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‘Gente que fez a Tribuna’: Renato Henrique Dias e a sinfonia das teclas

Ao som da sinfonia dos teclados da máquina de escrever

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Renato Henrique Dias, Jornalista da Tribuna entre agosto de 1981 e agosto de 1993, e de janeiro de 1996 a outubro de 2003

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A redação do então embrionário Tribuna de Minas fervilhava de pessoas que circulavam pra lá e pra cá, no cumprimento de seus trabalhos, na geração de um jornal que nasceu na madrugada de 1º de setembro de 1981. Eram dezenas de jornalistas, entre profissionais experimentados, vindos de outros jornais, e, principalmente, de recém-formados, meninos e meninas que estavam deixando a universidade, trazendo em suas mãos o canudo da diplomação e, no coração e na mente, a intensa vontade de mudar o mundo a partir daquela missão de ser jornalistas. Jornalistas de verdade. Na reação de suas jovens fisionomias estavam estampadas a emoção, a coragem, a insegurança e o amor pela profissão, mas, principalmente, a vontade de acertar. E errar, também, para continuar aprendendo, sempre.
A redação ficava lá no alto da Rua Halfeld, no entorno do vetusto e belo prédio da Academia de Comércio. Ali, cercados por pequeno bosque, e sob a sombra daquele icônico e histórico monumento arquitetônico de Juiz de Fora, tendo a cidade a seus pés, uma nova geração de profissionais da imprensa participava da gigantesca missão de criar um jornal. Eram jovens de muitas outras terras, principalmente do interior de Minas, do sertão do estado e até de outras paragens, incluindo o Rio. E de Juiz de Fora também, é claro. Na condição de secretário de redação, tinha eu contato constante com todos esses calouros da comunicação. E fiquei conhecendo, respeitando e admirando suas vontades. Todos queriam fazer de tudo, ocupar seu lugar nas editorias de política, economia, cidade, esportes, nacional e internacional, e, com muito mais vontade ainda, estar nas coberturas das artes e da cultura, já que a Tribuna abria espaço relevante e importante para a divulgação do que era produzido em Juiz de Fora em todos os setores artísticos e culturais.
A ansiedade de cada um era o mais vivo exemplo da certeza de que a Tribuna nascia sob a grandeza das mãos de uma geração que sabia – e soube – reconhecer aquela importante oportunidade de serem os geradores de um veículo de comunicação que nascia nas trilhas de um “jornal novo nas ideias e objetivos”, como pregava seu primeiro editorial. Ainda no pipocar das teclas das pesadas máquinas de escrever – onde se praticava a datilografia – os dedos ágeis e jovens daqueles novos profissionais promoviam o ressoar das palavras redação adentro, na tonalidade sinfônica de parágrafos e páginas noticiosas, na equilibrada modulação de informações em seus lides e corpo de reportagem que, no outro dia, estaria compondo as páginas do novo jornal, em sua elegante diagramação e visual plástico, enriquecidos pelas imagens fotográficas ali estampadas.
Era a concretização de um dos grandes sonhos do empresário Juracy Neves e a demonstração de talento, sensibilidade e capacidade de uma geração novinha em folha, pronta para encarar um futuro que revelaria, entre eles, grandes homens e mulheres a serviço da comunicação Brasil afora, ou da academia, geradora, por sua vez, de novas capacidades intelectuais da área de comunicação. Quarenta anos depois, com todas as incertezas que vivemos, políticas, sociais, econômicas e culturais, fica a certeza de que o ato de informar, de transmitir a notícia, independente de seu formato tecnológico, sempre dependerá da verdade, da honestidade e da emoção de quem escreve, fala ou interpreta a notícia. E essa lição já estava na mente de todos aqueles profissionais que, há quarenta anos, ao darem vida à Tribuna de Minas, promoveram a grande revolução da comunicação em Juiz de Fora, através da atitude de Juracy Neves e da capacidade de tantos profissionais, experientes ou aprendizes, que acreditaram na emoção de concretizar um sonho.
Ao som harmônico das máquinas de escrever.

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