Uma mulher, de idade não informada, faleceu no dia 28 de dezembro com sintomas da síndrome nefroneural no município de Pompéu, no Centro-Oeste de Minas. A moradora esteve em Belo Horizonte a passeio, entre os dias 15 e 21 de dezembro, em residência familiar no Buritis, bairro que concentra a maioria dos 17 casos já notificados. Parente da vítima confirmou a ingestão da cerveja Belorizontina no período. A informação foi divulgada na manhã desta terça-feira (14) pela Secretaria Municipal de Saúde de Pompéu e indica o segundo óbito por intoxicação por dietilenoglicol, após consumo da bebida da Cervejaria Backer.
Segundo a nota oficial da Secretaria Municipal de Saúde de Pompéu, “medidas estão sendo articuladas juntamente às autoridades de saúde hierarquicamente superiores, regional e estadual, para melhor esclarecimento dos fatos”. Ainda conforme a comunicação, diante do óbito ocorrido em 28 de dezembro, em que a paciente apresentou sintomatologia característica da síndrome nefroneural, foi realizada apuração, com posterior notificação e encaminhamento ao Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs). “No momento, toda a Secretaria Municipal de Saúde, Pronto Atendimento e familiares estão no aguardo de retorno do caso.”
A suspeita, no entanto, ainda não foi contabilizada pela Secretaria de Estado de Saúde (SES). Em atualização dos casos de síndrome nefroneural divulgada nesta terça-feira, a pasta informa que há 17 casos suspeitos, sendo quatro confirmados, incluindo o caso do bancário Paschoal Demartini Filho, morador de Ubá. Além deste caso, a Zona da Mata pode ter outro paciente com a síndrome, já que uma mulher, internada em Viçosa, a 170 quilômetros de Juiz de Fora, apresentou sintomas correspondentes à intoxicação por dietilenoglicol. Ainda conforme a nota, dos outros casos suspeitos, 12 foram notificados em Belo Horizonte, um em Nova Lima, na Região Metropolitana da capital, um em São João del Rei, no Campo das Vertentes, e um em São Lourenço, no sul de Minas.
A mulher, com quadro clínico de doença renal, afirmou ter consumido cerveja Belorizontina. Em quatro casos já foi comprovada a intoxicação pela substância, incluindo o bancário morto em Juiz de Fora. Ele também consumiu a cerveja no Bairro Buritis, antes do Natal, e o genro dele está internado. As outras 13 notificações continuam sob investigação, mas as vítimas apresentaram os mesmos sintomas de insuficiência renal e complicações neurológicas, com relatos de exposição ao produto contaminado.
“As investigações iniciais realizadas indicaram que os pacientes notificados apresentaram os primeiros sintomas após ingerir a cerveja Belorizontina, da marca Backer. Os sintomas clínicos dos pacientes levantaram as hipóteses de intoxicação exógena por dietilenoglicol”, pontuou a SES. Na segunda, a Polícia Civil confirmou ter encontrado a mesma substância em amostras de três lotes da cerveja (L1 1348, L2 1348 e L2 1354) e também no tanque de refrigeração de um dos tonéis usados na produção da empresa, periciada na semana passada. A cervejaria investigada nega o uso do componente químico em seu processo de produção e admite apenas o uso de monoetilenoglicol no resfriamento. O componente também foi achado em menor quantidade nas bebidas, mas não foi detectado no sangue de pacientes internados.
“A Secretaria de Estado de Saúde continuará a investigação epidemiológica e clínico-laboratorial dos casos, incluindo a emissão de notas técnicas para orientação aos serviços e profissionais de saúde e divulgação periódica de informações atualizadas à população.”