Do tupi-guarani, moranga (ou poranga) significa belo. E é mesmo bonito ver esse legume tão laranja, por dentro e por fora. A própria cor é bem única. Tudo justifica essa associação: moranga é belo. E foi vendo uma publicidade que tinha essa cor da moranga, mais especificamente de purê de moranga, que Marcelo Duarte decidiu que esse seria o nome de seu restaurante. Muito por causa da cor, mas mais ainda por causa dessa representação do belo e da comida que é tão mineira – como ele queria que fosse seu estabelecimento.
A história de Marcelo com a gastronomia, no entanto, é mais recente. O Moranga surgiu há cerca de três meses. “Mas eu sempre estive envolvido com a gastronomia. Moleque, já morando no Jardim Glória, onde morava todo mundo, minha família toda, na época do verão, por exemplo, eu já fazia chup-chup para vender para a molecada. E começou assim, com essas coisas pequenas. “Em casa, as referências foram das mais variadas: da comida do dia a dia da mãe e das avós até os encontros recorrentes da família toda, em que seu pai fazia um feijão tropeiro em uma panela que ocupava o fogão todo. E esse costume de reunir todo mundo se estende também aos amigos – e, aí sim, Marcelo assumia o fogão (ou a churrasqueira).
Em uma época, sempre curioso, ele passou a frequentar algumas aulas de gastronomia. Era a primeira turma desse curso no ainda Ces, hoje, Uniacademia. O coordenador de curso havia sido seu professor quando fez Turismo, em outra instituição. E ele teve esse aval para estar em sala de aula: tudo de curioso mesmo. Fazia as aulas práticas, chegou até a viajar para ajudar os chefes-professores. Tudo isso comprova que, independente do momento, Marcelo sempre esteve envolvido com a gastronomia.
Passou um tempo em Três Rios, onde também teve um pequeno negócio em que fazia almoço e mais uns salgados para vender. Sempre trouxe consigo essa junção: as referências familiares mais o que aprendeu (mesmo que à paisana) nesse tempo frequentando as aulas de gastronomia. “Eu sempre gostei, sempre saquei muito. A sala de aula e a vivência com esse pessoal me ajudou a ter repertório. Eu já fiz muita coisa, nesse tempo.” E esse “muita coisa” inclui, inclusive, coisas fora da cozinha, mas ela sempre esteve à vista.
Voltando a Juiz de Fora, na pandemia, tornou-se gerente em um bar/restaurante de uma amiga. Foi, para ele, o lugar onde conseguiu aprender, de fato, o que era ser o responsável por um estabelecimento. E, lá, dia e noite. A ideia não era sair. Ele gostava dessa função e, vez ou outra, dava jeito de entrar na cozinha e ajudar. Até que surgiu a oportunidade de assumir esse ponto, bem na parte alta da Rua Halfeld. “Eu sempre tive essa coisa de querer empreender. Sempre trabalhei também. E eu queria uma coisa minha. E meus amigos também sempre falaram que eu tinha que ter uma coisa que fosse minha cara. Aí surgiu a oportunidade desse ponto, que já era um restaurante, mas os antigos donos não estavam querendo mais. Quando eu fiquei sabendo, me interessei. E na segunda eu almocei aqui e já decidi que viria mesmo.”
Ele tinha uma coisa na cabeça, e a realidade é outra. É ele por ele, no fim das contas: quem supervisiona tudo, pensa nas receitas, nos pratos, na lista de compras, ainda fica de caixa, de atendente, e por aí vai. “Apesar de já ter tido outros negócios meus, isso aqui eu não tive. E está sendo uma experiência muito louca. É uma experiência diferente porque tudo sou eu. E a cozinha é estressante”, ri. É estressante, mas ele gosta. Tanto que sente falta de estar ainda mais dentro da cozinha.
Mas ele ainda está lá e dá jeito de se fazer presente. Tanto que o cardápio é reflexo disso. “No cardápio tem exatamente coisas que eu gosto. São, geralmente, umas três opções. Mas cada dia é de um jeito mesmo. Eu trago umas outras coisas de referências da minha família também. Então, eu ainda vou para a cozinha, sim. Eu gosto demais, demais. E é minha, né?”, ri. E por causa disso tudo ele decide ensinar a receita do purê de moranga: tão significativa para o restaurante e, então, para sua história. A dica é ainda, no purê, colocar um bacon em cubos que dá um sabor especial. Pode ser linguiça também. No Moranga, ele serve a receita em um prato feito com arroz, feijão, bife e salada. Mas a combinação também é caminho para a imaginação.
Purê de Moranga
Por Marcelo Duarte
Ingredientes
500 gr de moranga descascada
1 colher de sopa de manteiga
1/2 xícara de chá de cebolinha picada
100 gr de bacon em cubos
Sal e pimenta a gosto
Modo de preparo
Cozinhe a moranga em água salgada. Frite o bacon e reserve. Quando a moranga estiver macia, escorra a água, e, com um amassador de batatas, amasse 3/4 da moranga cozida. Misture todos os ingredientes com a moranga ainda quente. Corrija o tempero e sirva, sozinha ou com o acompanhamento de sua preferência.
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