Quando os sonhos viajam no tempo e viram projeto vencedor
Leopoldo Siqueira, estagiário, repórter e editor da Tribuna entre 1981 e 1992
O salão lotado de empresários e políticos. O lançamento da Tribuna de Minas com “pompa” num clube de área nobre de Belo Horizonte. Paulo César Magella – atual editor-geral – foi o mestre de cerimônia que anunciou: o jornal rompia as fronteiras da Zona da Mata e se tornava estadual.
1981… 1987… eu estava lá!
No palco do anfiteatro do campus, despontava o jornalista e escritor Yvanir Yasbeck apresentando o novo diário. Recebeu uma extensa lista de candidatos.
Eu sonhava.
No jardim de inverno da casa da Rua Professor Antônio Aleixo, entrevistávamos os figurões que iam visitar a Tribuna. Um dia, recebi o promissor (e ainda pouco badalado) volante Moacir, do Atlético.
Ele sonhava.
A redação do recém-nascido jornal juiz-forano ficava num imenso salão da Esdeva, gráfica que a Solar comprou do SVD. Após as aulas na Faculdade, o estagiário feliz subia o morro da Rua Halfeld.
Eram dois andares, no Bairro de Lourdes, a casa onde a Tribuna se instalou na região Centro-Sul de Beagá. Tempos depois daquela reportagem especial de uma página, Moacir jogou pela Seleção Brasileira e foi negociado para o Atlético de Madrid.
A Tribuna modernizou a diagramação. E a redação de matérias, sob a batuta do jornalista e escritor Renato Henrique Dias. Investia no novo, nas grandes reportagens. Quando fui promovido a repórter especial pelo (saudoso) editor-geral Eloísio Furtado, cumpri outra inesquecível pauta: percorrer ruas, cantinhos, cabarés e afins para traçar um perfil da noite juiz-forana.
Na redação belorizontina, os teclados incessantes taquetateavam matérias de política (Márcio Fagundes, Eduardo Guedes), cidade (Walter Huamany, depois “O Globo”), economia (Valdo Cruz, hoje Globo News): jornalistas da capital. E o mais jovem editor de esportes – guindado quando Márcio Guerra não pôde mudar-se – continuava sonhando.
Chuva fina. Manhã de sábado. No Cemitério Municipal, pouquíssimas pessoas acompanhavam o sepultamento do Palhaço Arrelia. O repórter aguardava o filho famoso do artista circense. Seria a manchete da página principal do Esporte. Só que… Toninho Cerezo não apareceu. E a reportagem foi: a triste partida de quem arrancava gargalhadas e não recebeu o último aplauso.
Lagoa da Pampulha. O Cepel (Centro de Preparação Equestre) sediava o Concurso Hípico Internacional. Havia também um prêmio para a melhor cobertura jornalística. A minha série para a Tribuna ganhou o cheque do patrocinador. Uma poderosa construtora, que mais tarde se enrolou nas finanças e investigações. Mas… esta é uma outra história. A manchete aqui é “Tribuna, 40 anos: parabéns e obrigado!”.