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‘Gente que fez a Tribuna’: Regina Campos, do audiovisual à palavra

Dos segundos para os centímetros

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Regina Campos, editora da Tribuna de 2009 a 2020

Regina Campos em uma das várias paradas da caminhada entre Juiz de Fora e Aparecida (Foto: Arquivo pessoal)

Cheguei à Tribuna em 2009, depois de dez anos trabalhando em rádio e 11 em TV. Era meu primeiro contato com o texto impresso, para ser “lido”, medido em centímetros, após 21 anos de texto “falado”, contado em segundos. Uma nova técnica, uma forma diferente de abordar os mais diversos assuntos e a responsabilidade de estrear no novo veículo já como editora. “É sua experiência jornalística que conta”, tentavam me acalmar os generosos companheiros que me abriam as portas para o novo desafio.

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Era preciso aumentar a letra do computador para conferir vírgula por vírgula. E quantas escaparam… Dizer em três ou quatro palavras o que o leitor encontraria no texto abaixo. “Um bom título chama leitura”, me diziam. “Dá para diminuir a letra para fazer caber?”, pensava. “Quem foi a pessoa que criou esse modelo de página? Aqui não cabe nada.”

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E assim, desbravando a arte de cortar palavras, fui me apaixonando pelo mundo da escrita, do jornalismo que aprofunda, que investiga, que consegue tirar algo novo de um assunto que amanheceria velho. E como me apaixonei…

Minha função era cobrir o editor que estivesse de férias, o que me permitia passar cada mês em uma editoria diferente: economia, cidade, política, esportes, cultura, Brasil/Mundo e internet. A cada 30 dias uma nova equipe me estimulava a querer sempre o melhor para o leitor.

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E com o passar dos anos fui me tornando uma espécie de coringa, conhecia a fundo todas as editorias e suas características, o que me permitia uma visão geral do jornal. Em 2019 me senti desafiada a deixar a redação para uma grande cobertura como repórter: acompanhar por dez dias a caminhada de 300km, entre Juiz de Fora e Aparecida, de 87 romeiros.

O “Fé na Estrada“, que envolveu também a Rádio CBN, o site e a web TV da Tribuna, começou com colunas dominicais sobre minha preparação, a logística e o trajeto da caminhada. A cobertura passou a ser diária logo no primeiro dia da caminhada.

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A proposta era caminhar ao lado dos romeiros para entender o significado da fé, além de contar as histórias individuais de cada um. Foram dez dias andando por estradas de terra e asfalto, dormindo em fazendas, escolas, igrejas, quadras e convivendo de perto com as dores e as alegrias de pessoas que até então eu não conhecia, mas que marcaram para sempre a minha vida.

Este projeto me permitiu ser repórter, cinegrafista e fotógrafa, tudo ao mesmo tempo. Era só eu, com minha vontade de conhecer tudo sobre aquele universo, e meu celular para captar toda aquela emoção que vivemos na estrada.

Foi, sem dúvida, o trabalho mais impactante que realizei em meus 34 anos de jornalismo. Um sonho alimentado por mim e compartilhado com todos os colegas de redação. Um sonho que eu só consegui realizar graças a tudo o que vivi e aprendi com a Tribuna, que sempre reuniu profissionais talentosos e comprometidos com o jornalismo de verdade. Tenho muito orgulho de ter feito parte desse grupo por 11 anos. Era feliz e sabia, aliás, sempre tive certeza.

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