Com a persistência da inflação em patamar alto e a volta do risco fiscal, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a Selic (a taxa básica de juros) em 1,00 ponto porcentual, de 4,25% para 5,25% ao ano, nesta quarta-feira (4).
Este foi o quarto aumento consecutivo dos juros e representa uma aceleração do aperto monetário. Nas três decisões anteriores, o BC havia subido a taxa em 0,75 ponto porcentual. Além disso, o BC já sinalizou um novo aumento de mesma magnitude na próxima reunião. Com isso, a Selic pode chegar a 6,25% já em setembro.
Com a decisão desta quarta, a Selic está no maior patamar desde outubro de 2019 – antes da pandemia de Covid-19. Com a crise sanitária, o BC fez um primeiro movimento no sentido de acelerar os cortes da taxa, que se manteve no mínimo histórico de 2% ao ano de agosto do ano passado a março deste ano. Em um segundo movimento, iniciado em março, o BC recomeçou a elevar a Selic, numa tentativa de controlar a inflação.
O aumento do juro básico da economia reflete em taxas bancárias mais elevadas, embora haja uma defasagem entre a decisão do BC e o encarecimento do crédito (entre seis meses e nove meses). A elevação da taxa de juros também influencia negativamente o consumo da população e os investimentos produtivos.
Os aumentos sucessivos da Selic são uma tentativa do BC de segurar a inflação no Brasil. A escalada dos preços de alimentos, combustíveis e energia elétrica fez com que os economistas do mercado financeiro já projetem inflação de 6,79% para 2021, conforme o Relatório de Mercado Focus. O documento é uma compilação feita pelo BC das projeções do mercado para os principais indicadores da economia.