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‘Gente que fez a Tribuna’: Juliana Prado, a paixão pela escrita e pela política

juliana prado by arquivo pessoal CAPA

Jornalismo em penca: da paixão pela escrita e pela política

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Juliana Prado, repórter da Tribuna entre 2003 e 2010

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Foi mais ou menos assim:
– Alô!
– Oi Juliana, tudo bem? Nos passaram seu contato. Gostaria de contar com você na Tribuna. Pode vir até aqui pra gente conversar?
– Quando?
– O mais rápido possível. Estamos como queijo suíço, cheios de buraco.
O ano era 2003 e a Tribuna buscava repor seu quadro de jornalistas. Muitos haviam migrado para o jornal recém-criado, o Panorama. Eu nunca esqueci a sinceridade cortante que a então editora executiva Denise Gonçalves usou pra me convidar a trabalhar no principal jornal de Juiz de Fora.
Assim foi. Eu e colegas jornalistas começamos a chegar devagar e com muita vontade de fazer história ali. Mas antes do martelo ser batido (só tempos depois fui saber disso), o diretor do jornal, o PC Magella, tinha sido devidamente… alertado. “Cuidado, a Juliana é ligada a partido político.” Não me cabe aqui identificar nem o emissário e nem a mentira. Pois não é que PC retrucaria sem pensar duas vezes? “É mesmo? Que bom que ela gosta de política, estamos precisando de pessoas com esse perfil.”
E foi assim que tudo começou. Entrei na Tribuna e, com a graça das deusas do Planalto, fiquei anos fazendo a coisa que mais me instiga na carreira: falar sobre e cobrir política. Foram inúmeras as coberturas de disputas eleitorais ao lado de colegas incríveis, os quais não vou citar aqui pra não ser injusta se esquecer alguém. Eles sabem bem quem são. Afinal, foram inúmeras as noites pós-trabalho em que, afogados em umas doses de indignação, discutíamos os rumos muitas vezes tristes e ora alegres que a cidade tomava.
Ah, se minha mesinha de centro, que recebia nossos “debates” no apartamento do Cascatinha falasse… Diria coisas que nem sonha a vã filosofia de seu Tarcísio Delgado, seu Custódio Mattos… Alberto Bejani. Da forma com que podíamos, íamos contando os caminhos e descaminhos desses governos municipais, que ficaram marcados na história de Juiz de Fora.
Fiquei na Tribuna entre 2003 e 2010. Foram tempos de Itamar Franco (orbitando embaixadas e governos estaduais e sendo eleito senador), de Lula na presidência, de Aécio e Anastasia esquentando por anos as cadeiras do Palácio da Liberdade. E, a partir da redação da Tribuna, a gente ia tentando escrever essa história da melhor forma possível. Éramos poucos, mas tínhamos tanta paixão por contar sobre aquele tempo, que parecíamos uma penca.
Depois de uns anos migrei pra Cultura, onde também fui feliz no querido Caderno 2. Mas acho que até ali, no 2, eu punha minha paixão política no papel. Certo dia, sufocada pelas montanhas da minha amada Minas, dei adeus. Os afetos que construí na Tribuna foram tantos que acho que tive umas seis despedidas.
Um pouco mais velha que você (ó sais!), me dou o direito de te pedir, Tribuna: tenha força pra seguir, exatidão de propósitos, sangue nos olhos, faca nos dentes e caneta firme, daquelas de rasgar papel. Sim, sempre haverá de se fazer bom jornalismo com bloco, caneta, vontade e papel. Não importa a plataforma. A democracia se faz é escrevendo. Fato e depois história.

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