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Incêndio no Museu Nacional destrói maior acervo histórico do país

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Incêndio destruiu Museu Nacional do Rio de Janeiro (Tânia Rego/Agência Brasil)

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Incêndio destruiu Museu Nacional do Rio de Janeiro (Tânia Rego/Agência Brasil)
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O incêndio no Museu Nacional do Rio de Janeiro, situado na Quinta da Boa Vista, na capital fluminense, foi controlado apenas por volta das 3h da manhã desta segunda-feira (3). Porém, os bombeiros continuam no local fazendo o trabalho de rescaldo e de combate a outros focos de fogo. As informações são do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro. Até o momento, não há registros de focos de incêndio na mata que cerca o museu, localizado em um parque nacional.

O Corpo de Bombeiros informou que a partir das primeiras horas desta manhã homens de 13 quartéis e 24 viaturas estariam no local. Integrantes da Polícia Federal, Polícia Militar e da Guarda Municipal, além de profissionais de saúde, também foram chamados para colaborar com os trabalhos.

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Vários diretores, funcionários e pesquisadores do Museu Nacional passaram a noite no local acompanhando os trabalhos e tentando colaborar. Havia preocupação com as dificuldades em controlar as chamas, a ausência de água e o risco de desabamento.

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Oficialmente, o Corpo de Bombeiros informou que não há ainda dados sobre as causas do incêndio. Ontem (2), funcionários do museu relataram problemas na obtenção de água, pois dois hidrantes não funcionaram no momento em que os bombeiros estavam no local.

Como o museu está em uma colina, no parque nacional, há uma série de limitações para o fornecimento de água. Os bombeiros confirmaram que o abastecimento de água foi feito por carros-pipa, cedidos pela companhia de água e esgoto do Rio de Janeiro.

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Museu tem perfil acadêmico e científico

Mais antiga instituição histórica do país, o Museu Nacional do Rio foi fundado por D.João VI, em 1818. Tem nota elevada por reunir pesquisas raras, como esqueletos de animais pré-históricos (dinossauros) e múmias.

O local foi sede da primeira Assembleia Constituinte Republicana de 1889 a 1891, antes de ser destinado ao uso de museu, em 1892. O edifício é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

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No acervo, com cerca de 20 milhões de itens, há diversificação nas peças, pois reúne coleções de geologia, paleontologia, botânica, zoologia e arqueologia. Há, ainda, uma biblioteca com livros com obras raras.

O Museu Nacional do Rio oferece cursos de extensão e pós-graduação em várias áreas de conhecimento.

Tristeza e descrença

Pouco tempo depois do início do incêndio, dezenas de funcionários do museu começaram a chegar à Quinta da Boa Vista, onde fica o Museu Nacional no Rio de Janeiro. Muitos choravam, enquanto outros observavam as labaredas tomando conta do prédio. O clima é de tristeza e descrença no que ocorre no local.

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Em meio à fuligem e ao calor intenso, todos acompanhavam sem querer acreditar no que os olhos viam. Pesquisadores, estagiários, professores e estudantes. O Museu Nacional do Rio é referência internacional em pesquisas e acervo.

O museólogo Marco Aurélio Caldas chegou ao local assim que soube do incêndio. Trabalhando há nove anos no museu, ele disse que quando chegou ao local o fogo consumia apenas uma parte do prédio histórico, mas que aos poucos a fumaça aumentou e as chamas acabavam com tudo.

“Um trabalho de 200 anos de uma instituição científica. A mais importante da América Latina. Acabou tudo. O nosso trabalho, a nossa vida estava aí”, disse Caldas, demonstrando não acreditar no que assistia.

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Temer diz que incêndio provocou perda “incalculável”

O presidente Michel Temer lamentou na noite deste domingo (2) o incêndio que atinge o Museu Nacional do Rio de Janeiro. Em nota, ele lembrou que foram “perdidos 200 anos de trabalho, pesquisa e conhecimento”. Temer classificou o episódio como perda “incalculável”.

“Incalculável para o Brasil a perda do acervo do Museu Nacional. Hoje é um dia trágico para a museologia de nosso país. Foram perdidos duzentos anos de trabalho, pesquisa e conhecimento.”

Em seguida, a nota afirma que: “O valor para nossa história não se pode mensurar, pelos danos ao prédio que abrigou a família real durante o Império. É um dia triste para todos os brasileiros”.

O Corpo de Bombeiros do Rio foi acionado às 19h30. Segundo a assessoria dos bombeiros, homens de quatro quartéis trabalham no local que fica dentro do parque nacional da Quinta da Boa Vista. O prédio tem três andares e o fogo toma de conta de boa parte da construção. Não há registro de feridos.

MEC informa que apoiará UFRJ na recuperação do Museu Nacional

O ministro da Educação, Rossiele Soares, afirmou hoje (2) que não serão medidos esforços para auxiliar a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) para recuperar o patrimônio atingido pelo incêndio no Museu Nacional, que fica na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro.

Em nota, o MEC lamentou o episódio. “O Ministério da Educação lamenta o trágico incêndio ocorrido neste domingo no Museu Nacional do Rio de Janeiro, criado por DomJoão VI e que completa 200 anos neste ano.”

Rossiele Soares reiterou o empenho e apoio à UFRJ. “O MEC não medirá esforços para auxiliar a UFRJ no que for necessário para a recuperação desse nosso patrimônio histórico.”

O ministro da Educação, Rossiele Soares, afirmou hoje (2) que não serão medidos esforços para auxiliar a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) para recuperar o patrimônio atingido pelo incêndio no Museu Nacional, que fica na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro.

Em nota, o MEC lamentou o episódio. “O Ministério da Educação lamenta o trágico incêndio ocorrido neste domingo no Museu Nacional do Rio de Janeiro, criado por DomJoão VI e que completa 200 anos neste ano.”

Rossiele Soares reiterou o empenho e apoio à UFRJ. “O MEC não medirá esforços para auxiliar a UFRJ no que for necessário para a recuperação desse nosso patrimônio histórico.”

 

Museu foi fundado em 1818

Mais antiga instituição histórica do país, o Museu Nacional do Rio foi fundado por D.João VI, em 1818. É vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com perfil acadêmico e científico. Tem nota elevada por reunir pesquisas raras, como esqueletos de animais pré-históricos e múmias.

O local foi sede da primeira Assembleia Constituinte Republicana de 1889 a 1891, antes de ser destinado ao uso de museu, em 1892. O edifício é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

No acervo, com cerca de 20 milhões de itens, há diversificação nas peças, pois reúne coleções de geologia, paleontologia, botânica, zoologia e arqueologia. Há, ainda, uma biblioteca com livros com obras raras.

O Museu Nacional do Rio oferece cursos de extensão e pós-graduação em várias áreas de conhecimento. Para esta semana, era esperado um debate sobre a independência do país. No próximo mês, estava previsto o IV Simpósio Brasileiro de Paleontoinvertebrados no local.

 

Nota de pesar

Em comunicado enviado à imprensa, a UFJF prestou solidariedade à UFRJ e chamou o desastre de “tragédia anunciada”. Veja a íntegra da nota:

“A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) vem a público prestar solidariedade à comunidade acadêmica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O incêndio no Museu Nacional, ocorrido no domingo, dia 2 de setembro, à noite, expressa uma tragédia de grande magnitude para nossa memória e história.

Não foi uma fatalidade. O incêndio revela-se como uma tragédia anunciada.

O corte de gastos que as universidades vêm sofrendo, vinculado à visão estreita de um ajuste fiscal realizado a qualquer custo e expresso, de forma acintosa, na PEC 95 (emenda do teto de gastos), alia-se ao descaso com que o nosso patrimônio cultural e histórico vem sendo sucessivamente tratado pelo Governo central, configurando o contexto de combustão que precipitou o incêndio de nosso acervo.

A solidariedade à comunidade acadêmica da UFRJ e o repúdio à forma como este Governo vem tratando o bem público é um dever de todos aqueles que, nestes tempos sombrios, ainda lutam e resistem para que as luzes da razão e do humanismo não sejam ofuscadas pelo obscurantismo que tem se ampliado em nossa sociedade.

Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)”

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