Houve o churrasco e, antes deste, o hambúrguer. Hoje existe o almoço e as carnes defumadas. A constante sempre foi a batata. Quem anda pela Avenida dos Andradas, 185, percebe isso mesmo que de passagem. Está ali, bem no nome: Batata D’Mola. De dentro, o fundador do restaurante de dia e bar pela noite, André Cassani, rememora sua trajetória enquanto observa o movimento mudar.
“Sempre gostei de cozinha. Cheguei a fazer alguns cursos, queria ter uma hamburgueria. Depois, queria montar um churrasquinho. Um amigo me mostrou a batata de mola na internet. Acho que ela vem da Coreia ou do Japão. Lá é como se fosse a pipoca de esquina que existe em Juiz de Fora.” Ao fundo, “Já deu certo”, de Péricles, toca. A música também lembra André de seus primeiros anos e as dificuldades que enfrentou.
Achando interessante essa forma de preparar a batata, decidiu fazer alguns testes em casa. Gostou. Percebeu que poderia apostar nisso. A primeira coisa que fez foi entrar em contato com uma franquia do sul do país e comprar um carrinho para virar ambulante. “Nisso peguei alguns macetes, fui para rua e trabalhei em eventos. Vendia umas 100, 120 batatinhas na rua. No ano que comecei com carrinho, perdi meu pai. Ele chegou a comer, falou: ‘Você vai se dar bem com essa parada’. No mês que ele morreu, fui para o meu primeiro evento. Estava desanimado. Fui aos trancos e barrancos, bem destruído. Não tinha vontade de sair de casa, mas por ter marcado, fui. Isso me fez distrair um pouco. Nesses dois, três primeiros anos apanhei muito. O que faz você ficar forte é apanhar. Bater, todo mundo sabe. Hoje já não é qualquer coisa que me baqueia”.
Foi “superando as batalhas da vida”, como canta Péricles e André conta, que a Batata D’Mola foi indo. Após alguns problemas com a fiscalização da Prefeitura, o fundador da casa começou a trabalhar em uma loja, ao lado do casarão onde hoje está fixado. O cardápio começou a expandir para além do cargo chefe: macarrão na chapa, salsicha americana, milkshake e por aí vai.
Apesar das dificuldades financeiras e ainda vivenciando o luto, as coisas começaram a confluir. Nessa época, percebeu o fluxo de trabalhadores e decidiu apostar na montagem do restaurante, com self service. No mesmo período, o casarão vagou e pegou o espaço em que hoje está. A batata ia evoluindo. “Na qualidade e na crocância nossa, ninguém faz.”
Antes, feita com batata asterix, passou para um outro fornecedor, do Rio de Janeiro. Mesmo que já não precisasse do prato, por não ser tão rentável como outros da casa, a mantinha. “Devo muito à batata”, revela.
Veio a pandemia e com ela diversas agruras. Sem menosprezar tudo o que ocorreu no período, escolhe outros versos de Péricles para cantarolar, enquanto assiste o vapor da carne defumando subir pela rua: “Agradeço sempre ao acordar/ o pão nosso do dia a dia/ superando as batalhas da vida/ o remédio melhor é a alegria”.
“Foi muito difícil conquistar isso. Tenho que valorizar o que tenho, os clientes que tenho, o público que formei e os funcionários. Quero, em uns dois anos, montar uma segunda unidade. Lançar os hambúrgueres, voltar com o chopp, colocar uma área kids. Depois disso tudo, penso na segunda unidade.”
Batata de Mola
Ingredientes
1 batata asterix
2L de óleo
1 espeto de batata
Modo de preparo
Pegue a batata asterix e espete, aos poucos, em um palito de churrasco. O ideal é que a batata não fique muito solta nem muito alargada no palito, então, usar uma estrutura metálica da mesma espessura/largura do palito, como uma chave de fenda, pode ajudar no processo. Nesse meio tempo, deixe o óleo fervendo à 150 ºC. Aos poucos, corte a batata de forma espiralada, distribuindo-a pelo palito de forma que ela vá deslizando. Após fazer isso, coloque-a na panela com óleo. Ela deve ficar completamente submersa. Gire entre duas e, no máximo, quatro vezes. Terminado esse processo, coloque sal e o acompanhamento que preferir! A recomendação, é fazer com queijo parmesão e maionese da casa.
*Estagiário sob supervisão da editora Cecília Itaborahy.