O doce sabor de uma torta pode trazer muitas lembranças. Quando era pequeno, Bruno costumava frequentar o sítio dos avós maternos, onde se reunia toda a família. Atrás do campinho de futebol, havia uma horta e, do outro lado, uma porção de árvores frutíferas, que seu pai, Maurício, tinha prazer de cultivar: jabuticaba, goiaba, manga, abacate… E perto da cerca, que impedia as crianças de chegarem ao rio que margeava a propriedade, havia uma bananeira. Era ali que seu pai colhia as bananas que se tornavam o recheio da famosa banoffee.
“A alegria do meu pai era cuidar das plantas. Todo fim de semana, vínhamos carregados de frutas, e minha mãe inventava moda de doces e tortas para aproveitar”, conta o gastrônomo Bruno Alves, 43 anos, que se inspirou nos pais e hoje ganha a vida com o que faz de melhor: comida com memória afetiva. “Às vezes, chegamos a algum lugar que tem uma comida simples, mas que remete à infância e conquista na hora”, observa.
Com o pai, já falecido, Bruno aprendeu a fazer as típicas comidas árabes. Com a mãe, Silvia, descobriu os segredos sobretudo das famosas tortas da família. Sem poder estudar gastronomia em sua época, ele se formou engenheiro civil e trabalhou na área, até a chegada do tão sonhado curso em Juiz de Fora. Largou tudo para recomeçar sua carreira e fez parte da primeira turma do CES, formada em 2010. Desde então, passou por diversos restaurantes, pizzaria, brigaderia, e era chef de cozinha na Vó Sinhá até o ano passado.
Este ano, em meio à pandemia, Bruno recuperou as receitas da família, readaptou as melhores tortas, fabricou e distribuiu entre os amigos para fazer um teste. As aprovações o motivaram a abrir seu próprio negócio, chamado La Torteria (@la.torteriajf). No cardápio, está a torta banoffee, marcada pela lembrança das bananas que seu pai colhia, além de outros doces, como as tortas de morango (monoffee), chocolate (chocolove), alemã, amendoim, comercializadas inteiras e em fatias.
“Minha mãe fazia essa torta como se fosse um pavê. Depois que comecei a estudar, descobri que essa é uma receita inglesa, feita com caramelo, em vez do doce de leite. Essa torta tem uma combinação perfeita de sabor: o chantilly suave, o doce de leite, as bananas naturais picadas e a massa de biscoitos. Toda vez que estou na cozinha e sinto o cheiro da massa do biscoito assando com as bananas, me lembro da época em que íamos para a roça”, conta.
Conduzindo sozinho os processos da produção até a entrega, e tendo a esposa como ajudante nas redes sociais, Bruno sonha em ver seu negócio crescer ao longo dos anos. Seu plano é que a La Torteria se torne um café, onde as pessoas possam se reunir para fazer lanches diversos. Um lugar para se divertir, curtir o ambiente e o prazer da gastronomia.
Torta Banoffee
Por Bruno Alves
Ingredientes
Massa
200g de biscoito de maisena
150g de manteiga sem sal
Recheio
600g de doce de leite (encorpado)
6 bananas nanicas aproximadamente
Cobertura
250ml de creme de leite fresco bem gelado
2 colheres de sopa de açúcar de confeiteiro
50g de leite em pó
Cacau em pó para polvilhar
Modo de preparo
Triture o biscoito no liquidificador, transfira para uma vasilha e misture a manteiga já derretida até formar uma massa. Em uma fôrma redonda de fundo removível de 25cm de diâmetro, cubra todo o fundo e a lateral até a metade da sua altura. Molde bem a massa de biscoito apertando com os dedos para formar uma base bem firme. Leve para assar em forno preaquecido a 180°C por dez minutos. Retire e deixe esfriar.
Cubra a base com o doce de leite. Em seguida, disponha as bananas cortadas ao meio em sentido longitudinal ou rodelas.
Na batedeira, bata o creme de leite bem gelado com o açúcar de confeiteiro, em velocidade média até dar ponto de chantilly firme. Com a batedeira na velocidade lenta, acrescente o leite em pó aos poucos até deixar o chantilly mais firme. Cubra a torta com todo o chantilly e polvilhe o cacau em pó por cima.
Leve à geladeira por pelo menos duas horas. Depois desenforme e sirva.