulgadas pela Petrobras no processo da troca da presidência da estatal, que, nesta segunda-feira (20), ganhou mais um ingrediente com a renúncia do presidente demissionário, José Mauro Coelho. Segundo a autarquia, a análise é um procedimento padrão em caso de fatos relevantes e nenhuma investigação foi aberta sobre o assunto, o que não descarta uma futura investigação se for necessário.
Primeiro, a Petrobras informou à CVM sobre a saída de Coelho da presidência da Petrobras; meia hora depois, informou sobre a renúncia do executivo ao Conselho de Administração; e 50 minutos depois informou sobre a nomeação do diretor de Exploração e Produção da estatal, Fernando Borges, como presidente interino. A CVM também pediu esclarecimentos à Petrobras sobre o comportamento atípico das ações da companhia desde o dia 3 de junho, tendo em vista as últimas oscilações registradas, o número de negócios e a quantidade negociada.
Em resposta ao ofício da CVM, a Petrobras esclareceu que não tem conhecimento de qualquer ato ou fato relevante pendente de divulgação que possa justificar as oscilações registradas no preço, na quantidade e no número de negócios envolvendo ações de sua emissão. “A companhia reafirma, ainda, seu compromisso com as melhores práticas quanto à divulgação de informações relevantes acerca de seus negócios”, disse a Petrobras em nota à CVM.
Desde que o tom do governo se elevou contra a Petrobras na semana passada, as ações da companhia têm perdido valor de mercado. Nesta segunda-feira, porém, os papéis voltaram a subir e, por volta das 15h, as ações preferenciais operavam em alta de 1,14%, e as ordinárias, subiam 0,74%.
Pressão resulta em demissão de José Mauro Coelho
Depois de o Governo aumentar a pressão, o presidente demissionário da Petrobras, José Mauro Coelho, pediu para deixar o cargo na manhã desta segunda. Indicado pelo governo de Jair Bolsonaro para o cargo, tomou posse em 14 de abril e foi demitido no dia 23 de maio. A saída do cargo abre caminho para que o novo indicado pelo governo, Caio Paes de Andrade, tenha sua posse acelerada.
Após o pedido do José Mauro, a Petrobras informou que o diretor de Exploração e Produção da Petrobras, Fernando Borges, ficará como presidente interino da estatal. Agora, o Conselho de Administração da empresa terá que se reunir para nomear Caio Paes de Andrade como membro do Conselho, para que ele possa assumir a presidência e promover mudanças na diretoria, como quer o presidente Jair Bolsonaro.
Um dos motivos do atraso da posse de Caio Paes tem a ver com seu currículo. No documento entregue à Petrobras, consta que o indicado, graduado em comunicação social pela Universidade Paulista, é “pós-graduado em Administração e gestão pela Harvard University” e “mestre em administração de empresas pela Duke University”. Mas seus diplomas não foram homologados no MEC e, portanto, não têm validade no Brasil.
Ofensiva dos caminhoneiros volta a ganhar força
A ofensiva dos caminhoneiros contra o Governo e a gestão de preços dos combustíveis pela Petrobras ganhou ainda mais força, depois das declarações feitas pelo presidente Jair Bolsonaro e o presidente da Câmara, Arthur Lira, que falaram em CPI sobre a gestão da estatal. “O país vai parar naturalmente, por não ter mais condições de rodar”, disse o presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, conhecido como “Chorão Caminhoneiro”.
Um dos principais líderes da categoria, Landim afirma que o Governo federal tem adotado medidas sem eficácia, apenas norteado por interesses eleitorais, e que Bolsonaro descumpriu compromissos que teria assumido com os profissionais de transporte, como a alteração da política de preços usada pela Petrobras, que se baseia em oscilações internacionais para definir sua tabela no país.
“Vamos acordar, se unificar e ir para cima da Petrobras. E quando eu falo ir para cima da Petrobras, é ir para cima do Governo federal, também. Quem nomeia o presidente da estatal é o senhor Jair Messias Bolsonaro, que fez um compromisso para nós de mudar esse preço de paridade de importação em 2018. Por isso nós acreditamos no senhor”.