Embora o câncer de mama seja predominantemente associado às mulheres, com uma incidência de 99 casos entre elas para cada um caso em homens, é importante lembrar que os homens também podem desenvolver essa doença, ainda que seja rara entre eles. Essa desatenção na busca por cuidados médicos pode levar a diagnósticos tardios, afetando negativamente o prognóstico de doenças.
O Coordenador do Serviço de Mastologia da Agência de Cooperação Intermunicipal em Saúde Pé da Serra (Acispes), Bruno Laporte, enfatiza que os principais sintomas do câncer de mama em homens incluem a presença de um nódulo palpável, especialmente localizado atrás da aréola. Mudanças no tamanho ou formato das mamas também podem ser sinais a serem investigados, embora sejam menos comumente associados à doença. Além disso, o especialista comenta que 10% dos casos de câncer de mama têm um componente hereditário, assim, em presença de casos na família, é altamente recomendável manter os exames atualizados.
O diagnóstico em homens é realizado da mesma forma que nas mulheres, utilizando ultrassonografia, mamografia e biópsias percutâneas. O tratamento também é semelhante, com critérios e opções para quimioterapia e radioterapia. Uma das principais diferenças se dá na cirurgia: a mastectomia é frequentemente indicada devido ao menor tamanho das mamas e à menor relação dos homens com a autoimagem em relação a essa parte do corpo.
Plínio Rodrigues, 68, enfrentou o câncer de mama e compartilhou sua experiência para alertar outros homens. Em 2021, ele notou um pequeno caroço na mama esquerda e procurou o Hospital do Câncer de Muriaé. Após três sessões de radioterapia, foi liberado, mas o câncer voltou, desta vez no lado direito, exigindo uma mastectomia total e 17 cirurgias, além de mais de 30 dias internado.
Agora recuperado, Plínio sempre enfatiza a importância de não ignorar pequenos sinais. “Homem também pode ter câncer de mama. Procure ajuda médica quando algo estiver errado.” Sua trajetória ressalta a relevância do Outubro Rosa, que, embora tradicionalmente focado nas mulheres, também deve acender um lembrete para os homens se atentarem à sua saúde.
Cuidados durante o tratamento
Para além dos métodos mais conhecidos para tratar o câncer de mama, a radioterapia e a quimioterapia, também existem outros cuidados, que muita das vezes, são esquecidos quando falamos do enfrentamento à doença o câncer. Vitória Batista, por exemplo, é cirurgiã-dentista atuante na área de odontologia oncológica e em entrevista à Tribuna, comentou a relevância dos cuidados bucais antes, durante e após o tratamento do câncer.
Antes do início da terapia, o dentista remove focos de infecção na cavidade bucal; durante o tratamento, foca na prevenção de infecções, mucosite oral e outras complicações e após a conclusão do tratamento, acompanhar a saúde bucal do paciente para evitar a ocorrência de possíveis transtornos.
Por fim, a dentista ressalta a importância de uma equipe multidisciplinar especializada, com psicólogos, dermatologistas, cardiologistas, entre outros profissionais da saúde, durante o tratamento. “Por meio da integração entre todos os profissionais, conseguimos obter uma melhor visualização do caso e, assim, traçar a melhor proposta terapêutica de acordo com a demanda do paciente. Isso contribui não só para o sucesso do tratamento, mas também para uma jornada mais leve para os pacientes que enfrentam um momento difícil”, finaliza.
*Estagiária sob a supervisão da editora Júlia Pessôa