Há 29 anos, Marta Andrade começou a trabalhar em um bar para que fosse possível terminar a faculdade. O que era um bico, no entanto, se revelou paixão que a acompanhou desde então pelas noites de Juiz de Fora, sempre de olho no balcão. Os ingredientes que a cercavam e a vontade de experimentar guiaram a invenção do “Mineirin”, um drink de sua autoria, e que aproveita a base do “Bombeirinho”, drink clássico dos anos 80, para criar algo novo. Nesta nova bebida, ela usa cachaça e outros ingredientes brasileiros para fazer uma bebida que seja leve, refrescante e que traduz justamente o que ela mais gosta de fazer quando está nessa função. Para melhorar, o drink também é fácil de fazer e uma boa pedida para quem ainda duvida da versatilidade da cachaça.
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“Queria mostrar que cachaça não tem que ser aquela coisa forte, sabe? Que tem sabor”, explica Marta. A partir disso, ela se lembrou do drink Bombeirinho, que costumava ser pedido durante à noite, e que levava groselha como um dos ingredientes. Ela resolveu, então, mexer um pouco na receita para que fosse mais fácil fazer o drink: ao invés da groselha, usa o licor de hibisco, que ao contrário do que pode parecer, não amarga em nada a bebida. “O hibisco é muito refrescante, e a laranja e o limão dão esse contraponto”, conta. Além disso, o drink também chama atenção pela cor, um vermelho rosado, e pela praticidade de poder ser servido em qualquer copo com gelo.
Para ela, essa é também uma forma de valorizar a brasilidade e os ingredientes típicos da baixa coquetelaria. Não por acaso, foi o primeiro drink que ela criou e que realmente gostou do resultado. Na época que começou, o acesso a receitas de coquetelaria não era nada fácil, e por isso foi preciso de muita tentativa e erro para chegar aos resultados que queria. “Comecei a estudar. Veio a internet, e a gente que trabalha nessa área teve um acesso bem maior. E como sou uma pessoa da noite, adoro rock, sempre gostei de sair e ir em bares. Gosto de ficar sentada no balcão, mesma antes de trabalhar com isso, prestava atenção e ia perguntando”, relembra.
Apesar de ter começado quando um amigo a disse que precisava de ajuda em seu bar, e naquela época não saber de nada sobre bebidas, a mistura dos ingredientes foi proporcionando a ela uma experimentação que dava gosto. Poder pegar ingredientes como a cachaça, tão brasileira, além de frutas tipicamente do país, como melancia e manga, fez com que ela percebesse que era possível inovar. “Não é porque é nacional que é ruim, muito pelo contrário. E também não é porque é do botequim que é pior. A gente tem que valorizar o que temos”, ressalta.
O “Mineirin”, então, marca também o começo dessa trajetória na cozinha – ou, melhor, no bar. Desde que começou, Marta já trabalhou durante anos no Café Muzik, deu consultoria para diferentes bares em Juiz de Fora e, hoje, trabalha no Vizú, onde o “Mineirin” fica no cardápio. Para quem quer fazer em casa, ela garante: “É fácil. E fica uma delícia com uma feijoada ou pizza de calabresa, por exemplo. Combina muito bem com tudo!”, conta.
Para quem quer fazer a receita de forma ainda mais completa, Marta também indica como fazer o próprio xarope de hibisco. Confira abaixo a receita e o modo de preparo:
Ingredientes:
50 ml de cachaça
25ml de suco de limão
25 ml de suco de laranja
25ml de xarope de hibisco
Modo de fazer:
Os ingredientes devem ser separados na proporção correta, com os sucos já espremidos. A cachaça utilizada pela coqueteleira é um blend da amburana com a de carvalho, mas ela afirma que pode ser utilizada qualquer uma que tiver em casa. Depois de colocar os ingredientes no copo, eles devem ser bem misturados e, posteriormente, colocados no copo com gelo. Ao final, é preciso cortar uma lasca de laranja.
Ingredientes xarope de hibisco:
100ml de água filtrada
100g de açúcar refinado
2 copos americanos de hibisco
Modo de fazer:
Em uma panela ou canecão coloque a água filtrada e o açúcar refinado. Leve ao fogo baixo, mexendo até a água ficar transparente. Desligue o fogo e acrescente o hibisco. Tampe e deixe esfriar. Quando o líquido estiver frio, coe e transfira para uma garrafa. A validade é de 20 a 30 dias.