Treze pessoas morreram e mais de 100 ficaram feridas, nesta quinta-feira (17), após um atentado terrorista em La Rambla, no Centro de Barcelona, uma das regiões mais turísticas da cidade. A polícia catalã confirmou que uma pessoa relacionada ao atentado foi presa, mas não divulgou o nome do suspeito. O grupo extremista Estado Islâmico assumiu a autoria do atentado.
Não se sabe ainda se a pessoa presa é Driss Oukabir Soprano, um indivíduo de 1,70 metro de altura, apontado como o responsável pelo aluguel da Van que atropelou dezenas de pessoas no centro de Barcelona. Sua fotografia foi divulgada. A imprensa local disse que a polícia encontrou uma segunda Van, que estaria conectada ao ataque de Barcelona. Depois do atropelamento, o terrorista teria deixado o veículo e realizado alguns disparos durante a fuga. Suas contas nas redes sociais estão sendo investigadas na tentativa de obter pistas sobre possíveis cúmplices.
O advogado juiz-forano Mateus Machado Ferreira, que está de férias em Barcelona desde a última segunda-feira (14), afirmou em entrevista à Tribuna que as ruas estão vazias na região central. Mateus e a esposa haviam planejado de ir ao bairro, que é um local turístico, mas devido ao tempo quente, decidiram ficar mais tempo na praia e escaparam da tragédia. “Por sorte, eu e minha esposa Bianca não fomos atingidos”, disse.
Segundo ele, quando estava no metrô a caminho de La Rambla, foi informado sobre o atentado e, por isso, a estação de destino havia sido fechada. Muitas pessoas ainda estavam sem saber direito o que tinha ocorrido e buscavam informações.
O casal decidiu ir para outro lugar, onde estaria ocorrendo uma festa, semelhante ao carnaval brasileiro, mas, ao descerem na estação, constaram que o trânsito estava impedido, e o evento, cancelado. “A orientação da polícia era para que todos voltassem ou permanecessem em suas casas. Muitas ambulâncias passavam pelas ruas. É muito triste passar por isso e ver o sofrimento das pessoas”, declarou o advogado.
À Tribuna, ele disse que conversou com um amigo, que é nascido em Barcelona, mas já morou no Brasil. Ele teria retornado à cidade espanhola para fugir da violência do Rio de Janeiro. Mas, a preocupação com os atentados sempre traziam dúvidas sobre a permanência ou não no país. “Agora que o atentado se concretizou, ele teve a noção de quanto as pessoas são vulneráveis a essa situação”.
“É impossível você não ficar paralisada com a violência gratuita, com o fato de estar acontecendo algo tão trágico no coração da cidade”, declarou a jornalista e empresária Joana Gonçalves. Ela é proprietária de uma empresa numa cidade próxima a Barcelona, em Sant Cugat, e, apesar de saber que sua família já estava em casa e não corria riscos, Joana foi atrás de detalhes sobre o atropelamento. Segundo ela, muito do que está publicado não retrata a realidade.
“Sabíamos que a ameaça era iminente com França, Alemanha e Inglaterra sendo atacadas. Mas a gente sempre acha que vai conseguir sair ileso, e não foi assim. Ainda que você tente não se sentir contra a parede, com medo, é impossível. Mais uma vez, os inocentes estão pagando as contas de uma guerra que nem é deles”, finalizou.
Risco iminente
Desde junho de 2015, a Espanha está em nível 4 – de uma escala de até 5, quando o risco é considerado elevado e iminente – de alerta antiterrorista. A decisão de elevar o nível se deu com a avaliação de que o país estaria sob ameaça depois que ocorreram ataques na França. A entrada em funcionamento do Nível 4 em 2015 significa uma maior vigilância de infraestruturas consideradas críticas, como estações, aeroportos e usinas nucleares, além de ativação de todas as unidades policiais dedicadas à prevenção, investigação e informação na luta contra o terrorismo.
O acesso às estações de metrô da região foi fechado em uma das cidades que mais recebem turistas nesta época do ano, quando é verão no Hemisfério Norte e a maioria dos alunos está em férias.