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Entenda porque alergia respiratória, de pele e olhos piora no outono

alergia
(Foto: Reprodução/ Governo federal)
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A chegada do outono e do inverno contribui para o surgimento de diversos problemas de saúde, entre eles as alergias respiratórias, oculares e dermatológicas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que entre 30% e 40% da população mundial sofre com pelo menos um tipo de alergia. Os meses frios despertam ou pioram algumas dessas doenças. 

Segundo o alergista Ricardo Bedinelli, as principais alergias do trato respiratório nesse período são rinites, sinusites, adenoidite, faringite, bronquite e asma. Ele explica que os sintomas mais comuns são a coriza clara, às vezes nariz seco e, quanto mais seco, maior a possibilidade de sangramento nasal, espirros, entupimento do nariz, sensação de garganta seca, tosse, falta de ar, cansaço, chiado no peito. 

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Alergia piora na baixa umidade

No entanto, não são somente as alergias respiratórias que pioram com o frio, as oculares e as de pele também. Os médicos explicam que o frio, o tempo seco com a baixa umidade, a poeira e os altos índices de poluentes no ar são fatores que podem desencadear reações alérgicas. “Devido ao frio, as pessoas tendem a viver em ambientes mais fechados, o que dificulta a renovação do ar, facilitando assim o aparecimento de doenças não só alérgicas, mas das viroses do inverno também”, acrescenta Ricardo. Além disso, o convívio com animais domésticos – especialmente gatos -, o tabagismo, a falta de atividade física, má alimentação e hidratação podem piorar os sintomas. 

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Pele ressecada

Uma das razões para o inverno ser propício para aparecimento de quadros alérgicos na pele é o fato de tomarmos banhos mais quentes, assim como o eventual uso de roupas que estavam guardadas por muito tempo. A pele reage a condições climáticas produzindo mais óleo e hidratação no verão, e perdendo umidade no outono e inverno, ficando mais ressecada e sensível, informa a dermatologista Monique Damasceno Lougon. Esses fatores podem alterar a barreira de proteção da pele, o que favorece o surgimento de inflamações, como as dermatites, eczemas de pele (lesões reativas a picadas inseto, escoriações, reações alérgicas de contato), rosácea, psoríase, micoses e as urticárias. 

De acordo com o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), as alergias oculares afetam cerca de 20% da população. A oftalmologista Silvana Vianelo explica que os principais sintomas alérgicos são: sensação de areia nos olhos, vermelhidão, coceira, irritação, pálpebras inchadas, lacrimejamento e sensibilidade à luz, principalmente por um ressecamento. Segundo a profissional, devido ao clima, a região ocular da conjuntiva fica mais propícia às doenças alérgicas por causa da baixa lubrificação, o que pode ocasionar uma conjuntivite alérgica ou síndrome do olho seco.

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Como diferenciar alergias de inverno de sintomas de resfriado ou gripe?

Quando os sintomas respiratórios surgem durante o outono e o inverno, pode ser difícil distinguir suas causas de uma alergia, resfriado comum ou gripe. O alergista Ricardo Bedinelli informa que a principal diferença é a febre, pois os quadros alérgicos não têm esse sintoma. 

“O resfriado e a gripe têm febre. O primeiro é um quadro mais brando, e a pessoa consegue fazer as atividades diárias. A Influenza ou gripe é de maior gravidade, com febre muito alta, tosse intensa, queda do estado geral, praticamente impossibilita a pessoa de exercer as atividades diárias e pode complicar com pneumonia, otite, amigdalite, às vezes fazendo a pessoa internar para tratar a complicação”, explica. O médico também ressalta a importância de vacinar contra a Influenza, que é disponibilizada anualmente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) nos postos. 

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Como aliviar os sintomas? 

O alergista Ricardo Bedinelli explica que viver, trabalhar ou estudar em ambientes limpos, sem poeira, mofo, odores ativos, animais de pelo e fumaças pode ajudar a diminuir as alergias, assim como manter o ambiente arejado. Além disso, é importante manter uma alimentação saudável, com uma boa hidratação, e praticar atividades físicas. Ele também destaca que as pessoas devem evitar os exercícios ao ar livre entre 11h e 17h, pois nesses horários a umidade do ar é mais baixa. 

A dermatologista Monique Lougon ressalta que é preciso evitar banhos muito quentes e demorados, de preferência no dia a dia, usando o sabonete apenas em áreas necessárias. “Para diminuir esse ressecamento, é necessário investir na hidratação da pele, utilizando cremes e óleos que possuem propriedades hidratantes. Se possível aplicar na pele úmida, que absorve mais, reaplicando durante o dia nas áreas mais ressecadas. O uso do protetor solar também é imprescindível, já que, mesmo em dias nublados, a incidência de radiação pode ser alta”, acrescenta Monique.   

Os médicos também indicam evitar o contato direto da pele com roupas de tecidos sintéticos ou lã – que estimulam a coceira – usando uma blusa de algodão por baixo, além de lavar regularmente as toalhas e cobertores para evitar ácaros. Monique informa que, em caso de urticária, as pessoas devem se proteger bem do frio, usando até luvas e meias grossas, e manter o acompanhamento médico para diminuir os sintomas com remédios. 

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Compressa fria

Nos casos de alergias oculares, a recomendação da oftalmologista Silvana é fazer compressas frias e geladas, e lavar o olho com soro fisiológico gelado para diminuir a intensidade da alergia. “O primeiro cuidado quando o paciente tem quadro de coceira é que ele evite coçar, pois pode intensificar o processo alérgico. Nessa situação ocorre a granulação de células que são alergênicas, como os mastócitos e eosinófilos, responsáveis pela resposta alérgica. Quando coça, o atrito aumenta essa reação das células, causando a inflamação.” Ela também indica o uso de alguns lubrificantes oculares, mas alerta que é importante buscar um médico, pois os sintomas podem ser confundidos também com doenças virais, como a conjuntivite. 

Riscos da automedicação

Em caso de alergia aguda, os especialistas recomendam se afastar do que pode ser a causa (água muito quente, produtos químicos, por exemplo) e aumentar hidratação com cremes mais reparadores, no caso da pele, e em eventualmente utilizar antialérgicos. A dermatologista Monique Lougon ressalta que o corticoide não é considerado um antialérgico, mas um anti-inflamatório, devendo ser evitado por seus efeitos colaterais e interações medicamentosas, principalmente por quem já possui outras doenças. “Precisa ser prescrito por médico para não mascarar outros sintomas”, diz. O profissional da saúde poderá realizar testes de alergia e dar orientações adequadas para aliviar a alergia.

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Os médicos entrevistados pela Tribuna alertam para o perigo da automedicação nesses casos. “A diferença entre o veneno e o remédio é a dose, e o médico é quem sabe a dose e o tempo de tratamento, não o paciente”, afirma Ricardo Bedinelli. Ele conta que nas consultas é preciso saber se o paciente tem alguma outra doença, como pressão alta, problemas cardíacos, diabetes, glaucoma, pois existem antialérgicos que podem piorar os quadros, o que também é explicado pela oftalmologista nos casos de conjuntivite. 

Além dos corticoides, Ricardo também alerta para o uso indiscriminado e prolongado de descongestionantes nasais. Segundo o alergista, o produto pode levar a alterações nasais às vezes difíceis de serem revertidas e piorar algumas doenças. 

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